Paul Di’Anno faz show histórico e Sold Out no Rio de Janeiro

Texto por Tarcísio Chagas
Continuando a temporada de shows em 2023, o Rio de Janeiro foi uma das paradas da extensa tour (31 shows!!) do eterno ex-vocalista do Iron Maiden, Paul Di’Anno, juntamente com o Noturnall e Electric Gypsy.
A casa de shows Agyto situada na Lapa ficou completamente lotada, por volta de 400 pessoas, e o calor era quase insuportável, mas a vontade de ver Di’Anno novamente era absurdamente superior a qualquer fator externo.
ELECTRIC GYPSY
Muita gente estranhou a inclusão do Electric Gypsy nessa tour por se tratar de uma banda de Hard Rock, só que quase toda maioria não devia conhecer a qualidade e poderio desse quarteto mineiro. Sinceramente, os cara nasceram para ser rockstars.
Guzz Collins (voz), Nolas (guitarra), Pedro Ferreira (baixo) e Robert Zimmerman (bateria) entraram no palco às 20h em ponto com muita vontade e a casa ainda enchendo. “Shoot’em Down” do seu álbum de estreia foi um ótimo início para o show com “Nine Lives” na sequência. A (ótima) nova “More Than Meets The Eye” do recém-lançado EP “Stars” (2023) veio mostrar que o novo material funciona muito bem ao vivo, assim como a excelente versão de “Hot For Teacher” do Van Halen onde Nolas mostou ainda mais as suas credenciais emulando perfeitamente as partes do mestre Eddie Van Halen.
I’m Down (For Her)” outra música nova foi tocada, assim como “Devil Made Me Do It” e os covers de “Welcome To The Jungle”, clássico do Guns N’ Roses, e “Shoot To Thrill” do AC/DC que finalizou essa ótima apresentação bastante elogiada pelos presentes.
PATY SIGILIANO
NOTURNALL
Com o Agyto mais cheio, o Noturnall entrou em cena capitaneado pelo seu incontestável líder Thiago Bianchi nos vocais e com o retorno do ótimo Leo Mancini nas guitarras. A nova “Try Harder” do disco “Cosmic Redemption” (2023) deu início ao show e me surpreendeu logo de cara, mostrando uma qualidade absurda com o Thiago cantando bem diferente do estilo que eu esperava dele e outro fato que merece menção foram os vídeos no telão do palco sincronizados com as músicas tocadas ao longo de uma hora de apresentação.
Após a primeira música, eu entendi porque eu não sou fã da banda. Veja bem, o público curtiu bastante, não há como negar, mas não consegui me identificar com o som do Noturnall, a não ser na ótima versão de “O Tempo Não Para” que tem a participação em estúdio de um dos maiores artistas brasileiros vivos, o MARAVILHOSO Ney Matogrosso, o que me fez pensar em uma coisa. Acho que o Thiago Bianchi deveria se cercar de compositores que pudessem dar um formato melhor a sua arte, tipo como o Bon Jovi fez com o Desmond Child e desse ponto em diante, a carreira dos americanos decolou, mas quem sou eu na fila do pão para dizer para um artista o que fazer, até porque a grande maioria aprovou o show com louvor. No mais, sincero e honestamente, desejo toda sorte para o Bianchi que de fato é um batalhador do Heavy Metal brasileiro.
PATY SIGILIANO
PATY SIGILIANO
PAUL DI’ANNO
Então chegamos ao momento mais esperado da noite, a volta de Paul Di’Anno aos palcos após severos problemas de saúde que o deixaram atualmente em uma cadeira de rodas. Acompanhando basicamente do Noturnall e com o guitarrista Nolas do Electric Gypsy na guitarra junto ao Leo Mancini, essa noite teve um atrativo especial. O multi-instrumentista da banda da Marisa Monte e filho de Carlinhos Brown, Chico Brown, estava no palco para compor o trio de guitarras e antes de iniciar de fato minha resenha, como foi bom ver o Chico cantando as músicas e visivelmente emocionado por estar ali. No mainstream ainda temos músicos que amam e respeitam nosso gênero musical favorito, senhoras e senhores.
No dia em que se comemorava os 42 anos de lançamento do disco “Killers” do Iron Maiden, a introdução “The Ides Of March” tocada no som da casa, se deu início ao show do velho Paul e de cara a banda atacou com a clássica “Wrathchild” e a partir daí, meus amigos, testemunhamos um momento mágico. Se a ideia era homenagear seus fãs, o que aconteceu foi exatamente o contrário. Com sua voz muito debilitada, a plateia foi o outro integrante de sua banda, cantando TODAS as músicas e levando o vocalista a se emocionar em diversos momentos do show. E essa rapaziada era tão f*da, que cantou até as músicas instrumentais como “Gengis Khan“, essa regida por Paul e “Transylvania”.
PATY SIGILIANO
PATY SIGILIANO
Meus momentos prediletos foram quando tocaram “Purgatory”,Remember Tomorrow” (essa eu não tive como não me emocionar), “Drifter” e “Prowler”, músicas que eu nunca havia escutado anteriormente com sua banda original e só gostaria de fazer um adendo: como toca esse Nolas! Leo Mancini generosamente se colocou como diretor musical da banda, deixando Nolas fazer não só as partes gravadas por Adrian Smith, como vários solos do Dave Murray, vide “Prowler” onde o moleque destruiu!
Finalizando essa noite histórica, pela primeira vez na tour foi tocada “Iron Maiden” e aquele sorriso de todos teimaram em pular de quase cada boca presente. De alma lavada (e suada), o show chegou ao fim com um Paul Di’Anno visivelmente exausto, porém feliz e isso já me bastou para justificar a minha presença ali.
PATY SIGILIANO
Nossos agradecimentos a Estética Torta pelo credenciamento e cortesia. Também nossos agradecimentos a fotógrafa Patty Sigiliano, e a Igor Miranda, por ter nos cedido as fotos.

Marcio Machado

Formado em História pela Universidade Estadual de Minas Gerais. Fundador e editor do Confere Só, que começou como um perfil do instagram em 2020, para em 2022 se expandir para um site. Ouvinte de rock/metal desde os 15 anos, nunca foi suficiente só ouvir aquela música, mas era preciso debater sobre, destrinchar a obra, daí surgiu a vontade de escrever que foi crescendo e chegando a lugares como o Whiplash, Headbangers Brasil, Headbangers News, 80 Minutos, Gaveta de Bagunças e outros, até ter sua própria casa!

One thought on “Paul Di’Anno faz show histórico e Sold Out no Rio de Janeiro

  • fevereiro 5, 2023 em 8:17 am
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    “Prowler” tem na coletânea ao vivo A Real Dead One (1993).

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