Roger Waters diz que Ozzy “apareceu na TV com bobagens e não dá a mínima para o Sabbath”

Roger Waters apareceu em um nova entrevista ao canal The Independent Ink, em que ele expressa forte crítica a figuras políticas como Keir Starmer e acusa o líder trabalhista britânico de ser manipulado por interesses “imperialistas” e questiona o estado atual da cultura e da política — especialmente a cultura de base que, segundo ele, já não exerce influência sobre o debate político, conforme transcrito pelo Confere Rock:

Os Estados Unidos são apenas uma prole dessa ideia imperial. Eles são negros. Eles são estrangeiros. Eles vivem lá. Vamos apenas roubar suas terras e matá-los. Esse é o ethos. É isso.

Então, não é de se admirar que Keir Starmer, embora finja liderar um partido trabalhista de esquerda supostamente progressista, tenha, na verdade, destruído o Partido Trabalhista. Porque Jeremy Corbyn era, de fato, um potencial líder humano de um movimento humanista progressista, na tradição de Michael Foot e Aneurin Bevan, entende?

E, então, eles tiveram que destruí-lo. Sim, destruir Jeremy Corbyn. E os americanos se juntaram a isso. Eles não querem nunca ouvir uma única respiração do meu coração e da minha alma, ou do coração e alma de Jeremy Corbyn, ou do seu, ou do coração e alma da Chrissy.

Então, como podemos deixar isso de lado? Ah, eu sei como fazem: com Taylor Swift, ou bubblegum pop, ou a Kim BumBum Kardashian. Eu não sei. Não importa. Está lá.”

Na sequência, Waters cita Ozzy Osbourne:

“Não importa que Osbourne tenha acabado de morrer, Deus o abençoe, seja lá em que estado ele estava. Durante toda a sua vida, nunca saberemos. Ele apareceu na TV por centenas de anos com sua idiotice e absurdo. Música? Eu não faço ideia, não dou a mínima, não me importo com Black Sabbath. Nunca me importei. Não tenho interesse em arrancar cabeças de galinhas, ou seja lá o que for que eles fazem. Não dou a mínima, sabe?”

Na sequência, o apresentador ressalta que Ozzy mordeu a cabeça de um morcego: “Aliás, só por uma questão de integridade artística, acho que foi um morcego cuja cabeça ele arrancou com uma mordida.” Water então completa:

Ok… oh, meu Deus, isso é ainda pior, não é? Não sei. É pior arrancar a cabeça de um morcego ou de uma galinha? Ambos são bem complicados, não são?”

E continua:

“Mas eu não quero passar da década de 1960 sem reconhecer o fato de que havia oportunidades para a pressão vinda da sociedade e da cultura mudarem a política. Parece-me que, agora, a cultura foi debilitada a tal ponto que os políticos estão desenhando todos os parâmetros de toda a conversa. E a cultura se sente impotente para fazer qualquer coisa a respeito.

Antes, artistas e intelectuais públicos davam o vocabulário, no mínimo — e também a sensação de como aplicar ideias revolucionárias dentro da sociedade. Seja vestir-se de forma diferente, deixar o cabelo crescer, lutar pelos direitos dos homossexuais, pelos direitos civis dos negros, pela feminização da sociedade, pelo movimento ambientalista. Todas essas coisas não vieram da política. Vieram de esforços de base, de organização, de movimentos populares.

E como tornar um movimento popular? Eu diria que a melhor forma é dar a ele uma trilha sonora. Dar-lhe um estilo, dar-lhe uma linguagem própria, dar-lhe arte. Porque, de repente, você pode capacitar uma grande parte da população de tal forma que os políticos precisam se curvar à vontade da opinião popular. Porque eles são carreiristas. Querem ser reeleitos.

Acho que essa é a diferença. E você pode ter estado no centro daquele furacão. Como um arquiteto daquela época, talvez não estivesse ciente dos benefícios — e da espécie de presente que as pessoas que não fizeram parte dele ainda celebram até hoje.”

Ozzy Osbourne morreu aos 76 anos em 22 de julho, vítima de uma parada cardíaca.

Marcio Machado

Formado em História pela Universidade Estadual de Minas Gerais. Fundador e editor do Confere Só, que começou como um perfil do instagram em 2020, para em 2022 se expandir para um site. Ouvinte de rock/metal desde os 15 anos, nunca foi suficiente só ouvir aquela música, mas era preciso debater sobre, destrinchar a obra, daí surgiu a vontade de escrever que foi crescendo e chegando a lugares como o Whiplash, Headbangers Brasil, Headbangers News, 80 Minutos, Gaveta de Bagunças e outros, até ter sua própria casa!

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