Ozzy Osbourne: 32 anos do apoteótico “No More Tears” e as colaborações de Lemmy Killmster

1991 foi um ano especial sobretudo na música pesada, estilo que todos nós somos devotos. Vários álbuns foram lançados neste ano e o assunto de hoje é “No More Tears“, o sexto álbum da carreira solo de Ozzy Osbourne, lançado em 17/09/1991, portanto, com 32 anos e que ajudou a alavancar ainda mais a carreira do Madman.

O álbum é um dos mais vendidos pelo Madman na América do Norte, juntamente com “Blizzard of Ozz“, que vai completar seu 43° aniversário nesta semana. O aniversariante do dia é o sucessor de “No Rest for the Wicked“, lançado três anos antes e que naquele instante era detentor do Disco de Ouro nos Estados Unidos, além de ter marcado a estreia do guitarrista Zakk Wylde, que em “No More Tears” participou mais ativamente, escrevendo letras e músicas.

Quem também participou com letras e ganhou um bom dinheiro por isso foi o eterno Lemmy Kilmster,  líder do Motörhead. Ele contava que recebeu um convite de Sharon Osbourne, esposa e empresária de Ozzy, e que apresentou algumas letras, das quais quatro foram aproveitadas: “I Don’t Want to Change the World“, “Mama, I’m Coming Home“, “Desire” e “Hellraiser“, sendo que esta última, Lemmy também a utilizou no álbum “March ör Die“, lançado em 1992. Lemmy também afirmava que o dinheiro que ele ganhou a vida inteira com sua banda não chegava nem perto do que ele havia ganho para colaborar com o Madman. Que coisa, não?

Quem também participou do álbum foi o baixista Mike Inez, que ficaria conhecido por fazer parte do lineup do Alice In Chains. Ele não gravou uma única nota no disco, mas é citado como diretor musical e foi o cara que compôs aquele riff absurdamente assombroso de bom da faixa título. Aquele que você, caro leitor, trata de aumentar o volume tão logo ele soa no seu alto-falante. O baixo foi gravado por Bob Daisley, que saiu logo depois, após longos anos de desentendimento com Ozzy e Sharon, sendo Mike Inez o herdeiro natural da vaga e quem saiu na turnê de divulgação do play.

Sendo assim, o quinteto que se encaminhava para o segundo álbum consecutivo mantendo a mesma formação, foi para dois estúdios: A&M e o Devonshire, ambos em Los Angeles, na Califórnia, por onde ficaram boa parte daquele ano de 1991, na companhia de Duane Baron e John Purdell, que atuaram como produtores. No primeiro momento, o álbum se chamaria “Say Hello to Heaven“, mas por alguma razão, o nome foi trocado por este “No More Tears” e assim o paraíso acabou sendo substituído pelo inferno, de “Hellraiser“, com perdão do trocadilho infame. Vamos sem mais delongas, passear por todas as onze faixas que compõem o homenageado de hoje:

Mr. Tinkertrain” tem sintetizadores em sua intro e logo entra a guitarra de Zakk Wylde tomando para si o protagonismo. A música em si não empolga muito, exceto na hora do solo, magistralmente executado por Zakk. “I Don’t Want to Change the World“,  por sua vez, é um baita Hard Rock para ninguém botar defeito. Ela tem uma pegada oitentista, é bem verdade, mas mesclada com um toque de modernidade e um refrão que gruda como chiclete. Duvido você, caro leitor, não se pegar cantarolando o refrão após escutar a música. O primeiro grande momento do disco.

Mama, I’m Coming Home” e sua mescla de balada com Southern é mais um dos hits do play, onde brilha a voz de Ozzy. Excelente. “Desire” é relativamente pesada, tem bons riffs, além de um belo solo, fazendo dela uma canção bem divertida. A seguir, o ponto mais alto do play: a bela e sombria faixa título. Que clima maravilhoso temos nessa música, desde a introdução do baixo, ao teclado que encaixa perfeitamente, e o que dizer dos solos e riffs de mr. Zakk Wylde? Em minha humilde opinião, em toda a carreira solo de Ozzy, essa música só fica atrás de “Crazy Train“. E o clipe dela também é outra coisa linda.

