Resenha: Paradise Lost – “Ascencion” (2025)

O Paradise Lost, lendário ícone britânico do gothic metal e do death-doom, retorna em grande estilo com seu décimo sétimo álbum de estúdio, “Ascension”. Lançado em setembro de 2025 via Nuclear Blast e distribuído pela Shinigami Records, o disco marca o primeiro material inédito da banda desde Obsidian (2020), registrando o maior intervalo entre lançamentos de estúdio em sua carreira.

Mesmo após quase quatro décadas de música sombria e introspectiva, o grupo não parece disposto a apenas repetir fórmulas. Em Ascension, há uma sensação estranhamente celebratória mesmo nos momentos mais opressivos e funéreos — um tipo de “miserabilismo” que soa novo e revigorante.

O álbum abre com “Serpent On The Cross”, canção que mescla um núcleo death-metal vigoroso com as melodias elegantes da guitarra de Gregor Mackintosh, dando o tom de grandeza que permeia a obra inteira. Em seguida, faixas como “Tyrant’s Serenade” e “Silence Like The Grave” equilibram riffs pesados com grooves que lembram o rock clássico, em certa aproximação com o som de bandas como Metallica em suas fases mais análogas ao metal tradicional.

Um dos momentos mais impressionantes do disco — e frequentemente destacado por críticos — é “Salvation”, um épico de sete minutos que incorpora uma reinterpretação audaciosa do Marche Funèbre de Chopin, misturando elementos clássicos e metal com eficácia rara.

O dinamismo continua com “Lay A Wreath Upon The World”, cuja evolução do minimalismo folclórico para uma intensidade quase progressiva é de tirar o fôlego, e com faixas como “Deceivers” — que imprime uma energia quase cinematográfica — e “Stark Town”, com sua atmosfera claustrofóbica e evocativa.

O encerramento com “A Life Unknown”, apesar de mais curto, concentra uma mistura de defiance e brilho afiado que resume bem o espírito do álbum: uma obra que soa ao mesmo tempo grandiosa e precisa, pesada sem ser opressiva demais.

Ascension concentra mais de uma hora de música em 12 faixas, e mesmo com duração generosa, a execução tem leveza espectral — prova de um grupo que domina completamente seu ofício e sua linguagem sonora.

No balanço geral, o álbum é outro triunfo tardio na carreira de uma das bandas mais importantes do metal gótico e doom. Ele se distancia um pouco das influências góticas mais puras de Obsidian para revisitar texturas mais pesadas e densas, mas sem abrir mão da melancolia e da elegância que definem o som do Paradise Lost.

Em suma, Ascension não é apenas mais uma adição à discografia extensa da banda — é um marco que reafirma sua relevância artística em 2025, demonstrando que mesmo décadas depois eles ainda conseguem equilibrar peso, melodia e emoção com maestria.

NOTA: 9

Marcio Machado

Formado em História pela Universidade Estadual de Minas Gerais. Fundador e editor do Confere Só, que começou como um perfil do instagram em 2020, para em 2022 se expandir para um site. Ouvinte de rock/metal desde os 15 anos, nunca foi suficiente só ouvir aquela música, mas era preciso debater sobre, destrinchar a obra, daí surgiu a vontade de escrever que foi crescendo e chegando a lugares como o Whiplash, Headbangers Brasil, Headbangers News, 80 Minutos, Gaveta de Bagunças e outros, até ter sua própria casa!

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