Rob Halford lamenta polarização política nos Estados Unidos: “difícil discordar”

A polarização política tomou conta do mundo, não é só no Brasil que isso acontece.

Nos Estados Unidos não é diferente, e Rob Halford falou sobre o assunto em uma nova entrevista a Los Angeles Times En Español, onde ele falou:

“É muito, muito verdade que o mundo do metal tem muitos fãs conservadores. É assim que eles são. Acho extraordinário, mas aceito. Não entendo muito bem, mas essa é a alegria da vida e o livre-arbítrio: escolha sua música. O fato de eu estar em uma banda que ocasionalmente faz uma declaração provocativa, além de ser um homem gay em uma banda de heavy metal mundialmente famosa — provavelmente a pessoa mais famosa do heavy metal que já viveu — ele diz, sorrindo, levemente irônico. Mas, resumindo tudo isso, no mundo de hoje, o clamor e o barulho de teclas incensadas, o que percebi conforme cresci e vivi essa longa vida, é que agora está tão difícil ter um simples desentendimento. Há tanto ódio e tanta violência entre ideias. Duas pessoas na mesma sala, que nunca se conheceram, que têm ideias diferentes sobre um assunto, mas ambas querem se matar porque não concordam. [Risos] É uma loucura.

Eu não sou uma pessoa política. Eu gosto de grandes debates políticos, que não via ou ouvia há muito tempo. Mas, em termos de debater ideias filosóficas, sociopolíticas, antropológicas, seja o que for, eu adoro ver pessoas sãs e inteligentes tendo uma conversa sobre uma ideia ou um assunto em desacordo, mas de forma civilizada. Elas podem discordar, mas não sacam uma arma ou começam a socar uns aos outros na cara. Infelizmente, esse parece ser o mundo em que vivemos, em grande medida. Não completamente, porque a propaganda nunca foi tão forte na América como agora, do que me lembro quando criança, crescendo nos anos 50 e 60. A maneira como a verdade é distorcida — essa ideia de que, se você contar uma mentira por tempo suficiente, as pessoas acreditam que ela é a verdade — é insana. É insana.

Sei que estamos saindo do assunto, mas há fãs de metal, fãs conservadores de metal, que têm algumas dessas qualidades”, acrescentou Halford. “E eu adoro o fato… Eu vi um clipe meu outro dia em que disse no Rock And Roll Hall Of Fame: ‘Oi, pessoal, eu sou o cara gay do grupo’, e o teto explodiu. E então eu falei sobre inclusão.

Quando eu estava no palco ontem à noite, no Missouri, olhei para todas essas pessoas e soube que havia um espectro completo de indivíduos de todas as esferas da vida, de todas as classes sociais. Algumas pessoas chegaram lá em uma velha caminhonete surrada, outras dirigiram sua Ferrari, mas estamos todos juntos na sala, todos batendo nossas cabeças e nos divertindo muito. Isso nunca passa despercebido para mim, enquanto observo a maneira como as pessoas reagem. Eu só acho que essas são as expressões mais profundamente belas em que qualquer artista pode estar imerso: ver a humanidade da noite se unir em um tipo unificado de aceitação e celebração da música que todos amamos. Isso nunca passa despercebido para mim. Eu nunca vou perder de vista o poder que a música tem, seja para dar às pessoas a melhor noite de suas vidas ou para começar uma revolução. Quando você vê seu artista favorito, no dia seguinte você pode fazer algum tipo de revolução, seja mudando algo em sua vida, mudando de emprego, seja lá o que for. Vá e fique em cima de uma caixa no canto de uma rua e comece a gritar sobre Israel e Gaza — seja lá o que for, esse é o poder da música. Eu amo toda essa habilidade conceitual que o show pode te dar.

Mas, sim, é isso que eu amo na comunidade do heavy metal”, Rob concluiu. “Há diferenças em todos os níveis, mas, para aquele show em particular, estamos unidos como um povo pelo amor que temos por esse tipo de música.”

A entrevista completa pode ser vista abaixo:

Marcio Machado

Formado em História pela Universidade Estadual de Minas Gerais. Fundador e editor do Confere Só, que começou como um perfil do instagram em 2020, para em 2022 se expandir para um site. Ouvinte de rock/metal desde os 15 anos, nunca foi suficiente só ouvir aquela música, mas era preciso debater sobre, destrinchar a obra, daí surgiu a vontade de escrever que foi crescendo e chegando a lugares como o Whiplash, Headbangers Brasil, Headbangers News, 80 Minutos, Gaveta de Bagunças e outros, até ter sua própria casa!

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