“S.I.N.” chega e nos lembra que já passamos da metade do play e traz um Hard Rock bem executado, porém, ofuscado pela faixa anterior. Se bem que depois da faixa título, talvez só as músicas do Black Sabbath poderiam fazer frente. Mas a faixa não é ruim, só foi mal posicionada, vamos assim dizer. “Hellraiser“, uma das faixas que deixou Lemmy milionário é uma típica faixa que poderia ser encontrada em qualquer disco de Glam Metal dos anos 1980. Também bem executada, possui seus bons momentos.

Time After Time” é outra balada do play, porém, não é tão brilhante como “Mama, I’m Coming Home”. É boa o suficiente para o ouvinte não pular. “Zombie Stomp” é um bom Hard Rock e aqui quem se destaca é o baterista Randy Castillo, com excelente viradas, na sua melhor performance em todo o disco.

A.V.H.” recupera, ou ao menos tenta recuperar o bom momento que o play vivia até a faixa título e consegue com relativo êxito. A música é um Hard Rock empolgante. A sigla significa Aston Villa Highway, uma homenagem de Ozzy para o seu clube de coração. Os demais membros originais do Black Sabbath também torcem pelo mesmo clube. “Road to Nowhere” encerra o play com doses de melodia e também de melancolia.

Como o leitor pôde perceber, é um disco cheio de altos e baixos, onde a parte final tem uma menor intensidade. Não é um álbum para se jogar fora, mas não é um “Blizzard of Ozz” ou mesmo um “Diary of a Madman“, clássicos eternos na discografia do velho Ozzy. A produção aqui é caprichada ao extremo e a capa é ridícula, levando o mais desavisado a crer que se trata de Roberto Carlos dos anos 1970 na capa e não o Madman.

O álbum vendeu muito bem e ficou bem cotado nos charts pelo mundo: 7° na Billboard 200, 12° no Japão e na Nova Zelândia, 17° no Canadá e no Reino Unido, 24° na Alemanha, 25° na Suécia. A música I Don’t Want to Change the World ganhou o Grammy. Foi certificado 4 vezes com disco de Platina pela RIAA e outras duas vezes pela CRIA (Canadá). A Loudwire compilou uma lista chamada de melhores álbuns de Hard Rock/ Metal dos anos 1990 e No More Tears aparece em 22° lugar.

É um álbum muito importante na carreira de Ozzy e só mostrou que sua carreira estava cada vez mais sólida, diferente dos anos 1980 quando ele tinha diversos problemas com drogas. Então o Madman só precisou se manter nessa mesma linha para seguir com seu padrão de qualidade. Claro que muito disso é mérito se sua esposa Sharon, firme como sempre deve ser. Enfim, hoje é dia de celebrar esse disco. A se lamentar, apenas o péssimo estado de saúde do nosso amado vocalista, que será submetido a mais uma cirurgia. Provavelmente ele não mais retornará aos palcos. Então temos que exaltar o legado de um dos pais dessa coisa chamada Heavy Metal.

 

No More Tears – Ozzy Osbourne

Data de lançamento – 17/09/1991

Gravadora – Epic

 

Faixas:

01 – Mr. Tinkertrain

02 – I Don’t Want to Change the World

03 – Mama, I’m Coming Home

04 – Desire

05 – No More Tears

06 – S.I.N.

07 – Hellraiser

08 – Time After Time

09 – Zombie Stomp

10 – A.V.H.

11 – Road to Nowhere

Formação:

Ozzy Osbourne – vocal

Zakk Wylde – guitarra

Bob Daisley – baixo

Randy Castillo – bateria

John Sinclair – teclados e sintetizadores

Flávio Farias

Fã de Rock desde a infância, cresceu escutando Rock nacional nos anos 1980, depois passou pelo Grunge e Punk Rock na adolescência até descobrir o Heavy Metal já na idade adulta e mergulhar de cabeça na invenção de Tony Iommi. Escreve para sites de Rock desde o ano de 2018 e desde então coleciona uma série de experiências inenarráveis.

One thought on “Ozzy Osbourne: 32 anos do apoteótico “No More Tears” e as colaborações de Lemmy Killmster

  • maio 30, 2024 em 9:54 pm
    Permalink

    Esse é clássico, ainda tenho o CD!!!! Bons tempos, valeu!!!!

    Resposta

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *