Nunca subestime um roqueiro de 72 anos…Glenn Hughes incendiou o Rio

Fotos: Ian Dias
Com a previsão de um final de semana com temperatura elevada na cidade do Rio de Janeiro, já podíamos dizer que no mínimo teríamos um show quente do veterano vocalista/baixista Glenn Hughes que estava comemorando 50 anos do seminal “Burn” (1974) do Deep Purple, mas a realidade é que o repertório não foi como estávamos supondo…
No alto dos seus 72 anos e recém recuperado de uma gripe fortíssima que o fez cancelar o show de Curitiba, Glenn e o competente trio que o acompanha, atacaram de primeira com a faixa-título do meu álbum preferido do Deep Purple, o subestimado “Stormbringer” (1974) e já deu para sentir que o show seria uma celebração no meio de uma onda de cinquentões e sexagenários que formaram a plateia com aquele cheiro de Azzaro e PacoRabane permeando o ar.
A introdução de teclado de “Might Just Take Your Life” trouxe aquele frisson com o reconhecimento dessa canção e não deu para então deixar de perceber que o guitarrista Soren Andersen estava a cara do falecido guitarrista do Deep Purple, o lendário Tommy Bolin, mas teve gente que sugeriu que estava mais para uma mistura de Steve Morse com Janick Gers. Bem, não sei se isso foi um elogio, dada a baixa qualidade musical do guitarrista do Iron Maiden…
Por um motivo ou outro, não me lembrava do set-list dessa tour e quando Soren puxou o riff inicial de “Sail Away” eu não me contive, comecei a “bater cabeça” e tentar acompanhar a letra naquele embromation tradicional e não pude deixar de sorrir o tempo todo com a performance desse lado B do Deep Purple. Devo mencionar que muita gente fala do Glenn Hughes apenas como cantor, mas o cara é um tremendo baixista. Não, ele não coloca 352 notas em cada música, é a simplicidade e o bom gosto que dão a tônica por aqui.
Sempre agradecendo e sorrindo, Glenn nos avisou que iria tocar uma faixa tocada no festival California Jam de 1974, porém não tacariam fogo na guitarra como Ritchie Blackmore (ex-guitarrista do Deep Purple) fez, mas provaria que nos amava tocando “You Fool No One” e o que presenciamos foi uma versão longa e cheia de jams e improvisos com direito a um trecho de “High Ball Shooter” do Purple e o destaque absoluto foi para o SENSACIONAL baterista Ash Sheehan que fez um solo no meio dessas jams e simplesmente conquistou os presentes. Confesso que não sou fã de solos de bateria, mas o que vimos foi algo arrasador, com direito a levadas de samba numa atuação nas caixas que trouxe respeito.
Após o anuncio que o aniversário do guitarrista Soren Andersen foi no dia anterior ao show, tivemos um espontâneo “Parabéns Para Você” em português mesmo cantado pelo público, dando a deixa para um longo solo de guitarra introdutório de “Mistreated” com outro show de Glenn na voz e a gente em um auxílio luxuoso no refrão, aliás, nunca sei quem eu gosto mais cantando esse clássico, se o cantor original dessa música, David Coverdale, ou Mr Hughes. De qualquer forma, mais um momento marcante.
Chegou a hora da funkeada “Gettin’ Tighter” do subestimado “Come Taste The Band“(1975) e, apesar de adorar dessa atmosfera funky dessa época do Deep Purple, confesso que estranhei um pouco mais uma longa jam e ela tocada um pouco mais lenta que o habitual, mas logo já fiquei entregue aos riffs criados por Tommy Bolin que o vocalista sempre faz questão de citar ao tocar material da MK IV e que foi novamente lembrada em “You Keep On Moving“, única parceria entre a dupla Coverdale/Hughes na história da música, o que é de se lamentar porque é uma das mais belas composições da carreira não só do Deep Purple, como as dos 2 cantores.
No bis, tivemos “Highway Star” que apesar de adorar, acho que foi um erro por ela não ser originalmente gravada na fase que Glenn Hughes estava na banda, talvez “This Time Around” seria a minha escolha, mas são minhas escolhas. E aí veio “Burn“…..vocês não imaginam como a Sacadura 154 ficou. Pandemônio é a palavra certa, meus amigos. Muita gente se emocionou e vi uma breve tentativa de roda de mosh, obviamente abortada pelas condições físicas da maioria presente, hehehehehe, mas que finalizou de forma primorosa 1h50 de um show absolutamente inesquecível.
Na soma final, foram 5 músicas do “Burn” tocadas o que não justificou o tal anúncio de um show comemorativo de 50 anos desse disco, mas cá pra nós, acho que ninguém dos 1.000 presentes (excelente público) se importou com isso. Foi meu quarto show do Glenn Hughes e digo sem medo que foi o melhor.
Nossos agradecimentos a OnStage Agência pelo credenciamento e cortesia.

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