Resenha: Impellitteri – “War Machine” (2024)
Nos finais dos anos 70 e início dos anos 80, o cenário do rock presenciou o surgimento de uma nova geração de guitarristas extraordinários, cujas habilidades técnicas definiriam uma era. O sucesso de álbuns como “Van Halen” (do Van Halen) e “Blizzard of Ozz” (de Ozzy Osbourne) trouxe à tona o virtuosismo de Eddie Van Halen e Randy Rhoads, inaugurando a era dos “shredders”. A partir daí, muitas bandas começaram a destacar as habilidades guitarrísticas de seus membros, enquanto outras ainda equilibravam a técnica com o foco na composição e na melodia. Entre os virtuosos menos conhecidos, mas de grande importância, está Chris Impellitteri. Em 2008, a revista Guitar World o elegeu um dos guitarristas mais rápidos de todos os tempos, e sua recente inclusão no Hall da Fama do Heavy Metal, em 2023, só reforça sua relevância no cenário. Agora, com o lançamento de seu 12º álbum, “War Machine”, lançado pela Frontiers Records em parceria com Shinigami Records, Impellitteri retorna com mais um trabalho repleto de riffs marcantes e melodias cativantes.
Ao contrário de muitos de seus contemporâneos no mundo do hard rock e glam metal, Impellitteri sempre optou por uma abordagem mais voltada ao heavy metal tradicional norte-americano. O foco da banda sempre foi equilibrar a virtuosidade técnica com uma sonoridade robusta e melodiosa, algo que é claramente perceptível em faixas como “Out of My Mind (Heavy Metal)”, que traz influências evidentes do hard rock dos anos 70, mas com a energia vibrante e a agressividade do metal. O álbum conta com a tradicional parceria de Chris Impellitteri, o vocalista Rob Rock e o baixista James Pulli, mas há também uma adição de peso: o baterista Paul Bostaph. Conhecido por seu trabalho em bandas lendárias como Slayer, Exodus e Forbidden, a entrada de Bostaph traz uma presença poderosa à bateria, garantindo que a sonoridade do álbum tenha o impacto necessário.
A produção de “War Machine” é outro ponto forte. Gravado nos estúdios NRG Recording, com Mike Plotnikoff e Jun Murakawa responsáveis pelas gravações e mixagem e masterização feitas por Jacob Hansen no Hansen Studios, o álbum soa impecável. A sonoridade é limpa e clara, permitindo que cada instrumento seja bem ouvido, mas sem perder a intensidade e o peso característicos do metal. As faixas brilham com riffs agressivos, linhas de baixo pulsantes e uma bateria de tirar o fôlego, enquanto as guitarras de Chris Impellitteri dominam a cena com sua técnica afiada.
A música do Impellitteri sempre foi mais do que uma exibição de velocidade e virtuosismo. A banda se preocupa em criar músicas coesas e emocionantes, como podemos ver em faixas como “War Machine”. Esta música exemplifica bem o estilo da banda: pesada, com riffs sólidos, ótimos arranjos de guitarra e ganchos melódicos que ficam na cabeça. Já “Out of My Mind (Heavy Metal)” traz uma energia mais acessível, com guitarras inspiradas no hard rock clássico, mas sem deixar de lado a agressividade do metal. “Superkingdom” é um ótimo exemplo de como o Impellitteri consegue modernizar o metal tradicional, com um peso esmagador e mudanças rítmicas surpreendentes, enquanto “Wrathchild” evoca o melhor do metal dos anos 80, com um trabalho de bateria excepcional e riffs marcantes.
Músicas como “What Lies Beneath” e “Hell on Earth” mostram a habilidade da banda em criar atmosferas pesadas e envolventes sem sacrificar a melodia, enquanto “Power Grab” traz uma influência clara do hard rock norte-americano, mas com a pegada pesada do metal. “Beware the Hunter” e “Light It Up” se destacam pela beleza melódica, com a segunda sendo uma das músicas mais acessíveis do álbum, com arranjos de guitarra encantadores e um vocal cativante. “Gone Insane” e “Just Another Day” continuam a mostrar a diversidade do álbum, com momentos de pura energia e outros mais introspectivos, sempre com a marca registrada do Impellitteri.
Em “War Machine”, Impellitteri não apenas entrega mais um álbum da banda, mas também reafirma seu lugar como uma das grandes forças do metal. O álbum é pesado, energético e técnico, mas, ao mesmo tempo, acessível e melódico, o que faz com que ele se destaque em meio ao atual cenário do gênero. Chris Impellitteri e sua banda entregam um trabalho poderoso, e “War Machine” é um álbum obrigatório para os fãs de heavy metal, um verdadeiro marco na carreira do grupo. Se você ainda não conhece o som do Impellitteri, este é o momento perfeito para se deixar conquistar por essa máquina do metal.
NOTA: 7