Ricardo Confessori diz que tinha “mais a cara do Shaman que Andre Matos”
Ricardo Confessori falou em participação ao Ibagenscast, sobre como foram os primórdios do Shaman e como partiu dele a ideia de montar uma nova banda após a saída do Angra. Ele diz conforme transcrito pelo Confere Rock:
“Na verdade, assim, aquilo foi o auge. Às vezes eu paro para pensar, né? Cara, eu tava chegando aos 30 anos, já montei uma banda, saí do Angra, né, que já era uma banda que eu estava praticamente desde o começo, pelo menos na parte ao vivo, eu fui o primeiro baterista ao vivo. Eu saí e montei uma outra banda, montei… Vou falar a real aqui: eu nunca fui de ficar falando para os quatro ventos, sabe? Sempre dividi os créditos com todo mundo, nunca puxei para o meu lado, mas eu vou falar a verdade: eu comecei o Shaman. Eu comecei, eu escrevi três músicas, fui atrás de uma gravadora, chamei os caras. Inclusive, essa demo que eu falei, que eu achei, o Andre não era da banda ainda, não tinha voz na demo. A gente gravou a voz, eu montei a banda. Então, dois anos depois, eu estava lançando disco, gravando o melhor DVD do Brasil, isso com 31 anos, né? Eu vejo muita gente falando, às vezes eu vejo, assim, “Ah, mas a molecada de hoje tá…” Eu não vejo, cara, eu quero que esteja [], mas eu não vejo nem uma molecada com 30 anos fazendo o que eu fiz, né? Sendo tipo um baterista, líder de banda, compositor, já escrevendo música, tocando guitarra, empurrando os negócios da banda, fechando com gravadora, trazendo gente para gravar, contratando produtor, mandando dinheiro. Eu sei que os caras sabem tocar hoje em dia, sabem tocar, a bateria deles principalmente, por aquilo que a gente falou dos instrumentos. A bateria, como a gente falou, do lance de que o cara hoje tem que tocar igual a uma bateria eletrônica, pode tocar, mas ele tem que tocar. Resumindo, nesse lado do músico, né, de você ter esse ímpeto de começar um negócio, velho, de começar uma banda e ela virar, de um sucesso que você falou, né? Gravei o maior DVD, faz 23 anos que gravei o maior DVD e ninguém vai bater esse DVD nunca mais, já desistiram, não tem como fazer, já desistiram. Então, assim… foi um negócio, olhando para trás, assim, pô, com 30 anos, já estava… Eu era, junto com o Andre, o maior compositor do disco, né? E eu tinha mais a cara do Shaman que o Andre. O Andre tinha mais a cara do Andre, né? E eu tinha mais a cara do Shaman nas músicas. O Shaman, muita coisa do Shaman é a cara do Confessore, né? Desculpa falar isso, mas a cara do Andre no Shaman é mais a cara do Angra no Shaman. Eu fico aqui com essas teorias, mas estou falando na prática, né? Que as minhas ideias, que eram meio assim, ah, ver esses grooves malucos, do nada, umas harmonias mais tipo Yes, mas caindo para esse lado prog, que era o que eu gostava, não tanto clássico como o Andre. Eu sempre fui do lado do prog, não o prog clássico, mas o prog mesmo, progressivo. Então, eu vejo assim: cara, não tem ninguém mais fazendo isso, né? O que eu fiz com 30 anos, chamei os caras. Até o Andre Matos quis vir para a minha banda. Vamos falar a verdade, então, assim… Eu estava com tanto sangue nos olhos, velho, né? Modo de dizer, que tipo assim, até o que precisasse fazer, eu fazia. Hoje a galera é diferente. Por quê? Porque estão todas as ferramentas aí, ó: tem o YouTube, tem isso aqui. Então, eu vou me especializar em vídeos no YouTube, me especializar em curso, não sei o quê, a galera é boa nisso, é som… e é sempre o cara tocando, né? Sempre o cara se mostrando, ele só… Até que, agora, um batera, cara, que teve uma noção do todo, cara, de fazer uma banda inteira surgir, eu não vejo mais isso. E isso que eu sinto falta da galera. Cadê os caras? Não, baterista ou guitarrista, né? Eu não vejo. Eu vejo a galera querendo uma coisa já pronta, vou fazer o meu aqui, paralelo, porque se não virar, eu já tenho o meu, tá aqui, é isso aqui. E não pensa que a gente não dava aula também, eu tinha 30 alunos por semana, ficava 10 horas por dia na ritmos, três vezes por semana, dando aula. Então, realmente, foi uma época que eu nunca mais vou chegar nesse nível, de como posso dizer… de ímpeto mesmo, né, de “pô, vou furar a bolha”.
O ‘Ritual’ marcou muito em termos de tudo…na minha opinião foi o melhor album de Power Metal brazuka até hoje, não vejo nenhuma outra banda atual e com disco atual melhor do que esse album!!!! Lembro de assistir o ‘Ritual’ DVD em uma fita de vídeo, acredito que era uma cópia feito na época…bons tempos aqueles!!!! Valeu!!!!