Para Uli Jon Roth, “Iron Maiden é uma banda de hard rock e metal é um retrocesso”

Conversando com o site BraveWords, o guitarrista Uli Jon Roth, ex integrante do Scorpions, deixou claro não ser fã de heavy metal e nem considera o Iron Maiden uma banda do gênero. Durante o bate papo ele diz:

Bem, não haveria heavy metal sem bandas como Cream e Led Zeppelin. Mas essas bandas são completamente diferentes do metal atual. Antigamente, eles eram muito mais ousados, eram muito mais perigoso no verdadeiro sentido da palavra, já que todas essas coisas nunca tinham sido feitas antes. O metal dos anos 80 e 90 tornaram-se muito mais corporativos. Ficaram mais agressivos, altos e rápidos pensando que isso os tornariam mais perigoso. Mas, para mim, o resultado não foi esse.

O metal, na verdade, não trouxe muitas novidades. Eu senti que foi, de certa forma, um retrocesso, pois a ideia de dinâmica não existe no metal. Bandas como Cream, Led Zeppelin, Deep Purple e Black Sabbath têm dinâmica, mas isso se perdeu. A velocidade é muitas das vezes totalmente exagerada, além disso, tudo é hiper distorcido e agressivo, até o último minuto.

É quase como uma caricatura do que já foi. É assim que me parece. É por isso que não sou fã de metal, nunca fui. Eu cheguei conversar com Bruce Dickinson sobre esse assunto e falei para ele que ele não era metal. Disse que ele é mais uma banda de hard rock do que metal, e ele concordou completamente, pois o Iron Maiden ainda é old-school, eles ainda brincam com as dinâmicas nas músicas.

Sim, eles tocam distorcidos, mas ainda têm esse tipo de toque orgânico da velha escola, essa sensação orgânica, que você quase pode tocar com as mãos. O metal sempre tem uma borda abrasiva que eu não gosto. É por isso que não sou um grande fã de metal. Nunca fui e nunca serei”.

Na conversa, ele ainda falou sobre a morte de Jeff Beck no início deste ano e como vê uma leva de ícones de sua geração partindo:

Sim, quero dizer, você sabe, como Jeff Beck indo embora é realmente como o fim de uma era, porque restam tão poucas pessoas daquele período do início dos anos 60 que tinham o som mágico daquela época. Há apenas um poucas pessoas que ainda têm essa vibração sobre eles. E aquela era aquela geração de Jimi Hendrix, de Eric Clapton, de Jeff Beck, ele era um desses três. Então você tem Jimmy Page, você tem David Gilmour. Então, um pouco mais tarde, temos Ritchie Blackmore. A Inglaterra produziu tantos ótimos guitarristas, mas esses foram os que basicamente escreveram história na guitarra e no rock, e Jeff Beck foi um deles. Ele estava na vanguarda real. Ele não era exatamente tão bem sucedido em termos monetários quanto Hendrix e Clapton, mas sua contribuição para tocar guitarra, ou rock, ou música, foi enorme.”

Marcio Machado

Formado em História pela Universidade Estadual de Minas Gerais. Fundador e editor do Confere Só, que começou como um perfil do instagram em 2020, para em 2022 se expandir para um site. Ouvinte de rock/metal desde os 15 anos, nunca foi suficiente só ouvir aquela música, mas era preciso debater sobre, destrinchar a obra, daí surgiu a vontade de escrever que foi crescendo e chegando a lugares como o Whiplash, Headbangers Brasil, Headbangers News, 80 Minutos, Gaveta de Bagunças e outros, até ter sua própria casa!

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