Mythra: veteranos da cena NWOBHM voltam a dar as caras com o bom “Temples Of Madness”
Texto: Mário Pescada
A New Wave Of British Heavy Metal (NWOBHM) foi um movimento musical fundamental para modificar e criar as bases do que seria a música pesada dali em diante.
As bandas pipocavam pelo Reino Unido graças a uma cena aberta a novidades e movida por um público jovem que consumia as músicas do estilo, caracterizadas pela urgência do punk com a técnica do metal setentista. No começo disso tudo, surgiu o MYTHRA (até 1977 conhecido como ZARATHUSTRA).
O grupo conseguiu chamar a atenção logo no seu primeiro lançamento, o EP “The Death And Destiny” (1979), considerado um clássico da NWOBHM e cujas 200 primeiras cópias foram bancadas pela própria banda – aliás, o “fazer acontecer”, lançando do próprio bolso EPs, singles e K7s, sem ficar sentado esperando por gravadoras, foi uma atitude herdada do punk, que a essa altura já começava a perder força depois de ter tomado de assalto o continente europeu.
Eram tantas bandas, shows e lançamentos simultâneos que a cena logo ficou saturada e acabou que o MYTHRA, assim como uma infinidade de bandas de qualidade, acabou dando uma longa pausa nas atividades pouco tempo depois do lançamento, voltando aos palcos somente em 2001 e sendo reformulado em 2014.
E parece que o grupo não tem mesmo muita pressa em fazer as coisas, já que “Still Burning” foi lançado somente em 2017 e mais seis anos se passaram até que chegaram ao seu novo disco, “Temples Of Madness” (2023), lançado pela alemã High Roller Records e disponível no Brasil através da Classic Metal Records.
Se não fazem as coisas com pressa, ao menos compensam em fazê-las bem-feito, pois “Temples Of Madness” (2023) é um disco que traz tudo que esperamos do metal oitentista: riffs certeiros, cozinha robusta e peso na medida certa.
Para deleite dos saudosistas, o MYTHRA não mudou seu som, mas também não podemos dizer que é o mesmo da cada vez mais distante década de 80. Há um toque leve de hard rock em algumas faixas, mas a fórmula continua a mesma: rock simples, bem-feito e cativante: “All In Your Mind” tem uma cozinha potente e segura; “Prophecy” traz um refrão bem legal para cantar junto; a faixa título começa devagar, mas depois engata boas guitarras dobradas em cima de uma boa letra; “The Reaper” segue sobre as guitarras cavalares da dupla Roach/Perry, que também brilham em “Light In The Sky”, a minha favorita do disco, e “Stir The Echoes” com suas guitarras dobradas em quase toda música (Perry saiu da banda em junho desse ano para tratar de assuntos pessoais e, de acordo com a banda, por ser um membro insubstituível, vão seguir como quarteto).
A bonita capa (só que eu que achei que a caveira em cima do templo é a mesma das capas do SATAN?), é obra do italiano Roberto Toderico, que vem trabalhando junto com a banda desde 2015.
Suas doze faixas foram gravadas no estúdio Downcast Base HQ pelo baterista Phil Davies que soube dar um bom tratamento no som do grupo e mixadas e masterizadas por Dave Curle (BLITZKRIEG, SATAN), no estúdio First Avenue.
Ouvindo o disco, a gente fica se perguntando por afinal de contas esses caras demoram tanto pra lançar material novo. Acho que nem eles sabem responder ao certo isso, mas o fato é que, quando a banda dá as caras, responde a altura do que os fãs do bom e velho heavy metal esperam.
NOTA: 8
https://www.youtube.com/watch?
Formação:
Kev McGuire: vocais
Alex Perry: guitarra
John Roach: guitarra
Maurice Bates: baixo
Phil Davies: bateria
Faixas:
01 Stabbed In The Back
02 Split The Veil
03 All In Your Mind
04 Failure Of Fortune
05 Prophecy
06 Temple Of Madness
07 The Reaper
08 Dangerous
09 Vertigo
10 Light In The Sky
11 Stir The Echoes
12 Wild And Free