Resenha: End Of Green – “Twinfinity” (2025)
Quase três décadas após sua estreia no cenário gótico europeu, o End Of Green retorna às origens com uma proposta inusitada: regravar na íntegra seu primeiro álbum. Batizado de “Twinfinity”, o novo trabalho é uma releitura atualizada do seminal “Infinity”, lançado originalmente em 1996 — época em que o metal alternativo buscava seu espaço entre os escombros do grunge e o surgimento do nu metal. A nova versão chega agora pelas mãos da Reaper Entertainment, e distribuído pela Shinigami Records, marcando a estreia da banda no selo.
Naquela época, o quinteto da região de Stuttgart — Michelle Darkness, Kerker, Hundi, Lusiffer e Sad Sir — encontrou sua própria linguagem ao mesclar doom, metal gótico e uma dose de melancolia existencial. O End Of Green fugia das fórmulas fáceis, preferindo trilhar caminhos mais sombrios e introspectivos, com composições longas, carregadas de peso emocional e um senso melódico soturno que os colocaria ao lado de nomes como Type O Negative.
“Twinfinity” traz um pacote duplo: o disco apresenta tanto a gravação original quanto sua contraparte atualizada. Ao contrário de muitas regravações que reinventam ou distorcem os materiais antigos, aqui a banda permanece fiel ao espírito original — as estruturas das músicas se mantêm, os arranjos seguem quase intactos, mas há uma clara elevação na produção, no desempenho técnico e na maturidade interpretativa.
A faixa-título, “Infinity”, representa bem essa evolução. Se na versão de 1996 ela tinha cerca de seis minutos, agora ela ultrapassa os nove, ganhando uma densidade ainda maior e mostrando o quanto a banda soube explorar os recursos modernos de gravação sem perder a identidade.
Essa releitura não é apenas um exercício de nostalgia — é uma reafirmação de relevância. “Twinfinity” oferece aos fãs antigos um reencontro com faixas que marcaram o início da trajetória da banda, e, ao mesmo tempo, serve como porta de entrada para novos ouvintes descobrirem os fundamentos do som do End Of Green. Cada uma das nove faixas se beneficia do cuidado meticuloso com que foram revisitadas, revelando camadas que talvez tenham passado despercebidas na versão original.
O álbum é um belo tributo às origens, mas também levanta a pergunta: e o futuro? Desde o lançamento de “Void Estate”, em 2017, a banda não apresenta material inédito. “Twinfinity” pode muito bem ser o prenúncio de uma nova fase — agora mais madura, porém com a mesma intensidade emocional que sempre caracterizou seu som.
Para os órfãos da estética sombria dos anos 90, ou simplesmente para quem admira uma boa fusão entre peso e melancolia, “Twinfinity” é uma obra essencial. Um disco que honra o passado com os pés firmemente plantados no presente.
Legal, saudades do Type. Abraços!