Max Cavalera sobre o próximo álbum do Soulfly, “Chama”: “É aquela sensação de estar pronto para a batalha”

Max Cavalera falou em entrevista ao Dr. Music, sobre o novo disco do Soulfly, “Chama”. Ele diz:

“Tem sido uma jornada, mas acho que, mais do que nunca, me senti realmente inspirado por este disco, talvez por ser nosso décimo terceiro. Fuçamos fundo na essência original do que o Soulfly é, na realidade, porque o Soulfly foi criado como uma entidade que abraçaria grooves tribais e espiritualidade, e acho que este disco tem ambas as coisas de forma contundente. Mas também é moderno, porque acho que a produção do Zyon [Cavalera, baterista do Soulfly — e meu filho] e do Arthur [Rizk] deu ao disco um toque moderno também.”

Sobre a origem do título Chama, inspirado por Alex Pereira, lutador brasileiro de MMA, que vem usando a faixa Itsári, da antiga banda de Max, o Sepultura, em suas entradas no UFC. Em Xavante, itsári significa “raízes”, e é uma faixa instrumental que homenageia tradições brasileiras.

“Aquele momento foi enorme para mim. Eu nunca tinha vivenciado algo parecido, e pude viver isso com meu filho Zyon, que é um grande fã de UFC — assistimos ao vivo e eu senti arrepios. E o [Alex] entra ao som de ‘Itsári’, faz o gesto do arco e flecha e solta o grito ‘Chama’. E aquele instante me atingiu fundo. Eu pensei: ‘Fui inspirado por esse cara. Fui inspirado por esse momento. Quero fazer um disco para celebrar essa inspiração.’ Então é isso que Chama é.”

Ele prosseguiu:

“‘Chama’ é uma celebração de sentir-se inspirado novamente. Porque é algo difícil, cara, sentir-se inspirado, especialmente depois de gravar tantos discos como eu. Vai ficando cada vez mais difícil, e mais fácil é simplesmente… fazer qualquer coisa, lançar qualquer disco. E eu não me satisfaz com isso. Mesmo que, da forma como eu vejo as coisas, eu não tenho nada a provar a ninguém mais, ainda tenho bastante combustível no tanque, então sabe o que? Eu vou te provar algo. Essa é a sensação… É aquela vibe de estar pronto para a batalha, especialmente em ‘Storm The Gates’ e ‘No Pain = No Power’.”

Sobre No Pain = No Power, ele explicou a inspiração:

“É realmente influenciado por todos aqueles atletas entrando na guerra do octógono do UFC, ou até um jogador de futebol que tem que jogar com dor para conseguir a força para o touchdown. Você vê isso na TV, e é legal. Acho que estava acessando aquela emoção de que, sem dor, não existe poder. Eles coexistem. Um se alimenta do outro. Sem dor, você nunca alcança o poder e nunca terá a glória. Essa é a ideia da música.”

Max ainda destacou a autenticidade das letras desse álbum:

“E era legal, porque acho que isso conecta com um autêntico Soulfly — voltar a cantar sobre coisas que eu conheço, ao contrário de algumas letras de outros discos que eram mais etéreas e meio sem sentido. Agora este disco tem letras mais pessoais, sobre coisas com as quais realmente me conecto. Eu acredito nessas letras, acredito no que estou dizendo.”

E completou com uma reflexão poderosa sobre a expressão no metal:

“Tem uma coisa sobre o metal. Acho que quando você está gritando o que acredita, seu grito se torna mais poderoso do que quando você está dizendo algo que não faz sentido ou que ninguém sabe o que você está gritando. Se você está gritando algo que realmente acredita — como acho que é uma velha citação do rock and roll: ‘mean what you say, say what you mean’. Sabe, esse tipo de coisa. Então eu estava explorando tudo isso, mas [é um disco] realmente nascido para a batalha. Está pronto para a batalha do início ao fim. E até nos momentos mais calmos, ele ainda é legal porque faz você prestar atenção.”

O Soulfly lança “Chama” em 24 de outubro de 2025, via Nuclear Blast Records.

Marcio Machado

Formado em História pela Universidade Estadual de Minas Gerais. Fundador e editor do Confere Só, que começou como um perfil do instagram em 2020, para em 2022 se expandir para um site. Ouvinte de rock/metal desde os 15 anos, nunca foi suficiente só ouvir aquela música, mas era preciso debater sobre, destrinchar a obra, daí surgiu a vontade de escrever que foi crescendo e chegando a lugares como o Whiplash, Headbangers Brasil, Headbangers News, 80 Minutos, Gaveta de Bagunças e outros, até ter sua própria casa!

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