Resenha: Apocalyptica – “Plays Metallica Vol. 2”

Após 4 anos, o Apocalyptica está de volta com “Plays Metallica Vol. 2“, o décimo full-lenght dos veteranos finlandeses que revolucionaram a música pesada quando resolveram fazer versões do próprio Metallica em seu álbum de estreia, “Play Metallica by Four Cellos“, em 1996.

A iniciativa deu tão certo que no álbum posterior, eles foram homenageando mais e mais bandas, como Sepultura, Faith no More e Pantera, depois lançaram álbuns com composições próprias, algumas com letras e hoje os caras têm até mesmo um baterista. E quem teve a oportunidade de vê-los em ação durante a passagem da banda pelo Brasil, no início deste ano, pôde ter a única experiência que é a transformação do Heavy Metal em uma ópera.

Então, pegar um punhado de canções eternizadas pela maior banda de Heavy Metal do planeta, fazer versões e colocar em um CD é 90% de chance de sucesso na empreitada. E eles não fizeram o que deles se esperava, que é “somente tocar os quatro cellos”. Aqui temos além da já citada bateria, linhas de baixo e participação inclusive, dos próprios membros do Metallica, como James Hetfield, que recita os versos que ele originalmente gravou em “One“. Robert Trujillo tocou baixo em “The Four Horseman” e “One“. Seu filho, Tye Trujillo tocou em cinco músicas. Dave Lombardo também emprestou seu talento em “Blackened“. E até as linhas de baixo originalmente gravadas por Cliff Burton em “The Call of Ktulu“, foram incluídas na mesma canção, regravada pelo quarteto.

O resultado, claro, foi espetacular. Sem o menor exagero, as novas versões estão melhores do que quando tocadas pelo próprio Metallica nos dias atuais. O repertório incluiu três canções do “…And Justice for All“, duas do “Ride The Lightning“, uma do “Black Album“, uma do “Kill’ Em All” e até as desnecessárias “St. Anger” e “The Untorgiven II” foram lembradas, mas bem que poderiam dar lugar para canções do “Master of Puppets“, que desta vez fora esquecido.

O álbum foi gravado em diferentes períodos do ano de 2023: a banda ocupou o estúdio JHOC, em Pasadena, Califórnia, durante os meses de maio, julho e setembro. Na produção, Joe Barresi e a arte da capa, belíssima por sinal, é assinada por Rami Mursula. A bolacha foi lançada no dia 7 de junho, somente na gringa, através do selo Throwdown Entertainment em CD, vinil é também nas plataformas de streaming.

Como dissemos, eles gravaram nove canções e em quase todas, o resultado é sensacional. “Ride The Lightning“, “Blackened“, “The Call of Ktulu” e “The Four Horseman” são os grandes destaques. Em “Holier Than You” eles mudaram os arranjos de tal forma que é difícil reconhecer a música de primeira. Eles ainda incluíram ao final desta, os riffs tradicionais de “Enter Sandman“. “One“, embora tenha belas partes sinfônicas, gravadas pela Budapest Art Orchestra, o fato de James Hetfield ter recitado a letra e não cantado, tirou bastante da característica da música.

O trabalho de produção é brilhante e podemos afirmar sem cerimônia alguma que se trata de um dos melhores álbuns já lançados pelo Apocalyptica. O álbum é também o último a contar com o baterista Mikko Sirén. Ele não veio ao Brasil para os shows no início deste ano, mas deixou suas partes gravadas, então foi uma despedida com chave de ouro.

O álbum é um prato cheio para os fãs do Metallica e também para os que admiram as versões neoclássicas que o Apocalyptica faz, de maneira brilhante, para os grandes clássicos do Rock e do Heavy Metal.

NOTA: 8.0

Flávio Farias

Fã de Rock desde a infância, cresceu escutando Rock nacional nos anos 1980, depois passou pelo Grunge e Punk Rock na adolescência até descobrir o Heavy Metal já na idade adulta e mergulhar de cabeça na invenção de Tony Iommi. Escreve para sites de Rock desde o ano de 2018 e desde então coleciona uma série de experiências inenarráveis.

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