Resenha: Meshuggah – “Nothing” (2002)

Em seu quarto disco, “Nothing”, o Meshuggah já caminhava para a artilharia que iria se tornar em um futuro próximo.

Revisitando a obra através do relançamento feito pela Shinigami Records em parceria com a Attomic Fire Records, estamos diante de uma banda mais contida, ainda caminhando nas nuances de compassos descontinuados e que caminham para uma hipnose sonora, que ainda hoje causa arrepios a vários ouvintes, tanto para o bem quanto para o mal.

As duas faixas na abertura, “Stengah” e “Rational Gaze” mostram essa caminhada e o bloco sonoro que a banda estava se transformando. A segunda, um dos singles do álbum se transforma em um groove durante todo o andamento e parece presa num loop que mexe com a nossa cabeça. “Perpetual Black Second” é o ataque definitivo da banda, amarrada pelo baixo e com guitarras em uníssono. E Tomas Haake brilha em compassos que soam como um mutante! “Closed Eye Visuals” continua o andamento da faixa anterior e continua a mostrando a muralha sonora que vai se construindo ao longo das dez músicas. “Glints Collide” é severa e impiedosa, como uma rocha rolando sem freio. “Straws Pulled At Random” tem uma abertura caótica e segue em crescendo até se tornar aqueles ataques certeiros, assim como “Spasm” faz quando chega sem avisar, cadenciada e dominada pelo baixo. Ainda há tempo para o encerramento soturno e atmosférico de “Obsidian”.

Ainda em processo de mutação, o Meshuggah trabalha em “Nothing” sua sonoridade e procura se achar, ainda cometendo alguns erros como a falta de versatilidade de discos futuros entre algumas faixas que acabam por soar um pouco repetetitivas. Ainda assim, eis mais um trabalho dilacerante de uma das maiores bandas.

NOTA: 8

 

 

 

Marcio Machado

Formado em História pela Universidade Estadual de Minas Gerais. Fundador e editor do Confere Só, que começou como um perfil do instagram em 2020, para em 2022 se expandir para um site. Ouvinte de rock/metal desde os 15 anos, nunca foi suficiente só ouvir aquela música, mas era preciso debater sobre, destrinchar a obra, daí surgiu a vontade de escrever que foi crescendo e chegando a lugares como o Whiplash, Headbangers Brasil, Headbangers News, 80 Minutos, Gaveta de Bagunças e outros, até ter sua própria casa!

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