Max Cavalera revela como o Deftones o ajudou a superar a morte do enteado e renascer com o Soulfly

O músico brasileiro Max Cavalera abriu o coração sobre um dos períodos mais difíceis de sua vida e contou como a amizade com o Deftones foi decisiva para que ele conseguisse seguir em frente após a morte do enteado Dana Wells, em 1996. Em entrevista ao Louder Sound, Cavalera relembrou o luto, a depressão e o processo de reconstrução pessoal e artístico que culminou na formação do Soulfly.

“Foi uma época muito estranha para mim. Foi meu primeiro álbum desde que saí do Sepultura e o primeiro álbum após a morte do meu enteado, Dana. A primeira coisa que fiz depois disso foi trabalhar com o Deftones, que era amigo do Dana. Eles estavam lá no funeral dele – Chino [Moreno] foi, na verdade, um dos carregadores.”

O convite dos Deftones para gravar a faixa Headup, no álbum Around the Fur, foi um ponto de virada. “Eles me convidaram para cantar Headup no Around the Fur, e foi aí que eu criei a palavra ‘Soulfly’ — ‘Soulfly / Voe alto / Soulfly / Voe livre’. Tudo começou a partir daí”, explicou.

A experiência inspirou o nascimento do Soulfly e a composição de Bleed , uma das músicas mais intensas e pessoais de sua carreira. “Eu montei o primeiro álbum do Soulfly bem rápido; eu tinha demos como Eye For An Eye e No Hope = No Fear, mas enquanto estávamos no estúdio, senti que precisava prestar mais homenagem ao Dana. Então, pensei em Bleed, porque era assim que todos nós estávamos nos sentindo. Todos nós ainda sofríamos, ainda sangrávamos, por causa da morte dele.”

Cavalera detalhou o peso emocional das letras: “Foi construído em cima de um groove muito legal, mas foram as letras que o tornaram realmente pesado. Letras como ‘Veja uma mãe chorar, veja um irmão chorar’… era essa merda que acontecia na minha casa. Eu andava por aí e via a Gloria [Cavalera] chorando e via as crianças chorando. Foi uma época muito difícil. Tive que colocar aquilo na música.”

O músico também confessou que, meses antes da colaboração com o Deftones, havia desistido da música e se entregado ao álcool e às drogas. “Seis meses antes, eu estava com raiva do Dana, com raiva do Sepultura. Eu estava vivendo num quarto escuro, bebendo e usando drogas, e estava farto da música. Meu coração estava partido demais para pensar nisso — eu simplesmente mandei todo mundo se foder e quis apenas ficar bêbado. Se não fosse pelo Deftones, não sei o que teria feito. Foi difícil e trabalhoso de fazer, mas foi uma grande catarse e uma ótima terapia para mim.”

A tragédia que marcou essa fase ocorreu em 16 de agosto de 1996, quando Dana Wells, enteado de Max Cavalera, morreu em um acidente de carro em Phoenix, Arizona. O luto e a recuperação pessoal acabaram moldando o início de uma nova era na vida e na obra de Max.

O Soulfly lança seu próximo disco “Chama” na próxima semana e você já pode conferir a resenha aqui.

Marcio Machado

Formado em História pela Universidade Estadual de Minas Gerais. Fundador e editor do Confere Só, que começou como um perfil do instagram em 2020, para em 2022 se expandir para um site. Ouvinte de rock/metal desde os 15 anos, nunca foi suficiente só ouvir aquela música, mas era preciso debater sobre, destrinchar a obra, daí surgiu a vontade de escrever que foi crescendo e chegando a lugares como o Whiplash, Headbangers Brasil, Headbangers News, 80 Minutos, Gaveta de Bagunças e outros, até ter sua própria casa!

2 thoughts on “Max Cavalera revela como o Deftones o ajudou a superar a morte do enteado e renascer com o Soulfly

  • outubro 19, 2025 em 1:31 pm
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    Amigos, música ajuda vc a tentar superar sobre determinada pressão ou tristeza. Abraços!

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