Roger Glover prevê novo álbum do Deep Purple e explica por que não quer um show de despedida
Em entrevista ao programa Trunk Nation with Eddie Trunk, transmitido pela SiriusXM, o baixista do Deep Purple, Roger Glover, falou sobre os planos da banda e refletiu a respeito da ideia de um show final de despedida.
Ao ser questionado se o grupo continuará tocando enquanto todos estiverem em condições físicas, sem encerrar com um último espetáculo anunciado, ele respondeu:
“Bem, vejo muitas bandas fazendo a turnê de despedida ou o show final — o Black Sabbath fez isso recentemente, e outras pessoas já fizeram antes — mas isso não me atrai, e acho que também não atrai o resto da banda.
Colocar uma data para o último show… onde seria? A pressão é grande demais. Eu prefiro simplesmente tocar e tocar, e, de repente, não estaremos mais tocando. Não precisamos sair com fanfarra — pelo menos eu não acho. É possível que outras pessoas discordem de mim, mas esse é o meu sentimento.”
Em seguida, ele lembrou que esse assunto já havia sido discutido dentro da banda:
“Alguns anos atrás, no começo da turnê The Long Goodbye, o [ex-guitarrista do Purple] Steve Morse disse: ‘Por que não terminamos em alta e chamamos de última turnê? Vamos ganhar muito dinheiro porque será a última turnê e aí nos despedimos de vez’. Isso não caiu bem com a banda, e foi por isso que chamamos de The Long Goodbye, porque sabíamos que iria acontecer em algum momento, mas, claro, não sabíamos que iria se estender tanto. E, felizmente, se estendeu.”
Falando sobre o futuro próximo, Glover revelou:
“Este ano é um pouco de folga. Estivemos escrevendo e tal, e provavelmente haverá um álbum no próximo ano. Na verdade, os últimos dois ou três anos foram tão ocupados que não paramos de fazer turnês e trabalhar. Então, é bom ter um pouco de descanso. Fizemos um show no Brasil — um festival em junho — e temos alguns shows marcados para o fim do ano, mas não é realmente um ano de turnê. É um ano de descanso.”
Perguntado se o último show da banda poderia acontecer de forma inesperada, sem aviso prévio, ele respondeu:
“Sim. Acho que seria a maneira certa de fazer. Quer dizer, quem sabe? O lado comercial das coisas, nós sempre discordamos. Nem conversamos sobre isso. Apenas presumimos que vamos continuar. Tocar até cair.”
Ainda sobre essa questão, ele acrescentou:
“É tudo sobre dinheiro. Veja, é tudo sobre dinheiro. Nós somos mais sobre a música. Sim, dinheiro é importante, mas a música é mais importante. Fazer um grande final assim para o Deep Purple… é claro que pode acontecer, mas não seria uma decisão minha.”
Sobre a idade e a saúde dos integrantes, Glover comentou:
“Bem, não acho que ninguém, quando chega aos 80, se sinta como quando tinha 20. Todos nós temos dores e incômodos. Mas, até agora, tanto nos shows quanto no estúdio, ainda estamos no nosso auge. Então, não vejo nenhum problema imediato. O Ian [Gillan, vocalista do Purple] fez 80 este ano. Eu vou fazer 80 no fim do ano. É um número horrível. Ainda não me acostumei com ele.”
Quanto ao processo criativo, ele explicou:
“É isso que fazemos, não é? Nós escrevemos música. Mesmo que não houvesse banda, eu ainda estaria compondo, pelo meu próprio prazer. É uma das coisas que você faz. A ideia é não tentar se repetir, encontrar novas formas de ser uma banda de hard rock. E parece que conseguimos. Não sei como conseguimos. Apenas conseguimos. É algo natural.”
Por fim, ele revelou que também está dedicado a um projeto pessoal:
“Estou trabalhando no meu livro agora, escrevendo sobre a minha vida, e quanto mais escrevo, mais percebo que jornada incrível nós tivemos, e que eu tive também. E você meio que deve isso a si mesmo: não deixar isso morrer, apenas continuar o máximo possível. Trabalhar no meu livro continua reforçando o quão incrível é — quase contra as probabilidades de entrar para uma banda e ter estado lá por 60 anos, ou 50, sei lá o que for, anos, quero dizer, simplesmente não faz sentido. Tivemos muita sorte, ou estávamos no lugar certo na hora certa, ou tínhamos a combinação certa de pessoas. Não sei o que é, mas meio que devemos ao nosso legado não desistir.”