Resenha: Massacration – “Metal is my Life” (2024)

O Massacration está de volta. “Metal is my Life” é o terceiro álbum desta caricata banda, o primeiro a ser lançado em quinze anos de hiato e dez anos depois do trágico suicídio de Fausto Fanti ou Blond Hammet.

É bem verdade que destes quinze anos, a “banda” passou quatro deles em hiato. E desde 2016 eles estão reunidos, fazendo shows, lançaram um álbum ao vivo e alguns singles, como “Metal Milf“, “Motormetal” e “Metal Galera“, que estão presentes aqui neste mais novo play, que estava previamente programado para sair no dia 13 de julho, o “dia mundial do Rock” que só é comemorado no Brasil. Entretanto, o lançamento foi antecipado em um dia. A bolacha foi lançada pela Top Link Music.

Como é de conhecimento de todos, o Massacration nasceu de uma esquete do programa Hermes e Renato, que fez muito sucesso na MTV no início dos anos 2000. A coisa cresceu tanto que eles resolveram levar a banda (um pouco mais a) sério e em 2005 eles lançaram o primeiro álbum “Gates of Metal Fried Chicken of Death“. Com esse nome fantástico, a banda resolveu explorar o lado clichê do estereótipo do Heavy Metal em si. O álbum dividiu opiniões, mas no geral, tem letras engraçadas e é até uma grata surpresa.

Como trata-se de uma banda cujo objetivo é parodiar, não podemos esperar que a sonoridade seja como as bandas de Progressive Metal. Mas também não chega a ser desleixada como as das bandas Punks. Então, ainda que o som não seja polido, podemos perceber nos álbuns da banda que eles têm boas ideias, afinal de contas, todos (ou quase) são músicos. Para “Metal is my Life” a principal novidade é a entrada de Franco Fanti, irmão de Fausto, que assume o pseudônimo de Red Head Hanmet.

O álbum conta com a produção de Alexandre Russo, que, aliás, é muito boa e deu ao álbum aquela sonoridade old-school que eles buscam, uma vez que a ideia da banda é parodiar e nisso a tacada é de mestre. Já a faixa-título havia sido disponibilizada no YouTube antes, tendo mais de um milhão e meio de visualizações, em uma amostra de que o público estava ansioso por um novo material da banda.

Do ponto de vista do instrumental, como já dissemos mais acima, a coisa transcorre até relativamente bem e a zoeira é total, afinal de contas, o compromisso com a seriedade é zero e isso não é uma crítica. Então o que a gente vê aqui é a zoeira do episódio em que Ivete Sangalo propôs à Baby do Brasil durante o carnaval para que o “apocalipse fosse macetado” e os caras fizeram a “Macetation Apocalypse“. Em “Flight of the Chicken“, a zoação muito provavelmente é com o título de “Flight of Icarus“, do Iron Maiden. “Metal Galera” e “Metal is my Life” são homenagens, bem do modo Massacration de ser, aos fãs e ao estilo. Talvez a letra mais séria seja “Revenge of the Bull“, que é uma crítica aos maus tratos a que os touros são submetidos nas touradas, mas ainda assim, eles meteram uma paródia ao Rick Martin ali no meio. Impagável, no bom sentido.

Agora duas canções que poderiam muito bem terem sido poupadas são “November Gay“, cujo título é uma paródia para “November Rain“, do Guns N’ Roses e “Metal Milf“. São duas canções cujas letras não têm a menor graça e fazem piada com duas parcelas da sociedade que já sofrem diariamente com preconceito e violência: a primeira trata das mulheres trans e a segunda das mulheres com mais de 40 anos. São duas músicas que irão envelhecer muito mal e por mais que a banda encare como uma brincadeira, é de muito mal gosto. Mas como o Metal está repleto de fãs conservadores (como isso pode ser possível, talvez Freud explique), a banda não terá muitos problemas. Existe uma linha tênue em que os comediantes precisam ter cuidado ao transitar por ela. A piada quando fere a existência de alguém, deixa de ser piada e se torna uma ofensa.

Apesar do deslize em duas faixas, o álbum é composto por onze no total e nas demais temos bons momentos. Talvez não esteja listado entre os melhores do ano, mas não é de se menosprezar. Ao menos na parte musical.

NOTA: 6.0

Flávio Farias

Fã de Rock desde a infância, cresceu escutando Rock nacional nos anos 1980, depois passou pelo Grunge e Punk Rock na adolescência até descobrir o Heavy Metal já na idade adulta e mergulhar de cabeça na invenção de Tony Iommi. Escreve para sites de Rock desde o ano de 2018 e desde então coleciona uma série de experiências inenarráveis.

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