Ricardo Confessori diz porque decidiu deixar o Angra e fala sobre fiasco no Rock in Rio

Ricardo Confessori conversou com o Ibagenscast, onde ele falou sobre o que o levou a deixar o Angra novamente em 2012, na época após a turnê do disco “Aqua”. Ele diz:

“Bom, começando pela primeira pergunta, se foi difícil essa reerguida, esse retorno… O retorno do Angra foi esperto, porque eles deram um tempo, uns dois poucos anos de hiato, para voltarem e tal. Então, eu acho que houve uma demanda pela volta, então não foi tão difícil assim. Foi até fácil, pelo que eu vi. A banda, inclusive, voltou sem disco. Primeiro voltou com uma turnê com o Sepultura, sim, um ano de turnê, que foi muito legal.

E o Aqua, cara, eu acho que era para ter sido o ápice do retorno. Eu não segui tanto a carreira do Angra depois que saí, mas cheguei a escutar algumas coisas. Mas foi uma turnê curta, que era para ter dado muito mais frutos, entende?

E eu acho que acabou um pouco porque o cara mudou de país, mudou de objetivos, e meio que deu uma brecada na banda. Esse foi um dos motivos que me desanimou de continuar no Angra, porque o Kiko se impunha, entende? Mesmo sendo o líder da banda antigamente, eu acabava abaixando a cabeça para o que o Kiko falava. Demorou anos para eles quebrarem isso, e precisou o Kiko sair da banda para eles poderem falar: ‘Agora vamos tocar sem restrições’.

O Aqua não teve muitos shows, acho que foram 20 e poucos shows, 22 shows, e eram shows cheios. Ou seja, não faltava público. Então, eu percebi que acabei saindo também. Logo depois desse Aqua, que estava legal, o disco era bom, a banda já estava tocando bem, se entrosando. Teve minha volta, depois a banda se entrosou. Teve o fiasco do Rock in Rio, né? Teve várias coisas que contribuíram.”

Ricardo se aprofundou na questão do Rock in Rio de 2011, onde o show do Angra foi marcado por diversos erros durante a apresentação. Ele diz, quando perguntado se durante o show, havia notado os problemas de som no palco:

“Cara, assim, não estava uma maravilha, né? Mas não imaginei que estivesse como estava. Porque, como eu toquei nesse show, eu toquei sem ter ‘clad’, então tem aquele esquema de tocar disparando o notebook e tal, com metrônomo. Então, o meu retorno já é meio que econômico, né? Porque eu tenho que me concentrar muito mais na trilha que está vindo direto para mim, ali via computador, do que no resto da banda.

Para mim, estava rolando tudo certo, entendeu? Até então, quando acabou o show, eu estava dando pulos de alegria. Aí eu vi a galera com uma cara meio assim, tipo: ‘Aí, eu pensei, o que está acontecendo?’Aí eu vi o pessoal dando umas entrevistas, com uma cara meio tipo… E depois eu vi as repercussões e tal, que… não sei o quê.

Mas, ali, pelo que reza a lenda, o que aconteceu foi o seguinte: eu vou contar o que aconteceu ali. Era a turnê Angra-Sepultura… turnê do Aqua. A gente era empresariado pela empresária do Sepultura e Angra, né? Foi a mesma que fez Angra e Sepultura na turnê, então a gente meio que viajou juntos.

E aí, por uma questão besta de economia, não se levou um técnico de monitor para o Angra. A empresária disse: ‘Ah, eu pego um lá’. Ela falou que já tinha falado com o cara, que tinha vários técnicos. E foi um gringo que mora no Brasil, ele passou o som do monitor no mesmo dia de manhã, salvou tudo no pendrive. Mas, na hora de colocar o pendrive, não tinha gravado nada. Então, na hora de começar, com aquela mudança de meia hora para o line check, nada estava funcionando no monitor. Um monte de coisas não chegava para o técnico de som da frente, porque tem muita coisa que é ligada ali, como o Phantom Power do microfone, por exemplo. Microfones que precisam de alimentação são ligados via a mesa de monitor, e, se o pendrive não puxou o esquema do cara, não estava funcionando. Cada canal que tinha que ser ligado, a alimentação não funcionava. Pelo que consta, o cara mixou o PA com sei lá, seis canais, entendeu?

Essa é a história técnica do que aconteceu. E tem a parte artística também, que todo mundo viu lá e que agravou o problema, né? Porque as pessoas não estavam se escutando. Ninguém se escutava no show. Mesmo assim, ainda conseguimos tocar uma boa parte do show. Mas, enfim, foi ruim mesmo, foi uma experiência bem ruim. Engraçada, de certa forma.”

Marcio Machado

Formado em História pela Universidade Estadual de Minas Gerais. Fundador e editor do Confere Só, que começou como um perfil do instagram em 2020, para em 2022 se expandir para um site. Ouvinte de rock/metal desde os 15 anos, nunca foi suficiente só ouvir aquela música, mas era preciso debater sobre, destrinchar a obra, daí surgiu a vontade de escrever que foi crescendo e chegando a lugares como o Whiplash, Headbangers Brasil, Headbangers News, 80 Minutos, Gaveta de Bagunças e outros, até ter sua própria casa!

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