O acordo empresarial que pode ter colocado fim ao Almah

O Almah angariou durante sua jornada diversos fãs, que ficaram sem entender exatamente o que ocasionou o seu fim.

Marcelo Barbosa que foi guitarrista da banda, comentou em conversa com o Ibagenscast, o que pode ter causado esse rompimento. Ele diz, quando questionado como o disco “EVO” encerrou o ciclo da banda, conforme transcrito pelo Confere Rock:

“Se você for perguntar para o Edu, talvez, eu nem sei se eu deveria falar isso, mas se você for perguntar para ele, ele vai dizer que não, que lógico que não. Mas eu acho que tem nome e sobrenome: eu acho que foi o fato do Almah ter assinado com o mesmo empresário do Angra. A gente assinou com Paulo Baron e o Paulo tinha as prioridades dele, claro, né? O Angra é o Angra. Então, assim, quando o Paulo ofereceu para a gente isso, eu cheguei a falar para o Edu: ‘Falei, Edu, eu acho que isso é roubada, cara, isso é roubada porque, imagina, né?’ Não acho que… Veja bem, eu não tô dizendo que o Paulo fez isso por mal, não, intencionalmente, mas eu falei: ‘Cara, ele tem uma banda que é gigante, que é uma das maiores do Brasil no estilo, já tá com ele.’ Eu já sou guitarrista das duas, tendo o mesmo empresário, e você tendo a sua agenda que vai estar dependendo do Angra. Não vejo por que fazer isso desse jeito, né? A ideia inicial para mim, se o Edu topasse, nem lembro se a gente chegou a conversar sobre isso ou não, era: se houvesse algo muito importante que o Almah precisasse fazer, e eu estivesse com Angra, colocasse um sub, um guitarrista que já estaria preparado para isso. E se, claro, em algum momento se tornasse que não tivesse mais jeito de conciliar, aí tudo bem, teria que sair da banda ou coisa assim, mas a ideia era que não atrapalhasse. A ideia era que não tivesse aquela coisa assim: ‘Ah, só marco show se o Marcelo estiver livre’, né? Até porque, cara, naquele começo do Angra ali, tô lembrando aqui, enquanto falo, vou lembrando as coisas, não se sabia o que ia acontecer, não se sabia se a formação ia emplacar, se o público ia receber bem essa mudança, se ia ter contratante. Só que deu super certo, a gente… Eu entrei, veio turnê atrás de turnê, fizemos Europa, fizemos tudo. Então, assim, eu acho que não foi acertado ter, naquele momento, assinado com o Paulo. E aí, o que aconteceu? Quando o Edu percebeu isso, e aí vai, de cada um, quando o Edu percebeu que não tinha sido uma boa, ele foi falar com o Paulo: ‘Falou, Paulo, vamos desfazer o contrato aí e tal, porque não tá rolando e tal.’ E o Paulo não aceitou. Paulo falou: ‘Não, você vai cumprir o contrato até o final e é isso, né? Se quiser, tem multa contratual e tal.’ Então, a gente ficou lá. O Edu ficou preso, eu também, porque eu ainda era do Almah naquela época. E aí foi quando o Edu também, olhou para o lado e falou: ‘Pô, tem isso aqui que eu posso fazer, que é tocar as músicas do Angra e fazer um negócio. E aí conseguiu outro empresário. Foi fazer com outro cara e tal. E aí, ainda ficou um tempo sem a gente… Nem que a gente quisesse fazer algo com Almah, seria através do Paulo, porque tinha esse contrato com ele. E aqui, se você for ver em termos da legalidade da coisa, tá tudo certo, né? Tinha um contrato, tem que cumprir o contrato, ambas as partes têm que cumprir e tal. Só não há nada de errado com isso do ponto de vista legal. Mas o fato é que, como eu já imaginava do começo, acabou a coisa não acontecendo como a gente achou que ia acontecer, que ia ser um monte de dobradinha Angra e Almah. A gente acabou fazendo algumas. O Edu era do Angra, eu estava indo, então tinha uma conexão ali. Só que essas dobradinhas também, profissionalmente para o Almah, não foram tão legais. E acabou que a gente decidiu não fazer mais daquele jeito, naquele formato. E aí não pintaram outras coisas também e o Angra voando, tocando o tempo todo, né? Possivelmente tomando bastante do tempo do Paulo. Ele priorizou naturalmente. É do Paulo. Eu sabia que isso ia acontecer, porque, cara, além da questão… Como é que eu posso dizer… É um negócio, aquilo é um business, né? É um business. Quando… Se eu sou um corretor de imóveis, e eu ganho um percentual em cima do imóvel que eu vendo, é isso mesmo. E eu tenho um imóvel que é 1 milhão e outro que é 500 mil, qual que eu vou querer vender? Se é percentual do valor. Não tem maldade nenhuma nisso, cara, não tem maldade nenhuma nisso, mas é a realidade, é assim que é. Então, na hora que falou: ‘Cara, não, pô, acho que vai ser uma boa, ele tá interessado, o disco tá aí e tal, não sei o quê’, eu falei: ‘Pô, mas eu acho melhor não. Não por ter nada contra o Paulo, achar que ele não faria legal, nada disso, só por esse conflito de interesses que acaba tendo, querendo ou não.”

Marcio Machado

Formado em História pela Universidade Estadual de Minas Gerais. Fundador e editor do Confere Só, que começou como um perfil do instagram em 2020, para em 2022 se expandir para um site. Ouvinte de rock/metal desde os 15 anos, nunca foi suficiente só ouvir aquela música, mas era preciso debater sobre, destrinchar a obra, daí surgiu a vontade de escrever que foi crescendo e chegando a lugares como o Whiplash, Headbangers Brasil, Headbangers News, 80 Minutos, Gaveta de Bagunças e outros, até ter sua própria casa!

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