Para Steve Vai, Kurt Cobain era um “virtuoso”

Quando o assunto é falar sobre o maior guitarrista de todos os tempos, o debate é acalourado e diversos nomes são colocados a mesa. Mas o que faz um guitarrista ser “o melhor?”

Um dos nomes que sempre permeia esse assunto é Steve Vai, e ele mesmo acha um outro nome “virtuoso”. Trata-se de Kurt Cobain, o líder do Nirvana, e Vai o classifica assim de uma forma bastante particular, conforme ele comentou em uma live no Facebook e que foi transcrita pelo site Rock and Roll Garage:

O que torna um músico singular é a sua individualidade, uma combinação de muitas coisas: o som que tira de seu instrumento, a forma como toca, como compõe, se apresenta, se comunica e se expressa através da música. E, para mim, Kurt Cobain tinha tudo isso em abundância. Eu estava conversando com um amigo sobre o caso dele em específico — há muitos guitarristas no nível técnico dele, mas só há apenas um Kurt Cobain.

É a intenção deles: quando a intenção é forte, nada pode os impedir; Kurt Cobain é um bom exemplo disso. Ele simplesmente fazia a música que queria fazer. Essa é a minha opinião. Quando ouço ele, e ouço aquela banda [Nirvana], não sei o quanto de teoria musical ele sabia, mas ele conseguiu desenvolver sua técnica suficiente para transmitir sua mensagem. Ele podia não ter uma técnica virtuosa, mas nem precisava. Você tem que ter em mente o estilo dele de tocar. A forma como ele dedilhava os acordes e depois entrava naquele tipo de explosão… Ele se conectava àqueles acordes de uma maneira muito íntima.

Tem que ter em mente o estilo de jogo dele. Esses acordes e a maneira como ele tocava acordes de arpejo e depois entrava naquele tipo de coisa explosiva. Todos os anos que passei praticando escalas e riffs virtuosos. Ele estava travando esses acordes de uma forma muito conectada. Eu vejo isso com caras como [vocalista/guitarrista do Green Day] Billie Joe Armstrong também.

“Você pode pegar para alguém como John McLaughlin, que precisou de uma técnica diferente para se expressar; e Bob Dylan, que precisou de sua própria técnica no violão para se expressar. Todo mundo precisa de algum tipo de técnica e naturalmente se inclinará para aquilo que for mais apropriado para eles. Precisam confiar em seus instintos”

Steve ainda comentou na entrevista, qual foi o “auge” de aprendizado:

“Bem, como você percebe quando olha para trás em sua própria carreira, tudo tem seu lugar, tudo teve uma contribuição vital para o que veio depois disso.

Por exemplo, no ensino médio, eu estava me divertindo muito tocando em bandas de rock e tocando nesses clubes de rock sujos em Long Island. Tocando KISS e Led Zeppelin e Aerosmith. Então essa foi uma vida em particular.

Então Berklee [College of Music] foi outra vida em que estávamos explorando todas essas coisas grandes, complexas e profundas. E isso teve seus desafios, mas foi muito divertido

Não é que as coisas fossem paredes de tijolos. Eles eram como essas grandes paredes com um buraco. Algo como polirritmias.

Muitas pessoas olhavam para polirritmias e diziam, ‘Oh meu Deus, eu não quero saber nada sobre isso. Isso é muito complicado.

Mas para mim, eu tinha um profundo interesse porque vi um potencial para o que os poliritmos poderiam fazer ao som de uma melodia. Então não foi algo difícil de fazer, foi desafiador, mas foi uma delícia, entende o que quero dizer?”

Marcio Machado

Formado em História pela Universidade Estadual de Minas Gerais. Fundador e editor do Confere Só, que começou como um perfil do instagram em 2020, para em 2022 se expandir para um site. Ouvinte de rock/metal desde os 15 anos, nunca foi suficiente só ouvir aquela música, mas era preciso debater sobre, destrinchar a obra, daí surgiu a vontade de escrever que foi crescendo e chegando a lugares como o Whiplash, Headbangers Brasil, Headbangers News, 80 Minutos, Gaveta de Bagunças e outros, até ter sua própria casa!

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