Soundgarden: 35 anos de “Louder Than Love”, o álbum que inspirou Kirk Hammet a escrever “Enter Sandman”

 Há 34 anos, em 5 de setembro de 1989, o Soundgarden lançava “Louder Than Love“, o segundo álbum desta banda de Seattle, ainda que ligada ao movimento Grunge de Seattle, tem muito mais a ver com o Heavy Metal em sua sonoridade do que propriamente com o estilo que suas bandas contemporâneas faziam. E com alguns dias de atraso, vamos contar algumas histórias deste play.

A banda mal havia soltado seu álbum de estreia, “Ultramega OK” (1988), que em 1990 foi indicado ao Grammy Awards a categoria “Melhor Performance Metal“. Fez alguns shows e ainda no mesmo ano já assinava um contrato com a gravadora A&M, portanto, “Louder Than Love” marca a estreia da banda por um selo maior, o que possibilitava um aumento considerável na distribuição.

O contrato com uma major deu também a oportunidade de a banda trabalhar com o renomado produtor Terry Date, que assina a obra. Então eles foram para o estúdio London Bridge, em Seattle, por onde ficaram entre dezembro de 1988 e janeiro de 1989. A mixagem foi realizada por Steve Thompson e Michael Barbeiro, em dois estúdios: o Mediasound, Nova Iorque e também no House of Music em New Jersey.

O álbum marca a despedida do baixista Hiro Yamamoto, que saiu da banda para se dedicar a faculdade. Ele estava frustrado por não ter contribuído muito com as composições. À época, o vocalista/ guitarrista Chris Cornell não entendeu como o companheiro pôde sair da banda no momento em que eles começavam a crescer na cena é certa vez ele falou sobre o ex-companheiro:

“Na época, Hiro [Yamamoto] havia se excomungado da banda e não havia um sistema de fluxo livre no que diz respeito à música, então acabei escrevendo muitas delas.”

Quanto as letras, Chris Cornell afirmou certa vez que havia muita angústia, raiva, frustração e inferno, mas que isso não tinha nada a ver com o produtor Terry Date, que, ainda de acordo com suas palavras, o ajudou muito no estúdio. Devido a letra de “Big Dumb Sex“, o álbum foi agraciado com aquele selo cretino de aviso aos pais (Parental Advisory: Explicit contents), que na prática tinha um efeito contrário, pois fazia com que as pessoas comprassem mais e mais os discos que vinham com esse “carimbo”.

O nome do álbum é uma história bastante curiosos, que é contada pelo artista gráfico responsável pela capa do play, Art Chantry, no livro de 2009, “Grunge is Dead: The Oral History of Seattle Rock Music“. Vamos deixar aqui a declaração dele sobre a escolha do título:

“Eles não tinham um nome para o registro. Estávamos conversando sobre isso e brincando – eu disse: “Você realmente deveria chamar esse álbum de ‘Louder Than Shit’. Eles dizem: “Esse é um ótimo nome!” Eu respondo: “Não… chame-o de ‘Louder Than Fuck'” “Oh, isso é ótimo!” E Susan Silver [empresária do Soundgarden] diz: “Minha banda não está lançando um disco com ‘Fuck’ no título.” Foi daí que veio Louder Than Love”.

O álbum nos apresenta 12 músicas em pouco mais de 53 minutos, onde podemos constatar as influências de Heavy Metal que à época, a banda recusava, mas é impossível não enxergarmos eles bebendo na mesma fonte do Black Sabbath, por exemplo. A banda também viaja pelo blues, como na música “Power Trip“. Outras músicas que podemos destacar são “Full on Kevin’s Moon“, “Gun“, “Hands All Over“, além de faixa de abertura, “Ugly Truth“, que inclusive, foi a música que abriu a última apresentação da banda com Chris Cornell, na véspera de ele tirar a sua própria vida, enforcando-se no quarto do hotel onde estava hospedado, em 2017.

O álbum, embora seja cult, conseguiu chegar à posição de número 108, no Top 200 da badalada “Billboard“. E exerce uma influência muito grande não só sobre os fãs, mas entre outros músicos também: o guitarrista Kirk Hammet se inspirou neste álbum para compôr os riffs de “Enter Sandman“, lançado dois anos depois. Em 1993, o Guns ‘N’ Roses incluiu a música “Big Dumb Sex” no seu álbum de covers, “The Spaghetti Incident?“. O vocalista de Metalcore Greg Puciato lançou o EP “Deep Set”, no ano de 2020 e este é uma homenagem a “Louder Than Love“.

No ano de 2001, a revista “Q” enumerou “Louder Than Love” como um dos álbuns mais pesados de todos os tempos. Em 2017, a “Rolling Stone” compilou uma lista dos Cem Melhores Álbuns de Heavy Metal de Todos os Tempos e o álbum aparece na 69ª posição.

Na época do lançamento, três faixas foram lançadas como singles, são elas: “Hands All Over“, “Loud Love” e “Get on the Snake“. Esta última apareceu na trilha sonora do filme “Lost Angels” (1989) e também ganhou um videoclipe no ano de 2010, enquanto que “Loud Love” esteve na trilha do filme ‘Wayne’s World“, de 1992.

A banda saiu em turnê entre os meses de dezembro de 1989 e março de 1990, com Jason Everman, ex-baixista do Nirvana em lugar de Hiro Yamamoto. Ao retornar da tour, Chris Cornell foi surpreendido com a morte de seu colega de quarto, o vocalista Andrew Wood, do Mother Love Bone, banda que foi o embrião do Pearl Jam. Isso fez com que ele gravasse o álbum “Temple of The Dog“, em parceria com os membros do Pearl Jam e seu companheiro Matt Cameron, que curiosamente hoje está no Pearl Jam.

Um álbum que merece muita celebração. E que levava a banda a trilhar caminhos de maior sucesso, como os subsequentes “Badmotorfinger” (1991) e “Superunknown” (1994), que elevaram a banda a um patamar ainda maior. O álbum envelhece bem e enquanto eu coloco a bolacha no volume máximo, vos digo: eu escuto gente morta!

 

Louder Than Love – Soundgarden

Data de lançamento – 05/09/1989

Gravadora – A&M

 

Faixas:

01 – Ugly Truth

02 – Hands All Over

03 – Gun

04 – Power Trip

05 – Get on the Snake

06 – Full on Kevin’s Mom

07 – Loud Love

08 – I Awake

09 – No Wrong No Right

10 – Uncovered

11 – Big Dumb Sex

12 – Full On

 

Formação:

Chris Cornell – vocal/ guitarra

Kim Tahyl – guitarra

Hiro Yamamoto – baixo

Matt Cameron – bateria

Flávio Farias

Fã de Rock desde a infância, cresceu escutando Rock nacional nos anos 1980, depois passou pelo Grunge e Punk Rock na adolescência até descobrir o Heavy Metal já na idade adulta e mergulhar de cabeça na invenção de Tony Iommi. Escreve para sites de Rock desde o ano de 2018 e desde então coleciona uma série de experiências inenarráveis.

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