Pentagram, Weedevil e Pesta: uma celebração do doom e stoner em São Paulo
Texto: Jéssica Valentim
(Fotos do show serão adicionadas em breve)
No último domingo (30/03), o Fabrique Club, em São Paulo, recebeu a lendária banda norte-americana Pentagram, um dos nomes mais importantes do doom metal. O show fez parte da turnê do novo álbum Lightning in a Bottle, lançado em 31 de janeiro de 2025. Antes da apresentação na capital paulista, o grupo passou por Curitiba, onde se apresentou no dia
- A noite contou ainda com as bandas brasileiras Pesta e Weedevil, que ficaram responsáveis pela abertura.
O Pentagram é uma das bandas pioneiras do doom metal, formada nos Estados Unidos no início dos anos 70. Apesar de enfrentar diversas mudanças de formação e períodos de inatividade, consolidou sua influência no gênero com álbuns como Pentagram (1985), também conhecido como Relentless, Day of Reckoning (1987) e Be Forewarned (1994). Liderado pelo vocalista Bobby Liebling, o grupo se destacou por sua sonoridade sombria e pesada, sendo frequentemente comparado ao Black Sabbath. Músicas como “Forever My Queen”, “Be Forewarned” e “Sign of the Wolf (Pentagram)” se tornaram clássicos do underground.
Pesta abre a noite com energia e peso no Fabrique Club
Formada por Thiago Cruz (vocal), Flávio Freitas (bateria), Anderson Vaca (baixo) e Marcos Resende (guitarra), a banda mineira Pesta foi a primeira a subir ao palco no Fabrique Club, iniciando sua apresentação pontualmente às 19h. Com a casa ainda enchendo, o público recebeu o grupo com entusiasmo, respondendo de forma positiva ao peso do seu som.
Após a terceira música, o vocalista Thiago Cruz parou para contar um pouco sobre a trajetória da banda, formada em 2014, e expressou a felicidade de estar em São Paulo, dividindo o palco com o Pentagram. O discurso rendeu aplausos e gritos animados da plateia.
O som da Pesta tem forte influência do Black Sabbath, mas com uma pegada mais stoner, sem deixar de lado o doom metal e influência do hard rock dos anos 70. Thiago se destacou com sua voz potente e grande alcance, além de uma performance marcante. Desde o início, chamava atenção pelo figurino: uma camiseta, um apanhador de sonhos pendurado no pescoço e uma espécie de echarpe. No decorrer do show, tirou a camisa – o que gerou uma reação divertida do público, que gritou “gostoso”, levando-o a responder, em tom bem-humorado, “obrigado, mãe”.
A banda manteve uma postura enérgica, cada integrante concentrado em sua posição, enquanto o vocalista conduzia a apresentação com bastante presença de palco. O instrumental era carregado de pedais de efeito.
No encerramento, a Pesta sugeriu que tocaria uma música inédita, mas, após alguns acordes, interrompeu abruptamente, deixando no ar se foi por falta de tempo ou apenas para provocar curiosidade. A apresentação chegou ao fim às 19h35, deixando o público aquecido para as próximas atrações da noite.
Setlist Pesta
Anthropophagic Hand of God Witches’ Sabbath Black Death
Words of a Madman
Weedevil entrega um show poderoso e registra álbum ao vivo
Pontualmente às 20h, a banda Weedevil subiu ao palco do Fabrique Club para a segunda apresentação da noite. Com um som mais refinado e técnico, a banda mostrou um instrumental sólido, com destaque para a bateria repleta de viradas e para o peso proporcionado pela presença de dois guitarristas.
Na terceira música, por volta das 20h15, o grupo se apresentou oficialmente e saudou o público, que já demonstrava grande receptividade. A vocalista (nome a confirmar) impressionou com sua voz poderosa, conduzindo a performance com autoridade. Além da musicalidade, o Weedevil também se destacou pelo visual carregado de simbolismos, evocando referências ao King Diamond com um crucifixo invertido no pedestal do microfone, adornado por uma caveira de bode.
