Paradise Lost traz sombras em meio ao sol escaldante e entrega um dos melhores shows do Bangers Open Air

Fotos: André Tedim 

Assim como o Meshuggah no Knotfest 2024, o Paradise Lost foi totalmente injustiçado no horário que foi escalado para subir ao palco. Em plena 2 da tarde, com sol tricando, a banda iniciou o seu show.

A mistura entre o doom/gótico/alternativo que a banda traz, merecia ser algo apreciado sob a luz do luar, mas obviamente com a competência que a banda tem, não seria isso, ou o som extremamente alto, que iria atrapalhar o desempenho do competente grupo.

O início é com a hipnótica “Enchantment”, do icônico “Draconian Times”. Assim somos vislumbrados com Nick Holmes (vocal), Greg Mackintosh e Aaron Aedy (guitarras), Steve Edmondson (baixo) e Guido Montanarini (bateria) em suas posições de ataque e com uma aura densa e carregada.

Um memorial já bastante cheio, traz cabeças balançando ao som da cadencia das faixas, e uma pena que a bateria extremamente alta ofusque o baixo, algo tão presente na música de abertura. “Forsaken” vem na sequência, vindo do disco “Obsidian”. A música é tão densa que quase faz se esquecer do sol triturador do momento. Os presentes ali parecem sentir o mesmo, com visuais carregados em preto e pouco se importando para o clima de fogo. A voz de Holmes infelizmente estava abaixo do instrumental, dificultando a sua audição até este momento, o que é uma pena, pois é a conjunção perfeita do clima que a banda traz.

Aqui falamos de uma banda que carrega quase 20 discos em sua discografia e temas de difícil degustação, então imaginamos como é para eles se decidirem qual música ou tocarem ou não dentro de um tempo curtissímo de apenas 1 hora. Ainda assim, eles conseguem acertar e fazer um show até mesmo para os nãos fãs.

Holmes saúda o público com o seu boné, e fala rapidamente ao presentes, e logo temos rápida e dos primórdios, “Pity The Sadness“. A quebra do andamento da música é o ápice de sua execução e coloca o público com seus punhos erguidos acompanhados de “hey, hey, hey”! “Faith Divides Us – Death Unites Us“, com seu nome poético em tempos de um mundo caótico que vivemos, é ovacionada e a música é uma das primeiras que sentimos pela banda não estar tocando em meio a noite e luzes do palco, pois é uma verdadeira ode ao existencialismo e questionamentos. Momento épico.

“Eternal” é quem vem em seguida e mostra um gótico robusto e dos primórdios do gênero. “No Hope in Sight”, do disco “The Plague Within”, que completa dez anos em 2025, parece uma marcha que irá te encaminhar para os portões da morte, e mais uma vez, pensamos como isso seria belo de se acompanhar em meio a noite escura. Voltamos ao “Draconian Times”, dessa com “The Last Time“, que coloca o público para cima com o clima da faixa, menos arrastado e com alguns ares do Metallica. Ainda dentro dessa sequência tivemos tempo para “One Second“, que traz o Paradise Lost em uma fase mais branda e que particularmente aprecio muito, e que parece ter caído mais nas graças do público como se pode ver pela recepção da música. A melódica e dramática “The Enemy” também apareceu nesse tempo, assim como a figurinha carimbada nos shows, “As I Die“.

O show se encerra com “Say Just Words“, do disco “One Second” e que fecha uma apresentação grandiosa e que poderia ter sido ainda melhor, caso tivesse sido melhor aproveitada em horários e mais adequações ao seu som, mas ainda assim, superando as adversidades, o Paradise Lost entrega nada menos do que uma das melhores apresentações do Bangers Open Air.

Marcio Machado

Formado em História pela Universidade Estadual de Minas Gerais. Fundador e editor do Confere Só, que começou como um perfil do instagram em 2020, para em 2022 se expandir para um site. Ouvinte de rock/metal desde os 15 anos, nunca foi suficiente só ouvir aquela música, mas era preciso debater sobre, destrinchar a obra, daí surgiu a vontade de escrever que foi crescendo e chegando a lugares como o Whiplash, Headbangers Brasil, Headbangers News, 80 Minutos, Gaveta de Bagunças e outros, até ter sua própria casa!

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