Resenha: Dimmu Borgir – “Godless Savage Garden” (relançamento)

Após o sucesso estrondoso de “Enthrone Darkness Triumphant” (frequentemente abreviado como EDT), o Dimmu Borgir rapidamente se estabeleceu como uma das principais forças do black metal sinfônico. Atenta ao momento da banda, a gravadora Nuclear Blast não perdeu tempo e decidiu lançar um novo material para consolidar o grupo no topo do gênero. Assim nasceu “Godless Savage Garden“, lançado pouco mais de um ano após o álbum que os catapultou à fama e que agora ganha relançamento pela parceria Nuclear/Shinigami Records.

Neste EP, o Dimmu Borgir apresenta duas faixas inéditas: “Moonchild Domain” e “Chaos Without Prophecy“. Ambas se afastam um pouco da intensidade explosiva de EDT, optando por uma abordagem mais arrastada e atmosférica, com influências doom evidentes. As tradicionais blastbeats aparecem apenas nos momentos finais de cada faixa, funcionando mais como um clímax do que como base rítmica. “Moonchild Domain” abre o EP com um riff simples e cadenciado, equilibrando passagens melódicas e trechos com teclados em destaque. Já “Chaos Without Prophecy” explora ainda mais essa ambientação lenta, criando uma sonoridade densa e hipnótica.

O contraste com o disco anterior é intencional – não apenas musicalmente, mas também em termos líricos. Enquanto “Enthrone Darkness Triumphant” mergulhava no satanismo aberto, “Godless Savage Garden” transporta o ouvinte para um mundo mais etéreo e fantástico, refletido inclusive na arte da capa, que sugere um universo de misticismo sombrio.

Além das faixas novas, o EP inclui regravações de duas músicas do primeiro disco da banda, “For All Tid“: “Raabjorn Speiler…” e “Hunnerkongen”. Ambas demonstram como a evolução técnica e sonora da banda fez diferença. “Raabjorn Speiler…” é mais atmosférica e contemplativa, enquanto “Hunnerkongen” aparece em uma versão mais veloz e energética, com um riff central de forte influência hardcore. Essas reinterpretações servem não só para atualizar as faixas como também para valorizar o material do debut, mostrando que havia muito mais complexidade por trás da produção crua da época.

Com seus 41 minutos de duração, “Godless Savage Garden” pode facilmente ser confundido com um álbum completo. É uma obra que vai além do papel típico de EP, oferecendo aos fãs tanto material novo quanto versões aprimoradas de faixas antigas, além de bônus ao vivo. Os registros ao vivo — retirados de apresentações baseadas no repertório de EDT — capturam a intensidade do Dimmu Borgir nos palcos durante o auge de sua criatividade, entre 1996 e 2000.

O destaque técnico do EP fica por conta do guitarrista Astennu, cuja atuação nas guitarras solo adiciona ainda mais refinamento ao som do grupo. E, para completar, o EP inclui uma excelente releitura de “Metal Heart“, clássico da banda Accept, encerrando o disco com uma homenagem poderosa ao heavy metal tradicional.

No fim, “Godless Savage Garden” não é apenas um lançamento complementar. É uma peça significativa na discografia do Dimmu Borgir, recomendada tanto para fãs antigos quanto para quem deseja conhecer a fase clássica da banda.

NOTA: 7 

Marcio Machado

Formado em História pela Universidade Estadual de Minas Gerais. Fundador e editor do Confere Só, que começou como um perfil do instagram em 2020, para em 2022 se expandir para um site. Ouvinte de rock/metal desde os 15 anos, nunca foi suficiente só ouvir aquela música, mas era preciso debater sobre, destrinchar a obra, daí surgiu a vontade de escrever que foi crescendo e chegando a lugares como o Whiplash, Headbangers Brasil, Headbangers News, 80 Minutos, Gaveta de Bagunças e outros, até ter sua própria casa!

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