Ready to be Hated perde de uma vez três membros e futuro é incerto

A banda Ready to be Hated, que conta com Luis Mariutti, perdeu três integrantes de uma só vez, conforme contou o baterista Rodrigo Oliveira em participação no Ibangenscast. Ele disse, conforme transcrito pelo Confere Rock, quando perguntado sobre a sua participação na banda:

‘Bom, na verdade eu não entrei — eu montei isso aí junto com o Quesada. A história real é que estávamos eu e o Quesada em Campos do Jordão. Eu tinha ido fazer um show lá com um grande amigo nosso, o Alê Costa. No retorno desse show, a gente veio de carro, conversando, escutando um monte de banda moderna, e eu falei:

Cara, vamos montar um projeto nosso. Eu, você e…” — o primeiro nome que me veio para trazer para a gente foi o Elliote, ex-guitarrista e vocal do Glória.

Inclusive, eu falei com ele. Ele tava num momento difícil e disse:
Cara, infelizmente agora não dá, mas vamos conversando. Daqui alguns meses, vamos ver. A ideia era trazer um som mais moderno: guitarras de sete, oito cordas, tentar fazer algo assim.”

Na sequência o músico fala sobre a chegada de Mariutti:

“No dia seguinte, o Quesada me liga e fala: Olha, o Luis me ligou aqui… como a gente tá montando esse projeto, o que você acha de colocar ele? Chamar ele pra fazer parte disso aqui? Eu: Ah, legal, bora. Então vai ter reunião quarta-feira lá no teu estúdio.Fechado.”

Rodrigo então comenta sobre como foi a ideia de ter Thiago Bianchi como vocalista:

Na quarta-feira, o Luis — junto com a esposa dele — e o Quesada foram ao meu estúdio, e a gente começou a conversar. Foi aí que surgiu o nome do Bianchi:

— “O que você acha?”
— “Legal. Nunca trabalhei com o Bianchi, vamos lá.”

Eu nunca tive amizade com o Bianchi, e foi uma grata surpresa trabalhar com ele. Hoje o Thiago é meu amigo. Foi realmente uma surpresa boa.

Rodrigo então explica que as coisas não foram exatamente todas planejadas como deveriam:

Só que foi uma loucura essa banda. A gente sentou, fez um cronograma e, dois dias depois, eu já estava indo pro estúdio do Thiago com uma batera que tinha lá, sem saber de nada. Tipo: “Vamos compor.”
Cheguei lá, ele disse: “Pega uma baqueta qualquer, senta na batera que tá montada e grava.”
Aí já gravou três músicas. Já chegamos gravando o single novo.

Eu falei: “Cara, eu não estava preparado para isso, não.”
E ainda tinha mais duas músicas para gravar na semana seguinte, no meu estúdio.

A verdade é que ninguém dessa banda tinha muito tempo. O Thiago com o Noturnall e turnês, o Quesada com o Kiko Loureiro + Rock e carreira solo, o Luiz com a Mariutti Team, carreira solo, álbum recém-lançado, e ainda o Shaman. Ninguém tinha tempo, então tinha que ser corrido — só que eu não esperava que fosse tão corrido.

O baterista então conta que os shows em grandes festivais não deram muito certo e não foram como poderia ter sido planejado anteriormente:

“A gente fez o show no Bangers. Tivemos vários problemas técnicos. Para o público, conversando depois, pareceu legal; mas pra gente, em cima do palco, foi péssimo. Péssimo mesmo. Eu não me ouvi direito, ninguém se ouviu direito, e a execução não foi como a gente tinha ensaiado.

Depois teve o The Town e foi um pouco melhor, mas ainda com problemas técnicos.
Acho que o maior problema da Ready to Be Hated foram fatores técnicos externos ao palco. Entre nós quatro, lá em cima, não tinha problema — era equipamento, logística, coisas assim.

Depois do The Town, nós não nos falamos mais. E… tá aí. Não sei se alguém vai continuar com a banda. A gente teve uma conversa, antes do The Town, sobre continuar ou não. Eu não vou continuar; acredito que o Quesada também não, e o Bianchi também não.
Então meio que ficou na mão do Luis. Não sei se ele vai seguir com outra formação ou não. Mas nós três não fazemos mais parte da Ready to Be Hated.

Isso nunca foi divulgado em lugar nenhum porque a gente não achou importante sair falando.


Rodrigo explica que a ideia inicial desse projeto não era ser mais um “agregado” ao “Angraverso”, e que isso acabou acontecendo ao longo do tempo:

Cara… acho que eu nunca parei pra pensar sobre isso. O que eu queria montar ali com o Quesada, no primeiro papo, não era isso. Eu nunca fui “filho de Angra”, sabe? Nunca fui desse universo Angra/ Shaman/ metal melódico. Sou amigo de todo mundo, admiro todos, mas não venho desse universo.

Tanto que estou compondo uma trilha com o Rafa Bittencourt. Já trabalhei com Andreoli algumas vezes. O Bruno eu conheço de concursos de bateria — fui eu que indiquei ele pro Kiko Loureiro no começo. Já fui convidado pra tocar com eles na saída do Confessori, e também na saída do Aquiles. Mas não rolou, acho que porque eu não tenho essa linguagem do power metal, que admiro muito — ainda mais com o Bruno tocando, que é um monstro.

Então, por não vir desse “Angraverso”, eu não sabia o que esperar. Me deram algo que fugiu totalmente do que imaginei no começo. Na primeira composição, já saiu completamente diferente.

Eu sempre fui um cara de banda, não de projetos solo. Tanto que estou há 28 anos no Korzus. Se eu não fosse um cara de banda, não estaria lá até hoje.

Então, não tive frustração porque eu já tinha mudado a expectativa. Eu já sabia que não ia sair o som que eu queria desde o início. Então não me frustrei.


Por fim, Rodrigo revela se pretende criar algum novo projeto paralelo ou nova banda com a intenção inicial que o Ready to be Hated tinha:

Não. Já coloquei na cabeça que chega. Vou me dedicar 100% ao Korzus.

Estou num momento de relembrar de onde eu vim, dos meus 17 anos, quando comecei no Korzus. Estou voltando às minhas raízes.
Então: sem projeto paralelo, sem nada. Tudo 100% focado no Korzus.

Se for colocar algo mais moderno, uma afinação mais baixa, algum peso diferente, vai ser dentro do Korzus. Tudo que eu quiser criar, vou tentar levar pra dentro da banda. Se não couber, paciência. Talvez um vocal melódico em uma música, com participação especial, já me satisfaz.

Criar banda paralela… não. Cansei. Tentei nos últimos anos, mas agora chega.


O trecho pode ser visto abaixo:

Marcio Machado

Formado em História pela Universidade Estadual de Minas Gerais. Fundador e editor do Confere Só, que começou como um perfil do instagram em 2020, para em 2022 se expandir para um site. Ouvinte de rock/metal desde os 15 anos, nunca foi suficiente só ouvir aquela música, mas era preciso debater sobre, destrinchar a obra, daí surgiu a vontade de escrever que foi crescendo e chegando a lugares como o Whiplash, Headbangers Brasil, Headbangers News, 80 Minutos, Gaveta de Bagunças e outros, até ter sua própria casa!

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