Living Colour: Há 33 anos era lançado o premiado “Time’s Up”
Há 33 anos, em 28 de agosto de 1990, o Living Colour lançava “Time’s Up“, o segundo álbum da carreira deste sensacional quarteto de Nova Iorque e que tema do nosso papo de hoje.
A banda vinha do sucesso retumbante que foi o disco de estreia, “Vivid” e a expectativa criada sobre eles era imensa. Em compensação, a responsabilidade também aumentava. Para isso, a banda trouxe convidados altamente gabaritados para ajudar a deixar esse play mais especial: Little Richard, Queen Latiffa, Dough E. Fresh, Maceo Parker, James Earl Jones, além de Mick Jagger, que descobriu a banda e produziu o álbum anterior também participou aqui.
Com a ajuda destes convidados de peso, o quarteto se juntou ao produtor Ed Stassium e todos foram para os estúdios A&M, em Hollywood e também ao RPM, em Los Angeles, por onde ficaram entre os anos de 1989 e 1990 e de lá saíram com essa pérola, que tem o Hard Rock como estilo predominante, mas que viaja por outras vertentes como o Funk Metal, o Jazz e até mesmo a música latina. Vamos sem mais delongas, navegar pelas quinze faixas contidas neste “Time’s Up“.
A faixa título chega mostrando o poderio da banda, em uma música pesada, que começa meio Hardcore e depois tem a inserção de partes mais grooveadas. Um excelente início. A segunda faixa, “History Lesson” é uma breve intro e logo temos “Pride“, um Hard Rock com estrofes densas é um refrão bastante melódico. Brilha a voz de Corey Glover.
A seguir, temos um dos maiores clássicos da banda: a pesadíssima “Love Hears It’s Ugly Head“, que além do peso, traz elementos jazzísticos e partes mais bluesy, em mais uma amostra do quão criativos são estes rapazes. O Hard Rock retorna em “New Jack Theme“, que traz batidas psicodélicas do grande Will Calhoum, e também boas bases executadas por Vernon Reid.
“Someone Like You” aposta nas bases melódicas e isso valoriza por demais a voz de Corey Glover. É um bom momento do álbum. O momento fica ainda melhor com as próximas duas faixas a seguir: “Elvis is Dead” e “Type“. A primeira é um baita Hard Rock e quem dá o espetáculo é o baixista Muzz Skillings, tendo Vernon Reid acrescentando riffs swingados na guitarra, participação de Little Richard no vocal e um belo solo de saxofone. A segunda, é considerada por mim como a melhor faixa disparada do play e uma das melhores de toda a carreira do Living Colour. Ela mantém a pegada Hard Rock da faixa anterior, com um refrão cheio de melodias. Certamente o ponto alto do play.
Uns efeitos chatos se guitarra na introdução ameaçam a faixa “Information Overload“, que felizmente se desenvolve bem e vai crescendo com seu peso e as batidas precisas de Will Calhoum. Com seus seis minutos de duração e várias passagens, ela mais se parece um Rock Progressivo, mas não, é apenas um Hard Rock com o selo de qualidade do Living Colour. “Under Cover of Darkness” traz de volta as veias jazzísticas da banda em uma ótima canção, que conta com a participação da diva Queen Latiffa. “Ology” é um breve instrumental com pouco mais de um minuto onde brilham a guitarra de Vernon Reid e o baixo de Muzz Skillings.
“Fight the Fight” começa com ares de balada, mas logo logo se transforma em um Hard Rock com uma levada b bacana protagonizada pelo batera Will Calhoum. O funk/ Hip-Hop que estavam fazendo falta até então, aparece na pequena intro “Tag Team Partners“, que logo dá espaço para a linda balada “Solace of You“, que tem ritmos latinos, se transformando também em um dos destaques do play, ainda que não seja uma canção de Rock.
“This is the Life” tem uma introdução bem longa e a medida que se desenvolve, mostra uma canção densa e até relativamente pesada. É outra canção com mais de seis minutos e o álbum se despede com o clima melancólico desta música, tendo um refrão que gruda. E em 57 minutos temos um álbum bem acima da média e que soa mais intimista do que o play de estreia. Pode não ter superado o aclamado “Vivid“, mas chega bem perto dele.
“Time’s Up” recebeu críticas favoráveis e boa receptividade do público. O Brasil recebeu a banda, durante a tour deste álbum e foi na edição de 1992 do saudoso Hollywood Rock. Este foi também o último álbum a contar com a participação do baixista Muzz Skillings, que foi substituído por Doug Wimbish, que segue com a banda até os dias atuais.
O aniversariante do dia teve bom desempenho nos charts mundo afora: 10° na Nova Zelândia, 11° na Suíça, 13° na “Billboard 200” e na Noruega, 15° na Austrália, 20° no Reino Unido, 24° na Holanda e 56° na Alemanha. A faixa título garantiu o Grammy Awards na categoria “Melhor Performance Hard Rock” no ano de 1991, o que acabou conferindo o bi para a banda, uma vez que em 1990, eles haviam faturado a mesma premiação com a música “Cult of Personality“, do álbum “Vivid“. Os adversários eram páreos duros: ‘Epic“, do Faith no More, “The Razor’s Edge“, do AC/DC, Mötley Crue e o Jane’s Addiction.
Enfim, um ótimo álbum para quem tem a mente aberta e curte um bom Hard Rock infusionado com outros estilos que só enriquecem e dão uma identidade própria para uma banda que optou em inovar em sua sonoridade. Felizmente a banda ainda está na ativa, sobrevivendo a essa pandemia interminável. Em 2019 eles estiveram no Brasil, comemorando os 30 anos de “Vivid“. E a nossa expectativa é de que eles possam repetir a dose, desta vez celebrando as três décadas deste maravilhoso “Time’s Up”, que hoje deve ser escutado no volume máximo. Longa vida ao Living Colour, a banda que devolve o Rock and Roll para aquela etnia que criou o estilo, os pretos. Os arianos piram com isso. Azar o deles.
Time’s Up – Living Colour
Data de lançamento – 28/08/1990
Gravadora – Epic Records
Faixas:
01 – Time’s Up
02 – History Lesson
03 – Pride
04 – Love Hears It’s Ugly Head
05 – New Jack Theme
06 – Someone Like You
07 – Elvis is Dead
08 – Type
09 – Information Overload
10 – Under Cover of Darkness
11 – Ology
12 – Fight the Fight
13 – Tigh Team Partners
14 – Solace of You
15 – This is the Life
Formação:
Corey Glover – vocal/ guitarra base em “Type”
Vernon Reid – guitarra
Muzz Skillings – baixo
Will Calhoum – bateria
Participações especiais:
Little Richard – vocal
Queen Latiffa – vocal
Akbar Ali – cordas
Charles Burnham – cordas
Don Byron – clarinete/ saxofone/ barítono
Annette Daniels – vocais adicionais
D.K. Dyson – vocais adicionais
Eileen Folson – cordas
Dough E. Fresh – percussão/ vocais adicionais
Mick Jagger – vocais adicionais
Toshinobu Kubota – vocais adicionais
Yubie Navas – vocais adicionais
Maceo Parker – saxofone
Alva Rogers – vocais adicionais
Rosa Russ – vocais adicionais
Reggie Workman – cordas
Derin Young – vocais adicionais