Megadeth: 14 anos de “Endgame” e a volta da sonoridade Old-school

O mês de setembro pode ser considerado especial para o Megadeth. Na quarta-feira foi aniversário de Dave Mustaine; na quinta-feira, nós falamos sobre “The System Has Failed“, e caso você tenha perdido, clicando AQUI você pode ler. No próximo dia 19 é a vez do aniversário do clássico “Peace Sells… But Who’s Buying?” e hoje é dia de falarmos sobre “Endgame“, lançado em 15 de setembro de 2009, portanto, há 14 anos.

É óbvio que a banda lançou bons discos após o “Rust in Peace“, mas nada igual ao que seria produzido aqui no ano de 2009. E a banda andou oscilando entre bons e maus momentos nos discos que antecederam “Endgame“. Ocorreu uma importante troca no lineup da banda para a gravação do aniversariante do dia: Mustaine tiraria o excelente Chris Broderick do Nevermore, que naquele momento estava entrando em um hiato, numa sábia decisão, pois Broderick é considerado por mim como um dos melhores guitarristas da cena e caiu muitíssimo bem.

Este seria o último disco com o baixista James LoMenzo, já que Dave Mustaine e Dave Ellefson fariam as pazes após as longas trocas de farpas e brigas nós tribunais e retornaria à banda depois do lançamento deste play. O período de paz entre ambos durou até poucos anos atrás, quando Mustaine demitiu Ellefson, que se meteu em uma polêmica com uma menor de idade.

Então Mustaine em uma decisão muito acertada, trouxe o mago Andy Sneap para a produção. O próprio Mustaine co-produziu o disco. E Andy, famoso por realizar excelentes trabalhos, sobretudo com o Nevermore e com o Arch Enemy, e aqui ele não deixou por menos. Deu 150% de seu talento e ainda afirmou em entrevista que neste trabalho “fez o Megadeth soar old-school do jeito que ele gostava de curtir a banda. Todos se reuniram no estúdio “Vic’s Garage“, na cidade de San Marcos, na Califórnia, entre os dias 7 de janeiro e 19 de maio de 2009, quando saíram de lá com este petardo. Vamos então discorrer sobre cada uma das onze faixas presentes aqui.

Abrindo a bolacha temos uma instrumental simplesmente pesada e maravilhosa, chamada “Dialectic Chaos“, com riffs que já indicam o que o ouvinte deve esperar deste play. Uma pegada bem bacana. A música logo é emendada pela igualmente pesada “This Day We Fight“, outro petardo que carrega riffs pesados e solos violentos e agressivos, que vez por outra entram do nada no meio da música.

“44 minutes” é uma música que dá um pouco mais de sossego aos nossos pescoços… Eu digo um pouco, porque ela tem seus momentos pesados, embora a introdução e o refrão sejam mais melódicos. Excelente música. Temos agora uma das minhas favoritas deste disco: “1,320” é linda, pesada, onde Dave Mustaine mostra que está de volta a produzir excelentes riffs como poucos na cena Metal. É um som que dosa bem as partes rápidas e mais cadenciadas. E tem um solo magnífico.

Bite the Hand” é outro som em que os riffs de Dave Mustaine estão em voga, numa amostra de que ele estava muito inspirado quando compôs este álbum. Já estamos na metade do play e as coisas estão tão boas que essa sensação é praticamente imperceptível. “Bodies” é pesadona, com riffs marcantes e um solo bem melódico que casa muitíssimo bem na música. e o peso do baixo de James LoMenzo ajuda e muito. Outro ponto alto deste disco, que aliás, não tem uma música ruim.

A faixa título tem um clima mais sombrio, com muito peso, enquanto que “The Hardest Part is Letting Go… Sealed With a Kiss” é a balada do disco. Quer dizer, a música que tem uma parte de balada, porque no refrão a coisa fica densa e pesada, com boas viradas de Shawn Drover.

Head Crusher” é a faixa mais old-school deste disco, rápida, agressiva, certeira. É a única deste disco que de vez em quando entra no setlist. “How the Story Ends” lembra muito a faixa “Bodies“, ambas tem o mesmo clima. Aqui temos as guitarras bem pesadas e riffs interessantes.

A melhor faixa do disco para mim é a que fecha a obra, não é rápida como as anteriores e ela se chama “The Right to Go Insane“, que começa com o baixo sombrio de James LoMenzo. Falar dos riffs deste som aqui é chover no molhado, uma vez que a proposta do disco é essa: promover uma tempestade de riffs insanos. Mesmo a música tendo um andamento bem mais arrastado do que todas as músicas do restante do álbum, o peso se mantém intacto. As coisas melhoram quando no final, o andamento fica um pouco mais rápido para acompanhar os solos de Dave Mustaine e Chris Broderick, uma das melhores duplas de guitarristas que o Megadeth já teve. Um final excelente para um disco que fora concebido de maneira mágica.

Um único defeito tem este disco: ele é curto demais. Apenas 44 minutos, numa coincidência com a faixa de número três deste play. Coisa que eu nunca tinha notado até o momento em que escrevo estás linhas.

Minha relação com “Endgame” é de muito carinho. Eu considero este disco como um dos melhores já lançados pelo Megadeth neste século (empatado com o mais recente “The Sick, the Dying… and The Dead), e no geral, fica no meu Top 3, atrás apenas do “Rust in Peace” e do “Peace Sells“. É um disco pesado e rápido como os quatro primeiros lançamentos da banda, porém com uma roupagem nova, moderno sem ser pedante como as bandas mais novas. E Mustaine entende do riscado. Foi um disco em que em um certo momento da minha vida, eu o ouvia todos os dias, sem enjoar.

Uma curiosidade de “Endgame” é que quando saiu o press-release do disco, a faixa “The Right to Go Insane” fora divulgada com o título de “Nothing Left to Lose“, que é uma parte do refrão desta. Todas as letras foram escritas por Dave Mustaine e quanto as músicas, somente “The Hardest Part to Letting Go… With a Selaed Kiss” , que teve a colaboração de Chris Broderick e “Head Crusher” que teve a colaboração de Shawn Drover. Esta última, aliás, é a única que ainda é executada de vez em quando nos shows da banda.

Já que setembro é o mês do Megadeth, vamos seguir o festejo com mais esse álbum. É dia de botar esse play pra tocar no volume máximo e banguear sem pensar no amanhã. Celebrar o legado que Mustaine e o Megadeth têm deixado para nós. Somos afortunados em viver na mesma era que essa banda maravilhosa.

Endgame – Megadeth
Data de lançamento – 15/09/2009
Gravadora – Roadrunner

Faixas:
01 – Dialectic Chaos
02 – This Day We Fight
03 – 44 Minutes
04 – 1,320
05 – Bite the Hand
06 – Bodies
07 – Endgame
08 – The Hardest Part to Letting Go… With a Sealed Kiss
09 – Head Crusher
10 – How the Story Ends
11 – The Right to Go Insane

Formação:
Dave Mustaine – vocal/ guitarra
Chris Broderick – guitarra
James LoMenzo – baixo
Shawn Drover – bateria

Flávio Farias

Fã de Rock desde a infância, cresceu escutando Rock nacional nos anos 1980, depois passou pelo Grunge e Punk Rock na adolescência até descobrir o Heavy Metal já na idade adulta e mergulhar de cabeça na invenção de Tony Iommi. Escreve para sites de Rock desde o ano de 2018 e desde então coleciona uma série de experiências inenarráveis.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *