Resenha: Kataklysm – “Serenity in Fire” (relançamento)
Kataklysm retorna com um verdadeiro arsenal sonoro em “Serenity in Fire”, um disco que eleva ainda mais o patamar já consolidado pela banda no universo do death metal. Relançado por meio da parceria entre a Nuclear Blast e a Shinigami Records, o álbum mostra uma banda em plena forma — mais agressiva, mais coesa e, sem dúvida, mais rápida do que nunca.
No comando da bateria está o monstruoso Martin Maurais, cuja performance ultrapassa o limite do que parece humanamente possível. Sua técnica é simplesmente destruidora — e “não humana” parece uma descrição justa. Logo na introdução de “Blood on the Swans”, somos recebidos com uma avalanche de blast beats que soam como tiros de metralhadora, facilmente acima dos 1100 bpm, abrindo caminho para um massacre sonoro de riffs retorcidos e vocais brutais.
A comparação com seu antecessor Max Duhamel é inevitável, mas injusta — Maurais não apenas assume o posto, ele redefine o papel do baterista dentro da proposta da banda. Seu controle de tempo, precisão e intensidade criam um novo marco para a velocidade no death metal.
Maurizio Iacono, nos vocais, também atinge um novo patamar. Em “The Ambassador of Pain”, ele despeja gritos cortantes que se misturam com a fúria instrumental, e sua entrega é notavelmente mais orgânica e bem posicionada do que em “Shadows and Dust”, disco anterior da banda. Os vocais estão mais bem produzidos, mais nítidos, mesmo quando imersos no caos das guitarras e do bumbo duplo incessante.
A variedade no álbum é outro ponto forte. “The Tragedy I Preach” desacelera momentaneamente com uma introdução mais melódica, antes de cair novamente na violência rítmica — um exemplo de maturidade composicional rara em bandas que operam em velocidade máxima. Já a faixa-título “Serenity in Fire” oferece uma experiência completa do som da banda: grooves arrastados, passagens melódicas e uma agressividade vocal que exala desespero e potência.
Um destaque especial vai para “For All Our Sins”, onde Peter Tägtgren (Hypocrisy, Abyss) participa nos vocais de apoio. A interação entre sua voz e a de Iacono cria um contraste que intensifica ainda mais o impacto da música, adicionando uma camada inesperada a um disco já recheado de brutalidade bem executada.
A produção do álbum mantém o alto nível estabelecido anteriormente, com guitarras e baixo bem definidos, e um leve aprimoramento na mixagem da bateria — embora o clique característico do pedal duplo continue presente, o que pode incomodar os mais exigentes. Ainda assim, isso não compromete a experiência geral, que é de esmagamento absoluto.
“Serenity in Fire” não é apenas uma continuação do que Kataklysm vinha fazendo — é uma declaração de força. A banda pega tudo de bom que havia em “Shadows and Dust” e impulsiona com ainda mais ferocidade. Com esse lançamento, os canadenses não só mantêm sua relevância como desafiam os limites do que significa ser extremo no metal.
Prepare-se para ser atropelado. Kataklysm não está aqui para fazer prisioneiros — e “Serenity in Fire” é a prova definitiva disso.
NOTA: 8