Riverside – “ID.Entity” (2023)

O que poderia ser dito do novo disco do Riverside,ID.Entity”, é que ele foi construído a partir do baixo. Não que isso seja mesmo um fato, mas desde a primeira música, temos a impressão de que a progressão acontece em cima dos acordes do baixo.

Assim sendo, o novo registro aposta em traços “mais frios” da banda, ao invés do peso que já usaram em outros momentos. Mais carregados por sintetizadores do que distorções, pendendo mais a Steven Wilson, do que outro nome do prog metal, a banda traz um aparato bem apresentado por aqui, ainda que peque em alguns excessos e até mesmo, em repetir uma sonoridade que parece ter virado padrão dentro da cena atual do estilo, por muitas vezes soando muito similar ao que o Haken vem trabalhando.

Big Tech Brother” é a música de abertura, e daí vem a impressão de que o baixo irá ditar o som. A letra põe o dedo na ferida das empresas tecnológicas e a nossa, cada vez mais, dependência desses serviços. A música soa um tanto progressiva e com todos os seus clichês, resgatando elementos do tradicional e clássico a toques de modernidade. “Friend or Foe” é mais “pegajosa”, e apresenta elementos oitentistas, com ares do A-Ha e isso soa brilhante aqui, principalmente ao refrão. “I’m Done With You” traz uma marcação do baixo nos versos, que é deixa para um refrão mais intrincado e com uma levada de bom groove, e remonta aos momentos passados mais pesado da banda, com bom feeling. “Landmine Blast” parece uma versão mais calma de algo do Tool, e é uma das faixas mais cativas do disco. Suas linhas são hipnotizantes, além do lado climático muito bem usado aqui. “Post-Truth” põe a musicalidade dos membros da banda na mesa, com passagens mais complexas e bons riffs de guitarra. E “Self-Aware” volta ao clima mais leve, e acerta na hora de cativar o ouvinte em sua simplicidade e refrão que pega fácil. “The Place Where I Belong” é o final, muito longo e sem impacto escolhido, e acaba fechando o trabalho de uma forma meio empurrada, assim como passagens de outras músicas que soam um pouco, forçadas, sendo esse o “escorregão” do disco.

O Riverside traz um bom material, tanto em composição como na execução. O problema que fica por aqui, é, como já dito, uma similaridade com outras bandas do gênero e em mundo que temos Leprous e Haken, a corrida para ser ímpar acaba sendo dificultada. Ainda assim, os caras conseguem nos dar boa música em seu registro.

NOTA: 7

 

Marcio Machado

Formado em História pela Universidade Estadual de Minas Gerais. Fundador e editor do Confere Só, que começou como um perfil do instagram em 2020, para em 2022 se expandir para um site. Ouvinte de rock/metal desde os 15 anos, nunca foi suficiente só ouvir aquela música, mas era preciso debater sobre, destrinchar a obra, daí surgiu a vontade de escrever que foi crescendo e chegando a lugares como o Whiplash, Headbangers Brasil, Headbangers News, 80 Minutos, Gaveta de Bagunças e outros, até ter sua própria casa!

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