Resenha: Rhapsody of Fire – “The Frozen Tears of Angels” (relançamento)

Rhapsody of Fire parecia retornar aos antigos fórmulas épicas com certa cautela, mas neste trabalho eles realmente acertam o ponto de equilíbrio. A grandiosidade orquestral e os coros exuberantes continuam presentes, mas a faixa-após-faixa demonstra que a música voltou a ser o centro das atenções — não apenas os efeitos, não apenas a narrativa.

Relançado pela parceria Nuclear Blast e Shinigami Records, na faixa de abertura, “Sea of Fate”, o som galopa com riffs precisos e vocais que evocam tanto bravura quanto melancolia. O guitarrista Luca Turilli, mais maduro e contido aqui, prova que não precisa exibir virtuosismo exagerado: ele faz o solo funcionar a serviço da canção. Logo depois, em “Crystal Moonlight”, há um retorno à eficiência melodiosa da banda, com refrões que colam e evocam o que os fãs mais amam do power metal sinfônico.

No meio do álbum, o passeio toma rumos mais sombrios. A faixa “Reign of Terror” revela linhas rasgantes, um ambiente mais agressivo, uma tensão que precisava aparecer para renovar o fôlego. Em contrapartida, “Danza Di Fuoco e Ghiaccio” caminha em outra direção: com inspiração folclórica italiana, flautas, guitarras mais leves e uma atmosfera alegre, quase dançante — um momento que quebra a rigidez do gênero e refresca o conjunto.

Um dos pontos altos é “On the Way to Ainor”, onde **Fabio Lione entrega vocais com nível elevado, harmonias ricas e uma influência direta de bandas clássicas que já despontavam no rock progressivo. A faixa título, “The Frozen Tears of Angels”, fecha o álbum com a extensão que o estilo exige — mais de 10 minutos de épica, caminhando entre teclado atmosférico, andamento dramático e coro final triunfante. É a assinatura da banda em sua magnitude — talvez excessiva para quem busca simplicidade, mas indispensável para quem vive o mundo desse metal grandioso.

Em termos de estrutura, o álbum possui menos interlúdios narrativos e mais foco nas músicas em si, o que representa uma mudança bem-vinda na trajetória da banda. O resultado é um disco que ressoa com força, mas sem se render totalmente à autopromoção de espetáculo. A produção soa refinada, as orquestrações estão integradas e não dominam a banda — o que antes era uma crítica às produções anteriores do grupo.

Claro, não é perfeito: mesmo para fãs dedicados, o última faixa pode parecer um desafio de atenção contínua — mais de 10 minutos requerem envolvimento total e disposição para entrar no universo que a banda constrói. Ainda assim, quando se avalia o conjunto, fica evidente que Rhapsody of Fire recuperou parte da magia que os consagrou.


Um álbum que traz tanto os elementos de fantasia e metal que se esperam de Rhapsody of Fire quanto um equilíbrio mais robusto entre espetáculo e canção. Se você gosta de power metal sinfônico, com coro, orquestração e grandes histórias, “The Frozen Tears of Angels” merece seu lugar na prateleira.

NOTA: 7

Marcio Machado

Formado em História pela Universidade Estadual de Minas Gerais. Fundador e editor do Confere Só, que começou como um perfil do instagram em 2020, para em 2022 se expandir para um site. Ouvinte de rock/metal desde os 15 anos, nunca foi suficiente só ouvir aquela música, mas era preciso debater sobre, destrinchar a obra, daí surgiu a vontade de escrever que foi crescendo e chegando a lugares como o Whiplash, Headbangers Brasil, Headbangers News, 80 Minutos, Gaveta de Bagunças e outros, até ter sua própria casa!

2 thoughts on “Resenha: Rhapsody of Fire – “The Frozen Tears of Angels” (relançamento)

  • novembro 5, 2025 em 1:23 pm
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    ¨Em termos de estrutura, o álbum possui menos interlúdios narrativos e mais foco nas músicas em si, o que representa uma mudança bem-vinda na trajetória da banda.¨, isso já resume bem o disco!!!! Valeu!!!!

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