Lorna Shore – “Pain Remains” (2022)

O Lorna Shore tem galgado um caminho grande, mesmo em meio a algumas dificuldades em sua estrada desde muito cedo. Se vendo em meio a um turbilhão com seu antigo vocalista CJ McReery e uma grave denúncia de abuso sexual contra mulheres, o grupo se perguntou se morreria bem em um momento crucial seu.

Mas foi assim que ele “tropeçaram” em Will Ramos, que tem se tornado o maior atrativo aqui há um tempo. O vocal do cara é algo realmente assustador, mesmo para o mais familiarizado com o extremo. O negócio é tão bizarro que o jovem teve sua garganta investigada por médicos para saber se havia algo anormal que o fizesse reproduzir todos esses sons. E foi assim que em 2022 eles chegaram com o seu novo registro, “Pains Remains“, que é um brutamontes cinematográfico em seu todo, e causa assombro ao ouvinte, por mais que não seja o maior ardoroso da banda, assim como eu próprio.

Welcome Back, O’ Sleeping Dreamer” abre avassaladora e não consigo achar outra palavra, já me repetindo, do que assombroso para adjetivar a faixa. Com o início sinfônico, a música cai como uma bomba quando a banda surge em seu completo, e Ramos ganha a atenção para si, fazendo sua voz soar de Smeagol a um Uruk-hai e o instrumental, com a força de um meteoro a quilômetros em velocidade, no meio de breakdows e quebras que nos jogam em um mar de confusão. “Into the Earth” é grandiosa desde o seu começo, com ares densos de climas monstruosos e um solo insano. Fechando a trinca “inaugural”, “Sun//Eater” é um interlúdio “hollywoodiano” para “Cursed to Die”, que encerra as boas vindas de forma monstruosa e conseguindo achar uma melodia incrível em meio a tanta “porrada”. “Soulless Existence” segue uma veia mais tradicional dentro da música extrema e ganha a atmosfera do death metal melódico, e por essa “simplicidade”, acaba ganhando destaque dentro do conjunto aqui, e seus teclados atmosféricos são hipnotizantes, poderia dizer que a mim, foi a que mais conquistou na audição do todo. O disco segue sendo a parede de chumbo que promete no início, encerrando com a trilogia conceitual que carrega o nome do registro, mas que parece não soar necessariamente sendo dependente de três partes, prolongando um final que poderia ser mais enxuto.

“Pain Remains” não é um disco perfeito, mesmo que aclamado como foi em 2022, sendo eleito o melhor do ano em diversos veículos. Há derrapadas na consistência da obra, que por se tratar de músicas extremas, pedia algo mais dinâmico e rápido, com algumas faixas ali soando além do necessário em seus quase 7 minutos, e que acaba tirando o impacto das três faixas iniciais. A produção master da obra a engradece, a enche, mas ao mesmo tempo, sentimos falta de algo do orgânico, o que me fez se encantar pela faixa mais “simples” como citado acima. Mas para além disso, é inegável o cuidado e o esmo que o Lorna Shore teve em criar o seu “áudio filme”, e seja por curiosidade ou apreço, o resultado é no mais, positivo e continua desbravando o caminho pela frente, que ainda produzirá mais pegadas.

NOTA: 7

Marcio Machado

Formado em História pela Universidade Estadual de Minas Gerais. Fundador e editor do Confere Só, que começou como um perfil do instagram em 2020, para em 2022 se expandir para um site. Ouvinte de rock/metal desde os 15 anos, nunca foi suficiente só ouvir aquela música, mas era preciso debater sobre, destrinchar a obra, daí surgiu a vontade de escrever que foi crescendo e chegando a lugares como o Whiplash, Headbangers Brasil, Headbangers News, 80 Minutos, Gaveta de Bagunças e outros, até ter sua própria casa!

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