Metal Fest São Paulo estreia com contratempos, mas festival é sucesso em noite no Carioca Club

Texto e fotos por Maycon Avelino

New Democracy

Quando recebi o convite para escrever sobre o São Paulo Metal Festival fiquei super animado, já que uma das minhas bandas favoritas tocaria, o Moonspell, e além disso, bandas que tinha curiosidade em ver, como o Cynic, Beyond Creation, e claro próprio Weight of Emptiness que tocou a pouco tempo em São Paulo, uma banda que já venho acompanhando. New Democracy não conhecia, mas logo eu falo disso.


Quando se tem um evento desse porte e com tantas bandas em uma noite, todo o cuidado é pouco para não perder o controle da festa. A IDL Entertainment se esforçou e não decepcionou, cuidou de cada detalhe, faltou o Carioca Club oferecer uma estrutura com lanches e comida mais dinâmica que as porções do balcão, enfim, um evento com mais de 8 horas de duração pede uma barraquinha de lanche em um espaço aberto da casa, fica a dica para os próximos festivais.

Pontualmente as 18:30 com boa parte do público ainda do lado de fora e parte a caminho, pois sexta-feira em São Paulo não é fácil, a primeira banda, os mineiros de Varginha, New Democracy subia ao palco com seu Death metal melódico visceral .

Apresentou músicas do seu último disco, o “The Plague”, e até mesmo um cover do Children of Bodom,Angels Don’t Kill”, o que não foi suficiente para levantar o pouco mais de 80 pessoas que arriscaram entrar cedo na casa, a banda tocou com o palco escuro, mas com uma apresentação brilhante, e nessas horas a gente vê a diferença que faz um técnico de luz que conheça a banda e o repertório em shows desse porte, gostaria que o espetáculo visual fosse a altura do musical.

Set list
1-Intro
2-Black Blood
3-Blood On Nile
4-Creation Of My Sin
5-Angels Don’t Kill
6-The Way We Die

Hatefulmurder

Às 19:15 cravados, Angélica Burns e seus murders entravam no palco, depois de uma contagem regressiva que terminou em (Six Six Six) abriram o show com “Reborn”, primeira música do disco de mesmo nome, “Reborn”.


Parte do público começava a entrar e parte que estava dentro ainda estava naquela missão de reconhecimento, cumprimentando os amigos, comprando uma cerveja, mas aí que a energia do Hatefullmurder fez a diferença. Angélica Burns e todo seu carisma conseguiu chamar a atenção da galera com Red Eyes, mas a banda em si é bonita de ver no palco. Thomas Martin rouba a cena na bateria, as cordas são muito ensaiadas, Angélica esbanja energia e comunicação com os fãs.

O Hatefulmurder é uma banda pronta, um grande nome que fez por merecer sua passagem no São
Paulo Metal Fest.

Set list:
Reborn
Worshipers of Hatred
Silence Will Fall
Red Eyes
Psywar
Creature of Sorrow

Uma breve pausa, o tempo de tomar uma latinha, ou fumar um cigarro, dar uma olhada no merchadising que por sua vez me decepcionou, já que o Moonspell não trouxe nada muito significativo, queria um vinil, ou uma camiseta de um disco clássico, mas não tinha nada disso, tipica loja de fim de tour.

Weight of Emptiness

Precisamente vinte minutos depois as cortinas do Carioca Club se abriam para os nossos vizinhos do Chile de volta a São Paulo, o Weight of Emptiness.

A essa altura, com bem mais gente na casa, eles abriram o show com cara de festival, a introdução “Mutrutum (The Calling)” serviu de contraste para “Defrosting”, uma música com guitarras numa vibe black norueguês, chamaria de dark metal da cordilheira, um black doom talvez.

O set list seguiu matador, a cada música o público interagia mais, até se podia dizer que o Carioca estava cheio, a interpretação dramática e o carísma do vocalista Alejandro Ruiz conduzia as mais de 600 pessoas por uma atmosfera densa e fria abraçando a todos com uma música escura, melancólica com boas doses de agressividade. Weight of Emptiness é uma grande banda, pronta para perpetuar o metal, a essência doom por todo o mundo. Grande show!!

Beyond Creation

Mais uma vez o cronograma do evento era cumprido a risca, levantando até elogios por parte de alguns fãs, e lá estavam os canadenses do Beyond Creation, tocando um technical death metal complexo cheio de compassos compostos, mudanças de andamento e elementos que beiram o jazz fusion.

O set list foi uma viagem pela carreira da banda, abriram com Fundamental Process, passando por Ethereal Kingdom, arrancaram um mosh pit, eu nem sabia que a banda tinha tantos fãs no Brasil.

