Resenha: Revocation – “New Gods, New Masters” (2025)

Após dois anos, o Revocation está de volta com “New Gods, New Masters“, o nono álbum desta banda de Thrash/ Death Metal de Boston, Massachusetts, que está há quase vinte anos em atividade.

Para quem não conhece a banda, eles estavam tocando juntamente com Morbid Angel e as brasileiras da Crypta em 2023, quando um tornado atingiu o local que recebia o show, causando muito caos. Na ocasião, o motorhome que a banda brasileira havia alugado foi completamente destruído, o que fez com que Fernanda Lira organizasse uma vaquinha virtual, onde fãs do mundo inteiro ajudaram.

O novo play, lancado na última sexta-feira (26), pela Metal Blade em CD, LP e também disponível nas plataformas de streaming, e conta com duas estreias: o baixista Alex Weber que chega para substituir Brett Bramberger e o guitarrista Harry Lannon, fazendo com que o Revocation volte a se apresentar como um quarteto.

New Gods, New Masters” conta com alguns convidados especiais, entre eles, Jonny Davy do Job For A Cowboy, Travis Ryan, do Cattle Decapitation, Luc Lemay, do Gorguts e do guitarrista de jazz Gilad Hekselman, que mostra que as influências do Revocation não estão apenas nos ícones da música extrema. O álbum foi produzido pelo vocalista/ guitarrista David Davidson e com mixagem e masterização por Jens Borgen (Crypta, Sepultura, Arch Enemy, Angra, Amorohis, At The Gates, etc…).

Em tempos que a humanidade parece se preocupar mais em adorar deuses do que qualquer outra coisa, o Revocation nos convoca a uma reflexão sobre como a religião pode escravizar as pessoas. David Davidson também fala sobre como o advento da inteligência artificial pode lentamente, levar a humanidade a um colapso. Uma excelente oportunidade para colocar o pensamento crítico em ação e tirar de perto aqueles que usam da religião para promover o discurso de ódio, propagar fake news e até mesmo utilizar de frases prontas, tipicamente fascistas, como o “deus, pátria e família”, usado por uma turma aqui no Brasil.

Se na parte lírica, a banda deu muito bem o seu recado, na parte musical, não é diferente. O Revocation traz seu Technical Thrash/ Death Metal, com influências tanto dos anos 1980, na velocidade dos riffs, quanto na sonoridade contemporânea, moderna, com muito Groove, mas sem perder o peso e a agressividade. Há quem diga que David Davidson é o Chuck Schuldiner dos anos 2000. Não vamos entrar nesse mérito, mas que o cara sabe bem o que está fazendo, isso ele sabe. O play é relativamente curto, são 9 faixas, uma mais pesada que a outra, em breves 44 minutos.

Em tempos que a qualidade da música atual  não é das melhores, ao menos o Revocation nos mostra que há uma luz no final do túnel. Nem tudo está perdido, e há bandas que conseguem entregar um bom resultado sem precisar se entregar ao que o mainstream pede. Até porque, como já dizia Nelson Rodrigues, “toda unanimidade é burra”. E “New Gods, New Masters” é uma excelente pedida para quem admira um som técnico que une a velha e a nova geração.

NOTA: 8.0

Flávio Farias

Fã de Rock desde a infância, cresceu escutando Rock nacional nos anos 1980, depois passou pelo Grunge e Punk Rock na adolescência até descobrir o Heavy Metal já na idade adulta e mergulhar de cabeça na invenção de Tony Iommi. Escreve para sites de Rock desde o ano de 2018 e desde então coleciona uma série de experiências inenarráveis.

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