Resenha: Obscura – “Sonication” (2025)

Obscura é aquele tipo de banda que, com o tempo, se tornou um ponto de referência dentro do death metal técnico moderno. E quando um novo disco do grupo aparece, já se sabe: vem discussão, elogios e expectativa pesada por parte dos fãs. Com Steffen Kummerer no comando — a mente por trás também do Thulcandra —, o grupo entrega em “A Sonication” mais um capítulo da sua constante reinvenção, equilibrando técnica apurada com um foco cada vez mais direto e emocional.

Logo de cara, faixas como “Silver Linings” e “In Solitude” não deixam dúvidas: o grupo continua flertando com o lado mais melódico do gênero, sem abrir mão do peso e da precisão que o consagraram. Os riffs, firmemente ancorados em estruturas sincopadas e grooves densos, remetem aos momentos mais marcantes de “Cosmogenesis” e “Akróasis”, enquanto a produção clara e agressiva de Fredrik Nordström ajuda a transformar cada nota em uma pequena explosão controlada.

Lançado pela Nuclear Blast em parceria com a Shinigami Records, “A Sonication” mostra o Obscura apostando em uma abordagem mais concisa. É o trabalho mais curto da banda até aqui, o que não significa falta de ambição. A presença de Kevin Olasz na bateria, vindo de bandas como Crone e God Enslavement, adiciona nova vitalidade às composições, que continuam a combinar linhas rítmicas complexas com solos virtuosos e passagens melódicas de bom gosto.

Mas nem tudo funciona com a mesma intensidade. Em meio a momentos empolgantes, como o instrumental futurista “Beyond the Seventh Sun” — herdeiro direto de peças como “Orbital Elements” — e a avalanche sônica de “The Prolonging”, surgem instantes de hesitação. “Evenfall”, por exemplo, quebra o ritmo com um clima introspectivo que não conversa bem com a energia do começo do disco. Há uma tentativa de navegar por mares mais emotivos e sombrios, mas sem o mesmo impacto que o grupo consegue alcançar em suas explosões técnicas e melódicas.

A reta final, com a melancólica “Stardust”, resgata parte do equilíbrio que se perde no meio do caminho. Mesmo apostando em fórmulas conhecidas, a faixa entrega a alma cinzenta que o álbum promete desde o início — uma mistura de brutalidade e beleza que define essa fase mais madura da banda.

Com “A Sonication”, o Obscura reforça sua identidade e reafirma que, mesmo evoluindo para um som mais acessível e polido, ainda é capaz de criar momentos de grande intensidade e expressão. Pode não ser o álbum mais inventivo do grupo, mas certamente mostra uma banda confortável em sua pele, sabendo onde quer chegar — e ainda tocando com uma maestria que poucos conseguem igualar.

NOTA: 7

Marcio Machado

Formado em História pela Universidade Estadual de Minas Gerais. Fundador e editor do Confere Só, que começou como um perfil do instagram em 2020, para em 2022 se expandir para um site. Ouvinte de rock/metal desde os 15 anos, nunca foi suficiente só ouvir aquela música, mas era preciso debater sobre, destrinchar a obra, daí surgiu a vontade de escrever que foi crescendo e chegando a lugares como o Whiplash, Headbangers Brasil, Headbangers News, 80 Minutos, Gaveta de Bagunças e outros, até ter sua própria casa!

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