Resenha: Belphegor – “Blood Magick Necromance” (relançamento)
Belphegor nunca foi uma banda de se acomodar, mas com “Blood Magick Necromance” os austríacos mostram um salto de maturidade que talvez poucos esperassem. O disco, relançado pela parceria Nuclear Blast e Shinigami Records, é daqueles trabalhos que conquistam já nos primeiros minutos e mantêm o ouvinte preso até o fim, sem espaço para monotonia.
Logo de cara, a abertura com “In Blood – Devour This Sanctity” entrega tudo que os fãs mais exigentes poderiam pedir: peso, técnica e uma produção cristalina assinada por Peter Tägtgren, que potencializa a brutalidade da banda sem abrir mão da clareza. O equilíbrio entre riffs agressivos e passagens mais atmosféricas mostra que o grupo aprendeu a explorar suas nuances como nunca antes.
Se antes álbuns como “Goatreich – Fleshcult” e “Pestapokalypse VI” pecavam por certa uniformidade, aqui a sensação é exatamente oposta. Cada faixa tem identidade própria. “Rise to Fall and Fall to Rise”, com suas camadas sinfônicas que desembocam em refrões memoráveis, poderia facilmente figurar entre os melhores momentos da carreira da banda. Já “Possessed Burning Eyes 1997” exala fúria e precisão, enquanto “Impaled Upon the Tongue of Sathan” traz uma carga melódica que contrasta com a escuridão tradicional do black metal, mas sem jamais soar artificial.
Até mesmo quando o Belphegor entrega algo mais direto, como em “Discipline Through Punishment”, a faixa cumpre seu papel, trazendo um clima mais ríspido, mas ainda assim com passagens cativantes — incluindo um solo inesperado que injeta vida extra na composição. O fechamento com “Sado Messiah” é um verdadeiro ritual sonoro, coroando o disco com intensidade épica e reafirmando que a banda atingiu um novo patamar.
O que diferencia “Blood Magick Necromance” é justamente o senso de variedade e refinamento. Belphegor conseguiu manter sua essência brutal, mas expandiu horizontes com melodias bem encaixadas e composições que não soam repetitivas. O resultado é um álbum que dialoga com a tradição do black/death europeu, mas que também se destaca entre lançamentos de nomes como Behemoth, Necrophobic e Lost Soul.
No fim das contas, não é exagero dizer que este é um dos pontos altos da carreira da banda. “Blood Magick Necromance” é um trabalho envolvente, pesado e memorável, que deve permanecer como referência para o gênero nos anos seguintes.
NOTA: 8