Resenha: Ghost – “Skeletá” (2025)
Quer você queira aceitar ou não, o Ghost está se tornando a principal potência dentro do rock mundial há uns bons anos, e a cada novo lançamento seu, um verdadeiro culto é formado em torno da banda.
Da mesma forma, o seu mentor, Tobias Forge, ou Papa V Perpetua, sua atual encarnação, se assim preferir, é um dos caras mais inteligentes dentro da indústria da música hoje, e ele sabe muito bem conduzido seu “trem”, e se com esse início um tanto superlativo, você sentiu exagero e está se mordendo de raiva por tantos elogios ditos, e tudo foi um monte de bobagens ditas ou algo do tipo, então é a principal prova do que acabei de lhe escrever.
Em “Skeletá”, sua nova produção, o Ghost se abre mais do que nunca para homenagear e aflorar o seu gosto pelos anos 80, e não se “avexa” nenhum pouco em escancarar isso.
Desde o lançamento de “Prequell”, e passando pelo excelente “Impera“, a banda se ancorou em uma estética que consegue colocar em um liquidificador, o Purple e a Madonna e disso resultar em uma mistura que realmente funciona, e funciona muito bem.
E adentrando nessa nova “missa”, o coro fino e alinhado enunciam “Peacefield”, a faixa de abertura e já conhecida do público e não haveria forma melhor abrir o trabalho, com riffs grudentos que parecem uma versão encorpada de uma música do David Guetta, a ponte para o refrão passeia lindamente em dinâmica grandes e marcantes, descambando para uma parte principal simplesmente grandiosa. “Lachryma” traz riffs mais pesados alinhados a voz melódica de Tobias, e é fácil uma das melhores faixas do disco com outro refrão grandão e que com certeza vai explodir nos shows.
“Satanized” é quem fecha a trinca de abertura e não é menor do que suas antecessoras. Melódica e cadenciada, a faixa tem um ar de algo do terror oitentista, e traz belas melodias pré refrão. Um ótimo trabalho de guitarras surge por aqui, num dos melhores momentos do disco. “Guiding Lights” é uma bonita balada gótica, e que provavelmente será mais um grande momento dos shows. “De Profundis Borealis” parece se tratar de mais uma balada, mas logo estamos diante de teclados climáticos e riffs de guitarras “galopantes” e faixa toma seu rumo linear, se com ótimas linhas vocais e um belo exemplar de lado B que não faz só o papel de preencher o disco. “Cenotaph” é a música mais apagada que encontraremos por aqui, sem muito o acrescentar a não ser dar algum respiro ao todo e tirar seu tempo para descansar. “Missilia Amori” é grudenta e melódica, com marcações de guitarras que poderiam figurar um bom rock dos anos 80. E provavelmente você esteja lendo bastante as palavras “melódica” e “oitentista” por aqui, e não a toa, porque como antes dito, o Ghost apostou alto nessas duas nuances por aqui e consegue fazer uma fórmula grande e certeira com isso por aqui. “Marks of the Evil One” é o momento mais próximo do Ghost tradicional e antigo, e aqueles que amavam esse lado da banda, eis aí o seu presente, mas claro que isso é aliado ao “modernismo” do grupo. “Umbra” traz teclados iniciais característicos de uma década, para logo abrir espaço para riffs ágeis e com andamento groovado e a voz do Papa V Perpetua soa com tom um pouco mais grave nas primeiras palavras, caminhando a música para um crescendo e a música abre espaço para “Excelsis”, que começa em tom de drama, segue mais calma, mais branda, com o trabalho de encerrar o registro de forma como uma homilia da missa negra.
O Ghost, ou melhor, Tobias Forge, se entrega a suas raízes e coloca sem medo o seu novo degrau em uma história que se agiganta mais e mais a cada ano e a cada lançamento e que sem dúvidas, já estampou seu nome no panteão dos grandes. O rock? Ahhh o rock vai muito bem, obrigado.
NOTA: 9