Rush: há 48 anos, banda lançava “2112”

Primeiro de abril e não é mentira, temos disco do Rush apagando as velinhas. Hoje nós vamos tratar de “2112“, o quarto álbum do maior power-trio da história da música, que completa hoje 48 anos. Esse álbum, só para variar é um clássico do Rock Progressivo.

O álbum é uma suite de sete partes que tiveram suas partes instrumentais escritas pela dupla Alex Lifeson e Geddy Lee, enquanto que Neil Peart ficou responsável pelas letras, onde ele conta uma história distópica que se passa no ano de 2112. As outras faixas do play não têm qualquer relação com a faixa de abertura, onde está a suite, mas ainda assim, muitos, de maneira errônea, encaram este disco como sendo conceitual.

A banda vinha de um fracasso comercial, que foi o álbum “Caress of Steel” e por conta disso, havia uma pressão gigantesca por parte da gravadora para que eles não fizesse um novo disco com músicas conceituais, mas… os caras fizeram justamente o oposto, e a faixa título, como descrito acima, é uma história conceitual. O trio peitou a gravadora e a decisão mostrou-se a mais correta, porque eles tinham a certeza de que viria um disco simplesmente sensacional.

Então depois de “afrontar” a gravadora, o trio tratou de ir ao “Toronto Sound Studios“, sob a batuta de Terry Brown, que assina a produção em parceria com a própria banda, durante o ano de 1975. E o resultado, foi o nascimento de um clássico. Vamos então destrinchar faixa por faixa desta belezura.

A abertura é com a apoteótica faixa título, subdividida em sete partes: “Overture” e “Temples of Syrinx” são as mais conhecidas, pois a banda costumava tocar essas duas na sequência até seus últimos shows. E são verdadeiros clássicos da banda, sendo a primeira instrumental e a segunda com uma pegada bem Hard Rock. Excelentes. Os efeitos na introdução são de Hugh Syme.

A  faixa de abertura do alto de seus 20 minutos, continua. Vamos ao terceiro ato dela: “Discovery” é bem calminha, e dos seus três minutos, temos mais uma encheção de linguiça em sua intro. Ela é emendada com “Presentation“, que mantém a pegada da anterior na estrofe e fica pesada no seu refrão, tendo na parte final o refrão de “Temples of Sirnix“, tocada de forma mais rápida e pesada, só que sem vocais.

O quinto ato é “Oracle: The Dream“, uma faixa curta e bem progressiva e é uma música que começa bem lenta, ficando densa a medida em que se desenvolve, com uma bela performance de Alex Lifeson em sua guitarra.

O sexto ato é “Soliloquy“, uma música bem curta e mostrando o melhor do Rock Progressivo que este power-trio poderia nos dar em termos de qualidade. A epopeia se encerra com “The Grand Finale” que como o próprio nome sugere, é o grande final com uma quebradeira de respeito e aqui quem dá o show é Geddy Lee em seu baixo. Esta música era tocada eventualmente nas apresentações da banda.

Depois deste sete atos, se foi a metade do disco. Temos mais cinco faixas, bem menores, divididas nos 18 minutos seguintes , que no vinil fazem parte do lado B. E vamos lá, ainda estamos na faixa dois, “A Passage to Bangkok“, bem progressiva e com uma breve homenagem à China, feita por Alex Lifeson na introdução. e depois do solo. Aqui o destaque é a bateria de Neil Peart. E durante o solo, Geddy Lee coloca muito peso no baixo. Fantástica.

The Twilight Zone” tem uma pegada mais bluesy, indo um pouco diferente do que temos no disco por inteiro, mas nem por isso é uma música ruim, pelo contrário. Nesta altura da carreira do Rush, Neil Peart já era o responsável pelas letras, mas em “Lessons“, a autoria é de Alex Lifeson. Musicalmente, temos uma faixa mais Zeppeliana, como a banda fazia lá nos primórdios. É outra faixa bem legal.

