Resenha: Cavalera – “Bestial Devastation” (2023)

Os irmãos Cavalera aproveitaram para regravar também o primeiro EP, “Bestial Devastation“, lançado originalmente como um split com os conterrâneos do Overdose. Aqui, os irmãos foram curtos e grossos em refazer a pedra fundamental do Heavy Metal brasileiro.

Se em “Morbid Visions” os irmãos lapidaram e deixaram o som mais brutal e moderno, aqui eles foram mais além, passaram o carro com força sem nem saber quem estava na frente. Quase 40 anos depois, Max e Iggor conseguiram se reinventar e entregaram um material 100% honesto e carregado de fúria.

É impressionante notar que músicas como a faixa título, “Necromancer” e “Antichrist“, ganharam nesta nova roupagem. Curioso que o Sepultura na época dos irmãos tocava essas duas ao vivo, sendo que “Antichrist” sofreu uma leve mudança na letra e como é uma composição de Wagner Lamounier, que saiu para montar o Sarcófago, Max promoveu essa mudança, chamando-a de “Anticop“, mas aqui no EP, ele manteve o original.

A produção está impecável e isso fica nítido quando escutamos o play, que é curto. A única coisa que o ouvinte quer é repetir até a exaustão. É muito curto, são apenas vinte minutos e isso porque eles incluíram uma música nova, “Sexta-feira 13“, cantada em português e que também ficou matadora, soando como o Discharge, só que com bem mais técnica.

É uma sensação maravilhosa rever os dois irmãos tocando juntos novamente as primeiras canções que escreveram quando eram adolescentes. E também uma excelente oportunidade para quem não teve a sorte de testemunhar a oportunidade no passado. E o que é melhor, com uma fúria absurda no som. Revisitar o passado é voltar as origens, onde tudo começou. Não existiria o Sepultura sem esse EP. Eles são o que são porque começaram aqui.

Agora é só aguardar a tour de celebração dos dois lançamentos passar pelo Brasil. Enquanto isso não acontece, a gente vai batendo cabeça escutando esse tesouro. “Bestial Devastation” não foi o primeiro lançamento brasileiro de Heavy Metal, mas foi o lançamento da primeira banda que mostrou ao mundo que o nosso país apesar de ser um antro de música ruim, é também um rico celeiro da música pesada. E aqui temos o verdadeiro Sepultura tocando suas canções lá do seu início. Estamos diante do Alpha do Heavy Metal brasileiro.

NOTA: 10

*Leia aqui a resenha de Cavalera – “Morbid Visions

Flávio Farias

Fã de Rock desde a infância, cresceu escutando Rock nacional nos anos 1980, depois passou pelo Grunge e Punk Rock na adolescência até descobrir o Heavy Metal já na idade adulta e mergulhar de cabeça na invenção de Tony Iommi. Escreve para sites de Rock desde o ano de 2018 e desde então coleciona uma série de experiências inenarráveis.

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