Resenha: Gorefest – “False” (relançamento)
Com “False”, o Gorefest entrega uma de suas faces mais densas e ambiciosas. Lançado em 1992 pela Nuclear Blast, o disco marca uma evolução clara em relação ao som cru de seu antecessor, mantendo a brutalidade do death metal, mas incorporando grooves mais cadenciados, solos elaborados e uma atmosfera mais madura.
Uma das grandes forças de “False” está na técnica impecável da banda. A guitarra se sobressai por usar muitos acordes abertos em vez do tradicional tremolo picking do death metal, o que cria riffs mais densos e molhados, sem perder a ferocidade. Os leads também impressionam: há momentos mais atmosféricos, outros com solos bem trabalhados, que equilibram bem agressão e melodia. A seção rítmica é igualmente destaque: o baixo é bem audível e acompanha as guitarras de forma grossa e firme, enquanto a bateria de Ed Warby alterna entre passagens velozes com duplo pedal e viradas envolventes, mantendo a tensão viva ao longo do álbum.
No vocal, Jan-Chris de Koeijer entrega um growl poderoso, com uma textura gutural bem densa, quase grindcore em alguns momentos, mas sem abrir mão da clareza — algo que ajuda a fazer com que as letras, muitas vezes críticas a hipocrisias sociais e religiosas, ganhem peso. Sputnikmusic
A produção de Colin Richardson merece aplausos: o som é ao mesmo tempo limpo e espesso, proporcionando uma densidade sonora que reforça a brutalidade sem sacrificar a definição dos instrumentos.
Em termos de dinâmicas, o álbum brilha justamente por alternar entre momentos rápidos e furiosos e passagens mais lentas, quase doom. A faixa de abertura, “The Glorious Dead”, é um exemplo claro da agressividade mais acelerada, enquanto músicas como “State of Mind”, “Reality / When You Die” e a faixa-título “False” exploram grooves mais cadenciados com riffs pesados e envolventes. Sputnikmusic Essa variedade mantém o ouvinte preso do começo ao fim, mesmo que, segundo a crítica da Sputnikmusic, o meio do disco tenha menos variações de tempo, o que pode dar uma sensação de monotonia pontual. Sputnikmusic
Apesar da consistência das faixas, não há músicas que se destaquem de forma isolada como grandes hits — o álbum funciona mais como um todo coerente e robusto. Sputnikmusic Segundo essa visão, o peso, o groove e os riffs são tão fortes e bem distribuídos que qualquer escolha de “preferida” depende mais do gosto pessoal do que de defeitos de composição.
Do ponto de vista histórico, “False” representa um momento de maturidade para o Gorefest: a banda assume uma identidade mais técnica e menos visceralmente primitiva, sem abandonar a ferocidade do death metal. Encyclopaedia Metallum Para muitos fãs do old school death metal, esse álbum é essencial, precisamente por equilibrar brutalidade e sofisticação.
Como destaque de faixas, a resenha da Sputnikmusic cita “State of Mind”, “Second Face”, “The Glorious Dead”, “False” e “From Ignorance to Oblivion” como particularmente representativas. Sputnikmusic
Em suma, “False” é um marco na discografia do Gorefest: um álbum que não se apoia apenas na selvageria, mas investe em variação, técnica e composição. Se você aprecia death metal dos anos 90 que foge do convencional esmagador para explorar grooves e melodias, esse disco é uma parada obrigatória.