Fã daquele tipo que canta junto e derruba cerveja pra todo lado enquanto bangueia, gostei de ver a interação em
Coexistence. Finalizaram o show com Omnipresent Perception também dentro do horário.


Cynic

Também dentro do horário, graças a organização e ao profissionalismo das bandas que antecederam, o Cynic dava início com sua longuíssima introdução do show de celebração de 30 anos do lançamento do “Focus”.

Pioneiros nessa fusão de jazz e Death metal, com dois membros com passagens pelo Death, Paul Masvidal, guitarra e o falecido baterista, Sean Reinert. 


Abriram o show com Veil of Maya passando por The Eagle Nature, Sentiment, quando em Uroboric Forms. Rolou uma homenagem muito bacana para o baterista falecido no ano passado, Sean Reinert que foi encontrado morto em sua casa, e ainda teve os orgãos recusados na doação por ele ser gay, o que deu um ar revoltante na época.

Houve uma pausa no show, e na segunda parte continuaram tocando seu set list repleto de clássicos, um atrás do outro, o show foi ficando longo, pela primeira vez o cronograma estava fora de controle, e o Cynic continuava tocando, tocaram 14 músicas, a essa altura quem foi pra ver o Moonspell já estava impaciente, uns no fumódromo, outros tomando uma cerveja, mas o fato é que a banda não respeitou o cronograma.

Set list
1-Veil of Maya
2-Celestial Voyage
3-The Eagle Nature
4-Sentiment
5-I’m But a Wave to…
6-Uroboric Forms
7-Textures
8-How Could I
9-Kindly Bent to Free Us
10-Adam’s Murmur
11-Aurora
12-Box Up My Bones
13-Evolutionary Sleeper
14-In a Multiverse Where Atoms Sing

Moonspell

O Moonspell montou o palco com as cortinas abertas, com extrema agilidade, mas mesmo assim ainda demoraram 20 minutos, eu percebia um ar de tensão ainda nos preparativos.


Mas lá estavam os lusitanos mais amados do Brasil, de volta no mesmo palco da última vez, em 2019, antes da pandemia.
Abriram o show com The Greater Good, do último disco Hermitage, seguida de Extinct e na sequência Opium, que fez o público delirar, um hino para quem é fã da banda, e a essa altura ninguém mais lembrava do Cynic.

O Moonspell continuou com Finisterra e In and Above Men, uma apresentação cheia de energia e com a familiaridade do idioma que ajuda na comunicação com o público. O vocalista Fernando Ribeiro esbanja carisma e mesmo visivelmente irritado soltou o verbo, depois de uma dobradinha de 1755 (penúltimo disco).

Em Nome do Medo e Todos os Santos, parou o show e disse que iria tocar um repertório reduzido graças a falta de profissionalismo do Cynic, que atrasou em meia hora a apresentação. O show do Cynic demorou tanto que de alguma forma após metade do show do Moonspell, o Cynic ainda estava no palco , mesmo que nos comentários frustrados de Fernando Ribeiro que todos sabem o respeito e carinho que ele tem por São Paulo e o Brasil como um todo.

O show continuou, era o que restava, aproveitar as duas ultimas músicas, Alma Mater e Full Moon Madness, dois dos maiores hinos da banda, dois clássicos, que mesmo com a falta de Vampiria e Trebaruna ainda são capazes de sustentar a noite e fazer valer a pena. De quebra ainda teve um coro de parabéns pra você, pois Aires (baixo), fazia aniversário naquela noite, foi memorável!! Fica o desejo de que voltem, com repertório completo, e que sejam respeitados como os gigantes que são e que de preferência toquem com bandas do mesmo nível, não musical pois todas as bandas são ótimas, mas ético e profissional como um todo, foi o que faltou ao Cynic.

set list
The Greater Good
Extinct
Opium
Finisterra
In and Above Men
From Lowering Skies
Breathe (Until We Are No More)

Nocturna
Scorpion Flower
Em nome do medo
Todos os santos
Bis:
Alma Mater
Full Moon Madness

Marcio Machado

Formado em História pela Universidade Estadual de Minas Gerais. Fundador e editor do Confere Só, que começou como um perfil do instagram em 2020, para em 2022 se expandir para um site. Ouvinte de rock/metal desde os 15 anos, nunca foi suficiente só ouvir aquela música, mas era preciso debater sobre, destrinchar a obra, daí surgiu a vontade de escrever que foi crescendo e chegando a lugares como o Whiplash, Headbangers Brasil, Headbangers News, 80 Minutos, Gaveta de Bagunças e outros, até ter sua própria casa!

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