Resenha: Malevolence – “Where Onlye the Truth as Spoken” (2025)
Malevolence nunca foi uma banda de fazer concessões. Desde os primeiros lançamentos, os britânicos se posicionaram como um dos nomes mais ferozes do metalcore contemporâneo — mas com seu novo trabalho, “Where Only The Truth Is Spoken”, eles transcendem rótulos, atingindo uma maturidade que poucas bandas conseguem alcançar sem perder a agressividade visceral que os define.
Gravado no lendário Studio 606, de Dave Grohl, e produzido pelo respeitado Josh Wilbur (vencedor do GRAMMY e conhecido por seu trabalho com gigantes do metal), o disco não suaviza nada. Ao contrário: é mais musculoso, mais incisivo, mais devastador. A analogia com tubarões, criaturas que não precisaram evoluir porque já nasceram perfeitas para matar, se aplica bem aqui. Só que, diferentemente dos tubarões, o Malevolence escolheu evoluir — e o resultado é um monstro ainda mais letal.
A abertura com “Blood From The Leach” é um sinal claro: riffs cortantes, bateria que parece cair como marreta e um senso de urgência que não dá espaço para distrações. É o tipo de faixa que deixa claro que a banda sabe exatamente o que está fazendo — e que está fazendo melhor do que nunca.
Em “If It’s All The Same To You”, o grupo entrega uma aula de equilíbrio entre técnica e peso. Os riffs são intrincados, os breakdowns brutais, e ainda sobra espaço para um solo que poderia muito bem figurar entre os grandes momentos do gênero neste ano. O grande mérito aqui é a inteligência da composição: não há exageros gratuitos, cada virada tem propósito, cada silêncio é uma preparação para o impacto.
“Salt The Wound” é outro exemplo de como Malevolence sabe dosar luz e sombra, melodia e violência, criando uma faixa tão dinâmica quanto memorável. Já “So Help Me God” poderia facilmente ter se afogado em seu próprio peso, mas a produção brilhante de Wilbur permite que cada elemento respire. Em vez de lama sonora, temos clareza no caos — algo que separa os grandes dos apenas pesados.
Um dos pontos altos do disco é, sem dúvida, “In Spite”, que conta com a participação do ícone Randy Blythe, do Lamb of God. A colaboração não soa como um truque publicitário, mas como uma extensão natural da fúria que a banda já exala por conta própria.
Ainda que existam momentos mais explosivos, o que realmente marca “Where Only The Truth Is Spoken” é sua sofisticação silenciosa. O grupo entende que, às vezes, deixar o espaço falar pode ser tão poderoso quanto a nota mais pesada. Essa percepção mostra uma banda que não está apenas tentando esmagar — está tentando comunicar.
O álbum é lançado pela colaboração entre a Nuclear Blast e a Shinigami Records, um selo que sabe reconhecer quando está diante de algo grande — e aqui, estamos. Este é um trabalho que não só reafirma o Malevolence como uma das forças mais brutais do metal britânico, mas também os posiciona no radar global como uma banda capaz de moldar o futuro do gênero.
“Where Only The Truth Is Spoken” não é só mais um álbum pesado. É um manifesto. Um chamado para que o metal moderno seja mais do que barulho — seja intenção, propósito e impacto. E nesse terreno, Malevolence não tem concorrentes.
NOTA: 9
