Scorpions tem reencontro emocionante com o público do Rio de Janeiro

Texto: Carlos Monteiro
Fotos: Carla Cristina

Privilegiado por tocar em um espaço de médio porte e ser a única banda da noite, o Scorpions teve um emocionante reencontro com o público carioca nesta segunda-feira de Tiradentes (21/4) em show no Qualistage, na Barra da Tijuca. A cidade que os consagrou no Brasil há 40 anos, na primeira edição do Rock in Rio, pôde relembrar aqueles dias mágicos de janeiro de 1985, ainda que a idade pese principalmente no vocalista Klaus Meine, de 76 anos, recém-operado da coluna.

Os movimentos são calculados, o passo lento, mas a voz, o carisma e a simpatia do cantor alemão permanecem. A abertura com apenas ele entrando no palco na introdução de “Coming Home” acaba sendo uma oportunidade perfeita para se iniciar a apresentação, com essa canção que começa lenta e depois fica pesada. É a deixa então para os demais músicos brilharem, os guitarristas também alemães Rudolf Schenker e Matthias Jabs, o baixista polonês Pawel Maciwoda e o baterista sueco de ascendência grega Mikkey Dee, o querido ex-integrante do Motörhead.

Essa salada de nacionalidades nem sempre foi assim, pois a banda nasceu inteiramente alemã, na cidade de Hanôver há impressionantes 60 anos, motivo aliás dessa turnê, cujos shows começam exatamente com um vídeo divertido mostrando várias cenas da carreira, com destaque para momentos do Rock in Rio e na cidade, gerando a primeira manifestação de vibração do público local por serem lembrados nessa história.
Antes de “Bad Boys Running Wild”, Klaus Meine também lembrou da execução dessa música no antigo festival, garantindo que a banda continua sendo formada por “maus garotos que ainda estão correndo de modo selvagem”.

O vocalista também lembrou que foi muito bom tocar com tantas bandas incríveis no Rock in Rio, citando o Iron Maiden e “especialmente o Queen”. Então, surpreendentemente, dedica a balada-hit “Send Me An Angel” para o falecido e mítico ex-vocalista da banda inglesa, Freddie Mercury.
Esta é uma das canções mais queridas pelo público, apesar de seu ritmo arrastado e que, junto com a seguinte “Wind Of Change”, mostra o quanto ela é inferior na comparação, mas ambas são recordistas de celulares levantados durante o show.

Em um período com shows também realizados em Brasília no festival Arena of Rock (16/4) e no Monsters of Rock em São Paulo (19/4) (leia resenha aqui) , é inevitável comparar que os escorpiões ficaram bem à vontade num espaço menor e com um público mais descansado que os de festivais. O Qualistage estava praticamente lotado, o que contribuiu para a experiência de interação com a banda, visivelmente satisfeita com a recepção calorosa.
Apenas em Brasília, o público ficou sem a canção mais famosa no país, mas que reapareceu em São Paulo e, ainda bem, também no Rio. A balada “Still Loving You”, em uma ordem um pouco diferente do setlist de São Paulo (quando tinha sido a última antes do bis), aqui foi a penúltima do show e surgiu como um alívio para o público carioca, cantada a plenos pulmões.

Mas, não se pode ter tudo, e o incrível escorpião inflável das apresentações anteriores, surgido no início do bis, aqui no Rio se resumiu a uma imagem brilhante no telão, sem causar nenhum impacto como nas apresentações de Brasília e São Paulo, quando foi um dos destaques dos shows.

O setlist teve as mesmas músicas daquelas cidades e, além das já citadas, também houve o interessante medley com as canções mais antigas com “Top of the Bill / Steamrock Fever / Speedy’s Coming / Catch Your Train”. Uma surpresa aconteceu logo após o sempre impressionante solo de bateria de Mikkey Dee (aliás, plenamente recuperado após uma torção no pé e uma infecção sanguínea de três semanas na virada do ano). Seu filho, Marcus, que o havia ajudado em show no México em março, assumiu as baquetas em “Tease Me Please Me” e o superhit “Big City NIghts”, encerrando o show antes do bis.

A dobradinha final do bis com “Blackout” e “Rock You Like a Hurricane” foi o fechamento perfeito da noite para essa banda tão querida pelo público carioca e que, por ter tocado mais uma vez na cidade, certamente ainda tem muito anos além dos seus 60 de carreira para voltar e ser bem recebida.

Marcio Machado

Formado em História pela Universidade Estadual de Minas Gerais. Fundador e editor do Confere Só, que começou como um perfil do instagram em 2020, para em 2022 se expandir para um site. Ouvinte de rock/metal desde os 15 anos, nunca foi suficiente só ouvir aquela música, mas era preciso debater sobre, destrinchar a obra, daí surgiu a vontade de escrever que foi crescendo e chegando a lugares como o Whiplash, Headbangers Brasil, Headbangers News, 80 Minutos, Gaveta de Bagunças e outros, até ter sua própria casa!

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