Resenha: Neckbreakker – “Within the Vescera” (2024)

Até setembro deste ano, o Neckbreakker era praticamente uma lenda urbana no cenário underground: nenhuma música disponível nas plataformas, nenhum clipe oficial — apenas o burburinho intenso gerado por shows ao vivo que beiravam o caos. Foi o suficiente para que a Nuclear Blast, uma das maiores gravadoras de metal do planeta, junto a Shinigami Records, colocasse os olhos nesses jovens dinamarqueses.

Entre 5 de setembro e 6 de novembro, a banda lançou três singles do seu disco de estreia, Within The Viscera, um por mês. A resposta foi imediata — juntos, os singles já ultrapassam 120 mil reproduções, um feito notável para uma banda recém-chegada ao circuito digital. Agora, os seis últimos capítulos desse massacre sonoro finalmente vêm à tona, marcando a estreia oficial do álbum completo, distribuído com a força e alcance da Nuclear Blast.

E se alguém achava que toda essa expectativa não afetaria a banda, pode esquecer. O vocalista Christoffer Kofoed, os guitarristas Joakim Kaspersen e Johan Ludvig, o baixista Sebastian Knoblauch e o baterista Anton “Hajn” Bregendorf admitiram sentir a pressão. Mas, ao que tudo indica, a tensão só serviu como combustível: Within The Viscera faz jus ao nome — um ataque brutal, visceral, direto às entranhas, que desafia qualquer lista de fim de ano a ignorá-lo tão perto da virada para 2025.

Não há introduções suaves aqui. A faixa de abertura e primeiro single, “Horizon Of Spikes”, estabelece de imediato o que está por vir: grooves pesados, riffs cortantes, pedal duplo em ritmo de aríete e vocais abissais. A produção é incrivelmente limpa, o que pode dividir opiniões entre puristas que preferem um som mais sujo e orgânico, mas nesse caso só amplifica a força dos riffs — cada nota soa como um soco meticulosamente lapidado.

E os impactos seguem em sequência. “Putrefied Body Fluid” e “Nephilim” evocam os momentos mais sombrios do Iowa do SLIPKNOT, com guitarras que se arrastam como serras enferrujadas em meio ao caos. “Unholy Inquisition” mergulha no death metal enegrecido com uma combinação letal de pedal duplo e riffs de cordas graves, enquanto “Purgatory Rights” parece uma colisão frontal entre SLAYER e DECAPITATED — um hino de pura agressividade que honra o thrash e o death metal com igual intensidade.

A última faixa, “Face Splitting Madness”, começa lenta e soturna, flertando com o doom, mas logo explode num turbilhão final que fecha o disco com a mesma fúria com que começou. É o golpe derradeiro de um álbum que não conhece freio.

Talvez o aspecto mais impressionante de Within The Viscera seja justamente o potencial que ainda pulsa por trás de tanta destruição. Sim, é um álbum brutal — o equivalente sonoro de levar uma kettlebell de 50kg direto na cabeça — mas também é um sinal claro de que o NECKBREAKKER está só começando. Eles não apenas já dominam os fundamentos do metal extremo, como demonstram ter a ambição e a energia para ir muito, muito além.

NOTA: 7

Marcio Machado

Formado em História pela Universidade Estadual de Minas Gerais. Fundador e editor do Confere Só, que começou como um perfil do instagram em 2020, para em 2022 se expandir para um site. Ouvinte de rock/metal desde os 15 anos, nunca foi suficiente só ouvir aquela música, mas era preciso debater sobre, destrinchar a obra, daí surgiu a vontade de escrever que foi crescendo e chegando a lugares como o Whiplash, Headbangers Brasil, Headbangers News, 80 Minutos, Gaveta de Bagunças e outros, até ter sua própria casa!

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