Resenha: Cancer – “Inverted World” (2025)

O Cancer retorna com força total em “Inverted World”, um trabalho que reafirma o peso e a essência do death metal old school. Desde os primeiros acordes, fica claro que a banda aposta no poder dos riffs como espinha dorsal de sua sonoridade — e eles estão por toda parte, alternando entre passagens técnicas, momentos esmagadores e aquela pegada crua que conquistou fãs desde os anos 90. O disco é lançado pela parceria Peaceville Records e Shinigami Records, reforçando sua distribuição para diferentes públicos.

A maior parte das faixas se mantém em um andamento médio, favorecendo grooves pesados e estruturas que respiram a velha escola, mas sem cair na monotonia. Há momentos de aceleração, porém nunca se rendendo aos extremos dos blast beats. A guitarra entrega um timbre áspero e encorpado, enquanto os vocais mantêm aquela ferocidade típica, lembrando nomes como Benediction e Bolt Thrower.

A produção é um ponto alto: densa, coesa e equilibrada, permitindo que cada instrumento tenha presença sem perder o peso característico. É o tipo de mixagem que não tenta modernizar demais, mas também não soa datada — perfeita para o estilo.

As letras passeiam por temas variados e intensos. Em “Test Site”, o clima é de puro thrash metal com uma abordagem sobre a destruição nuclear, remetendo ao espírito contestador dos anos 80. “Amputate” mergulha em uma narrativa pesada sobre o colonialismo belga no Congo no século XIX, enquanto “Corrosive” revive a brutalidade de um assassinato envolvendo banho de ácido, consolidando-se como uma das faixas mais impactantes.

Sem reinventar a roda, “Inverted World” é um álbum que respira paixão pelo death metal, com composições sólidas, execução impecável e uma produção à altura. Para quem valoriza riffs marcantes, peso sem frescuras e letras que fogem do óbvio, este é um lançamento que merece estar na coleção.

NOTA: 7 

Marcio Machado

Formado em História pela Universidade Estadual de Minas Gerais. Fundador e editor do Confere Só, que começou como um perfil do instagram em 2020, para em 2022 se expandir para um site. Ouvinte de rock/metal desde os 15 anos, nunca foi suficiente só ouvir aquela música, mas era preciso debater sobre, destrinchar a obra, daí surgiu a vontade de escrever que foi crescendo e chegando a lugares como o Whiplash, Headbangers Brasil, Headbangers News, 80 Minutos, Gaveta de Bagunças e outros, até ter sua própria casa!

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