Red Hot Chilli Peppers: 30 anos de “One Hot Minute”
Há 30 anos, em 12 de setembro de 1995, o Red Hot Chilli Peppers lançava “One Hot Minute“, o sexto álbum da banda californiana, que é tema do nosso bate-papo desta sexta-feira.
Após o estrondoso sucesso que o álbum antecessor “Blood Sugar Sex Magik“, lançado em 1991, o guitarrista Jon Frusciante se sentiu desconfortável com a fama que a banda alcançou, e em 1992, ele, que estava viciado em heróina, acabou saindo. Vários guitarristas foram tentados, sem muito êxito. O Red Hot Chilli Peppers esteve no Brasil em 1993 e Arik Marshall foi o titular das seis cordas, mas ao final daquele ano, eles convidaram Dave Navarro, ex-Jane’s Addiction, após sugestão de Chad Smith.
Após o final da turnê, todos se reuniram para o início dos trabalhos, visando o que viria a ser nosso trintão e a banda se juntou mais uma vez ao produtor Rick Rubin. Eles gravaram o álbum entre junho de 1994 e fevereiro de 1995. Dois estúdios foram utilizados: o The Sound Factory e o Sound City, ambos na Califórnia. A mudança de guitarrista provocou uma mudança na sonoridade da banda, que abordou riffs mais pesados e flertou com o Rock Psicodélico.
As letras falavam dos momentos vividos por Anthony Kiedis, que estava viciado em heróina e cocaína, depois de ficar sóbrio por cinco anos. Ele cantou sobre os efeitos nocivos e trouxe uma perspectiva de muita reflexão sobre o vício, o que deu ao álbum uma característica sombria e melancólica. “Tearjerker” é uma espécie de homenagem à Kurt Cobain, que havia cometido suicídio um pouco antes.
No meio das gravações, o Red Hot Chilli Peppers fez uma pausa. A razão era bem plausível, pois a banda iria se apresentar na edição de 1994 do lendário festival Woodstock, que marcou a estreia de Dave Navarro. Como dito mais acima, Kiedis havia retomado o vício em drogas, tudo porque, depois de um procedimento odontológico, ele fez uso de um sedativo viciante, que desencadeou no vocalista um efeito dominó.
Ainda que nos primeiros ensaios, o entrosamento entre Dave Navarro e o restante da banda tenha sido um sucesso, as coisas não funcionaram tão bem quando no estúdio. O guitarrista trouxe novas influências para a banda, e em 1996, ele deu a seguinte declaração para a revista Guitar World. Aspas para ele:
“Isso realmente não fala comigo. Mas, novamente, quando estou tocando com três outros caras que eu amo e sinto camaradagem, é agradável tocar funk.”
O álbum é composto por treze canções e tem duração de 61 minutos. É bastante diferente dos discos anteriores do Red Hot Chilli Peppers, principalmente, “Blood Sugar Sex Magik“. Claro que há partes de Groove e Funk, as características pelas quais a banda sempre se destacou, mas é um disco mais pesado. Os destaques ficam por conta de faixas como “Warped“, “Aeroplane“, “My Friends“, “One Big Mob” e “Pea“. Longe de ser lembrado pelos fãs da banda como um dos melhores álbuns, mas também está longe de ser desprezível.
A receptividade entre os fãs não foi tão boa, e entre os críticos, as resenhas foram mistas, com a maioria dos críticos avaliando o álbum como mediano. Ainda assim, o álbum teve boa presença nas paradas de sucesso: foi topo na Austrália, Europa, Finlândia, Nova Zelândia e Suécia, 2° na Noruega, Suiça e Reino Unido, 3° na Bélgica, Alemanha e França, 4° na “Billboard 200” e na Áustria, 5° nos Países Baixos, 6° no Canadá, 7° na Escócia, 8° na Itália, 20° na Espanha e 39° na Hungria.
Em uma época que os artistas ainda vendiam discos, o que hoje é cada vez mais raro, “One Hot Minute” foi um sucesso de vendas e isso fez com que a banda fosse premiada em diversos países: foi certificado com Disco de Ouro na Argentina, Áustria, Bélgica, Países Baixos, Espanha, Suiça e Reino Unido; foi Platina no Canadá, França, Japão e Nova Zelândia; Duplo Platina nos Estados Unidos e Triplo Platina no Canadá.
A banda saiu em turnê, onde tocou nos Estados Unidos, depois partiram para Austrália, Nova Zelândia, e por fim, foram para a Europa. Kiedis passou boa parte da turnê sóbrio, enquanto Navarro começava a se afundar no vício em drogas e isso acabou por causar um estresse interno, pois ele não queria fazer turnês. Em 1998, ele acabou saindo da banda. Somente as músicas “Tearjerker” e “Falling Into Grace” não foram tocadas na tour, e somente “Pea” ainda é tocada até hoje. Jon Frusciante, hoje de volta ao grupo, disse que nunca ouviu o álbum é que escutá-lo, lhe dá a sensação de ver sua namorada com outro cara.
Chad Smith, por sua vez, deu uma entrevista em 2014, onde falou sobre a pouca proximidade da banda com este álbum e porque eles não tocam muitas músicas de nosso aniversariante ao vivo. Aspas para ele:
“Nós realmente não nos sentimos mais tão conectados a esse disco. Nenhuma razão especial, não quer dizer que nunca tocaríamos essas músicas, mas não nos sentimos tão emocionalmente conectados a essa música agora.”
Apesar do esquecimento da própria banda em relação ao álbum, hoje é dia de celebrarmos esse “One Hot Minute“. Completar trinta anos não é para qualquer um e a banda segue em plena atividade e os fãs aguardam o sucessor de “Return of the Dream Canteen“, lançado em 2022. Já está na hora de a banda nos presentear com um novo play. Deixemos nosso aniversariante como sugestão para audição no dia de hoje.
One Hot Minute – Red Hot Chilli Peppers
Data de lançamento – 12/09/1995
Gravadora – Warner Bros
Faixas:
01 – Warped
02 – Aeroplane
03 – Deep Kick
04 – My Friends
05 – Coffee Shop
06 – Pea
07 – One Big Mob
08 – Walkabout
09 – Tearjerker
10 – One Hot Minute
11 – Falling into Grace
12 – Shallow Be Thy Game
13 – Transcending
Formação:
Anthony Kiedis – vocal
Flea – baixo
Chad Smith – bateria
Dave Navarro – guitarra
Participações especiais:
Lenny Castro – percussão em Walkabout, My Friends, One Hot Minute, Deep Kick e Tearjerker
John Lurie – harmônica em One Hot Minute
Tree – violino em Tearjerker
Stephen Perkins – percussão em One Big Mob
Kristen Vigard – vocal de apoio em Falling Into Grace
Aimee Echo – vocal de apoio em One Hot Minute e One Big Mob