Resenha: Dimmu Borgir – “Death Cult Armageddon” (relançamento)

O black metal foi um som que como tantas outras vertentes do metal, foi se modificando ao longo dos anos e saindo do seu lado mais grotesco e tomando formas mais melodiosas e com mais andamentos muitas vezes complexos.

Este foi o caso do Dimmu Borgir, que ao longo de usa trajetória, foi traçando rumos diferentes e criando uma música grandiosa, cheia de elementos e camadas, o que fez com que muitos fãs mais hardcore do estilo apontassem a banda como vendida e longe do movimento.

Entre o final dos anos 90 e começo dos 2000, o Dimmu Borgir fez uma série de lançamentos monstruosos em diversos sentidos, alcançando o seu ápice com o titânico “Puritanical Euphoric Mysanthropy“, e quando todos acharam que esse seria o seu máximo, eles repetiram a dose com o todo poderoso “Death Cult Armageddon“, lançado originalmente em 2003, e agora, ganha um relançamento pela parceria Nuclear Blast/Shhinigami Records.

Com um produção impecável e músicas que são verdadeira obras primas, como a abertura caótica e densa de “Allegiance”, que traz melodias e riffs cavalares e um vocal monstro de Shagrath, que é sem dúvidas um dos melhores vocalistas do metal extremo. A sequência surge um dos maiores hinos que o heavy metal já produziu em toda sua história. A poderosa e icônica “Progenies of the Great Apocalypse” é um titã em fúria, falando sobre guerras em sua letra, riffs cavalgados, um vocal marcante, andamento dinâmico e sua apoteose nos vocais de Vortex em um momento dramático da faixa, a tornaram um grandioso momento que ecoa pelos anos e nunca saiu do setlist da banda, não a toa. Vredesbyrd é outro grande momento do disco, com tons mais rápidos e não perdendo o peso em momento algum, cantada em norueguês, idioma original da banda e que deixa o seguimento com um charme a mais. “For the World to Dictate Our Death” parece um meteoro em rota de colisão com uma introdução de bateria esmagadora, obras das mãos insanas de Nicholas Barker, um dos maiores nomes da bateria extrema e um verdadeiro gênio das baquetas. “Blood Hunger Doctrine” se destoa do resto do disco e poderia facilmente ser a trilha sonora de um faroeste apocalíptico com seu tom arrastado, climático e denso e uma das faixas do álbum que podem ser bastante subestimada, com belas linhas de piano compostas e executadas por Mustis.Allehelgens Død i Delveds Rike” é uma das mais diabólicas composições vocais que Shagrath nos entregou, com uma presença insana de monstruosa. “Cataclysm Children” é uma paulada sem freio, rápida, visceral e carregada de presença.

Durante uma hora, o Dimmu Borgir entrega um dos registros mais monstruosos que o heavy metal já viu em sua história, e a experiência de ouvir o disco do começo ao fim é surreal, uma verdadeira obra prima sem dimensão e que pode figurar facilmente como uma dos maiores discos da primeira década de 2000. Se você ainda não ouviu, corre agora mesmo, compre o disco, que por sinal tem artes incríveis e deixa rolar, vai ser algo surreal.

NOTA: 10 

Marcio Machado

Formado em História pela Universidade Estadual de Minas Gerais. Fundador e editor do Confere Só, que começou como um perfil do instagram em 2020, para em 2022 se expandir para um site. Ouvinte de rock/metal desde os 15 anos, nunca foi suficiente só ouvir aquela música, mas era preciso debater sobre, destrinchar a obra, daí surgiu a vontade de escrever que foi crescendo e chegando a lugares como o Whiplash, Headbangers Brasil, Headbangers News, 80 Minutos, Gaveta de Bagunças e outros, até ter sua própria casa!

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