O show teve um ritmo intenso e passou rápido, reflexo do imenso talento dos músicos. Apesar de problemas técnicos, como um prato quebrado da bateria, a banda manteve a energia e executou o set sem maiores prejuízos. A ocasião foi ainda mais especial, pois a apresentação estava sendo registrada para um álbum ao vivo, tornando a noite ainda mais significativa para a banda e os fãs.
Embora o Weedevil não seja uma banda nova, sua sonoridade e presença de palco demonstram um potencial enorme para conquistar um público ainda maior. A resposta calorosa da plateia no Fabrique Club deixou claro que quem se permitiu conhecer a banda ao vivo saiu impressionado.
O Weedevil é formado por Flavio Cavichiol (bateria), Poison (vocal), Paulo Ueno (guitarra), Henrique Bittencourt (guitarra) e Rafael Gama (baixo).
Setlist Weedevil Serpent´s Gaze Chronic Abyss of Bane Underwater
Veil of Enchanted Shadows Profane Smoke Ritual
Necrotic Elegy Serenade of Baphomet Hi I’m Lucifer!
Pentagram entrega uma noite intensa no Fabrique Club
Pontualmente às 21h10, os músicos do Pentagram subiram ao palco do Fabrique Club para acertar os últimos detalhes do som. Pouco depois, o icônico Bobby Liebling surgiu para dar início ao show, abrindo com “Live Again”, do recém-lançado Lightning in a Bottle (2025). Em seguida, veio “Starlady”, do álbum Show ‘Em How (2004).
A terceira música da noite foi o clássico “The Ghoul”, do aclamado Relentless (1985). Antes da execução, o público já entoava o nome de Bobby, e a recepção foi efusiva. Nos últimos meses, vídeos do vocalista em estado de transe no palco, encarando o nada, viralizaram nas redes sociais e virou meme. No entanto, quem esperava apenas capturar um desses momentos acabou presenciando uma banda extremamente energética e um show memorável.
Bobby manteve uma comunicação constante com o público, e antes de “I Spoke to Death”, mais uma do novo álbum, declarou que teve uma revelação e que “conversou com a morte”. O setlist seguiu com “When the Screams Come”, do clássico Day of Reckoning (1987), recebida com entusiasmo pelo público, formado majoritariamente por fãs.
Apesar de demonstrar certo incômodo com o retorno do som, Bobby seguiu firme na performance. O momento mais enérgico da noite veio com “Sign of the Wolf (Pentagram)”, que movimentou a pista e gerou até algumas rodas tímidas de mosh (mas com bastante empurrões). Em seguida, a banda apresentou duas faixas recentes: “Might Just Wanna Be Your Fool”, bem recebida pelo público, e “Solve the Puzzle”, que teve uma recepção um pouco mais morna.
A primeira parte do set começou a se encaminhar para o fim com “Thundercrest”, outra do álbum novo, e fechando com “Walk the Sociopath”. A banda ficou fora do palco por poucos minutos antes de retornar para o tão esperado encore. O público recebeu com euforia “Forever My Queen”, clássico absoluto, cantado por quase todos e registrado em vídeo por quase todos presentes. Para encerrar a noite, veio “20 Buck Spin”, deixando claro por que o Pentagram é uma banda que, ao vivo, se torna ainda mais impressionante.
A atual formação do Pentagram conta com Bobby Liebling nos vocais, Tony Reed na guitarra, Scooter Haslip no baixo e Henry Vasquez na bateria. Mais do que atrair curiosos em busca de um momento inusitado de Bobby, a banda provou mais uma vez sua relevância no doom metal e conquistou novos fãs com uma apresentação intensa e cheia de peso.
Setlist Pentagram Live Again Starlady
The Ghoul
I Spoke to Death
When the Screams Come Sign of the Wolf (Pentagram)
Might Just Wanna Be Your Fool Solve the Puzzle
Review Your Choices Thundercrest
Walk the Sociopath
Encore:
Forever My Queen 20 Buck Spin
MUITO LEGAL 《☆》