Tears” dá sequência ao tracklist. Uma música bem calma, em que o violão de Lifeson conduz tudo, Neil Peart conduzindo sua bateria de maneira bem suave e o vocal de Lee, que aqui me agrada muito, Arrisco-me a dizer que é uma de suas melhores performances, em toda sua carreira. Temos aqui a segunda participação de Hugh Syme, que desta vez toca melotron.

Ótimas linhas de baixo, aliadas a bons acordes de violão anunciam “Something for Nothing“, onde logo a guitarra entra em cena e o Rock Progressivo volta a dar as caras em outra música clássica do Rush e eles tratam de fechar com chave de ouro, fazendo o que eles sabem de melhor. Rock dos bons. E o que dizer das viradas de Neil Peart? Insanas. Linda faixa.

E em 38 minutos temos uma audição muito agradável, de um disco que nasceu clássico, com passagens que em um primeiro momento podem soar bastante complexas, mas que ao final da audição se mostram muito divertidas e é um prazer imenso dedicar pouco mais de meia hora em uma verdadeira obra prima, que merece ser exaltada todos os dias. Este álbum foi só a autoafirmação que eles precisavam para seguir adiante e conquistar todo o respeito e admiração, os quais seguem intactos até hoje, quase meio século depois do lançamento.

2112” entrou no famoso livro “Os 1001 Discos que Você Precisa Ouvir Antes de Morrer” (N. do R: “Moving Pictures” também figura neste mesmo livro, escrito por Robert Dimery); nos anos de 2006 e 2016, os ouvintes da “Planet Rock” escolheram o aniversariante de hoje como o álbum definitivo do Rush; leitores da “Rolling Stone” elegeram o aniversariante do dia na 2ª posição da lista “Your Favourite Prog Rock Album of All Time“; e por fim, está presente na lista “200 Álbuns definitivos no Rock And Roll Hall of Fame“.

Nos charts mundo afora, o nosso aniversariante do dia figurou na quinta posição em sua terra natal, o Canadá; na Suécia, conquistaram a posição de número 33, além de ter sido o primeiro disco do Rush a entrar na “Billboard 200“, estreando na 61ª da famosa parada estadunidense. Foi certificado com Disco de Ouro no Triplo Platina nos Estados Unidos. Não é pouco e a gravadora deve ter ficado embasbacada, além de, claro, mais que satisfeita com tamanha performance.

Com tantos reconhecimentos, fica difícil encontrar palavras para descrever o álbum: então só nos resta jogar todos os confetes para “2112“, que envelhece e o faz muito bem, obrigado. O legado destes três canadenses está ai, vivo, presente e influenciando gerações e gerações. E a nossa missão é manter essa chama acesa, para que novos fãs sejam angariados e mantenham viva essa chama do Rock And Roll que estes três gênios praticaram com tanta competência e permaneçam eternizados. Eles merecem toda nossa reverência.

2112 – Rush
Data de lançamento: 01/04/1976
Gravadora: Anthem

Faixas:
01 – 2112
I – The Overture
II – Temples of Syrnix
III – Discovery
IV – Presententation
V – Oracle: The Dream
VI – Soliloquy
VII – The Grand Finale
02 – A Passage to Bangkok
03 – The Twilight Zone
04 – Lessons
05 – Tears
06 – Something for Nothing

Formação:
Geddy Lee – vocal/baixo/ teclado
Alex Lifeson – guitarra/violão
Neil Peart – bateria

Participação Especial:
Hugh Syme – efeitos em “2112”e melotron em “Tears”

Flávio Farias

Fã de Rock desde a infância, cresceu escutando Rock nacional nos anos 1980, depois passou pelo Grunge e Punk Rock na adolescência até descobrir o Heavy Metal já na idade adulta e mergulhar de cabeça na invenção de Tony Iommi. Escreve para sites de Rock desde o ano de 2018 e desde então coleciona uma série de experiências inenarráveis.

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