Resenha: Nita Strauss – “The Call of the Void” (2023)
Nita Strauss é uma das maiores potências do atual heavy metal mundial, e isso é um fato indiscutível.A guitarrista é uma das mentes mais criativas que estão em atividade e tem um histórico de poucos, criado em pouco tempo.
Sua popularidade cresceu após acompanhar o lendário Alice Cooper, mas suas habilidades e versatilidades foram além, com ela dando uma passada para compor a banda da megastar pop Demi Lovato. E se em algum momento você acha isso uma regressão se engana, meu caro leitor. Estar acompanhando uma celebridade desse porte não é feito de qualquer um. Não se esqueçam que Nuno Bettencourt foi escolhido a dedo para integrar a banda de Rihanna, e a sua habilidade foi o ponto chave disso, tenho certeza, não sendo diferente com Nita.
Mas ela ainda tem tempo para compor algo seu, e assim surge seu segundo disco solo, “The Call of the Void“, um dos momentos mais incríveis de 2023 na música pesada. Com convidados de luxo espalhados pelo registro, Strauss explora sem medo, rótulo ou barreira cada canção, que se encaixa como um bloco de Lego para cada voz!
Claro, ela não perderia a chance de exibir sua técnica, e ela faz isso com maestria em faixas instrumentais que somam a execução um toque particular, como o caso da abertura com “Summer Storm”, uma saraivada potente, agressiva e linda em cada acorde executado. Aqui, Nita mostra que todos os anos de estrada que vem acumulando, a fazem, correndo o perigo de se tornar repetitivo, mas um dos maiores nomes a empunhar uma guitarra atualmente. Na sequência, um dos melhores momentos do disco. “The Wolf You Feed“, com participação de Alissa White-Gluz, a vocalista do Arch Enemy. A música irá remeter aos tempos da cantora no The Agonist, e casa perfeitamente com as guitarras. O refrão é extremamente marcante e gruda na sua cabeça na primeira audição e não a toa foi escolhida para ser a primeira faixa cantada. O solo é lindo e vale o destaque para a banda que está acompanhando Nita, que cria uma base grandiosa para o andamento. “Digital Bullets” é suco do metal moderno, com a cereja do bolo de Chris Motionless, do Motionless in White nas vozes. A música fala sobre os haters de Internet e como “balas digitais” estão sempre sendo disparadas em alguma direção. Eis aqui um dos melhores solos do álbum, puro feeling! “Through The Noise” é explosão de energia e melodia, em uma das faixas mais cativantes na direção musical. Lzzy Hale do Halestorm é quem dá voz a letra e o casamento das duas é magistral e há aqui mais uma grande letra, e uma mensagem de superação através do caos que a vida pode ser em diversos momentos. “Cosume the Fire” é hora de Nita voltar a birlha como centro das atenções e ela não perde a chance, mostrando uma dinâmica impressionante. Uma das melhores instrumentais do disco. “Dead Inside” vem na sequência e traz mais uma das melhores faixas do álbum. David Draiman do Disturbed é quem canta, e a música parece ter sido criada para sua voz. O altos alcances no refrão são característicos dele e seu timbre inconfundível é certeiro. “Victory”, é mais branda e a mais simples do andamento. Contando com a cantora Dorothy nos vocais, a música tem bons momentos mas soa um pouco apagada perto das demais. “Scorched” é outra instrumental, mais cadenciada e com ares sombrios. “Momentum” abre com pegada do metal extremo e no seu decorrer, mostra o domínio versátil de sua maestra. Aproveitando o embalo do ritmo, a pesada “The Golden Trail” com Anders Fridén do In Flames chega com poder, mostrando uma música frenética, invocando ares do death metal melódico e uma bordoada certeira no ouvido do espectador. Em “Winner Takes All” há um momento especial, pois quem se junta a Nita é Alice Cooper, que se encaixa de forma grandiosa em uma música pesada e moderna e prova que está pronto para o que lhe derem. “Monster”, é a última música cantada, sendo interpretada por Lilith Czar, que é seguida do interlúdio “Kintsugi”. O final fica com a intrincada “Surfacing”, com o dueto entre Nita Strauss e Marty Friedman em um momento espetacular para amante de virtuose e peso.
Nita Strauss cria uma obra versátil, sem limites e sem rótulos, sendo somente o que ela é, uma alma genial e pronta para brilhar! O disco só reforça o que há muito tempo já se sabe, Nita merece mais brilho do que tem e mais elogios do que alguns não direcionados a sua arte. Grande momento.
NOTA: 8
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