Stone Temple Pilots e The Winery Dogs de volta ao Rio

TEXTO POR: TARCÍSIO CHAGAS
FOTOS POR: CÉSAR OLIVEIRA
Com cada vez menos shows de grandes artistas de rock acontecendo no Rio, passamos a ter nas quintas e domingos alguns momentos de alegria, ou seja, eventos aqui na capital fluminense na sexta-feira ou sábado nunca mais. Contextualizando, sexta e sábado as casas de shows cobram mais caro e como os produtores (corretamente) ficam com receio de mais um prejuízo, fazem os shows basicamente nos outros dias da semana, o que dificulta ainda mais a presença, outrora maciça do público. Dito isso, vamos ao que mais interessa…
Após alguns anos longe dos palcos cariocas, a dupla Stone Temple Pilots e The Winery Dogs resolveu juntar forças, já que são parte do line do festival Summer Breeze em São Paulo, no final de semana subsequente, e então pudemos ver bandas de gerações diferentes em um mesmo dia, o que tornou o evento ainda mais atrativo no palco do excelente Vivo Rio.
Com um público razoável, a noite deu início com a banda oriunda de Las Vegas, o Velvet Chains, que tocou por exatos 30 minutos e não empolgou quase ninguém, a não ser no cover de “Suspicious Mind” de Elvis Presley. Não foi uma boa escolha, lembrando que temos diversas bandas nacionais de melhor qualidade e prontas para tocarem na abertura de shows em terras tupiniquins.
THE WINERY DOGS
O power trio entrou no palco com a novíssima “Gaslight” a todo vapor para na sequência tocar o primeiro single do álbum “III”, a ótima “Xanadu” e seu riff incendiário, aliás, como é bom poder ver em ação o gênio Richie Kotzen na guitarra e nos vocais. Infelizmente, o The Winery Dogs não trouxe nenhum teclado para Kotzen no palco, priorizando mais as canções mais diretas.
Captain Love” e a faixa-título representaram seu segundo álbum “Hot Streak“, essa última com aquela pegada funky de Kotzen com direito a um show de virtuose da dupla Billy Sheehan e Mike Portnoy, baixo e bateria respectivamente, isso nem é por acaso, pois os dois tocam em outros projetos paralelos juntos desde sempre.
A pesada “Time Machine” mostrou um problema que só aconteceu no show do The Winery Dogs: o som estava muito alto e completamente embolado. Muita gente que estava perto do palco teve que ficar mais na parte de trás do Vivo Rio para poder entender um pouco melhor o que estava vindo do palco.
Mais uma trinca de novas músicas foram tocadas, o que deu uma diminuída de ânimos do público, mas acho que meio que sentindo isso, Richie Kotzen resolveu “abrir a caixa de ferramentas” e improvisar um longo solo de guitarra que levou a maioria dos presentes ao delírio. Não me canso de repetir desde 2007 quando o vi ao vivo pela primeira vez, o cara é o melhor e mais criativo guitarrista do mundo nos dias de hoje. Você não o conhece? Por favor, procure conhecer…
O show foi chegando ao seu fim com Kotzen colocando o povo para cantar em “Desire”, descambando no seu primeiro hit “Elevate” do álbum de estreia e de fato é a sua música mais conhecida, gerando aquela vibração diferente do público. Se o som não ajudou, pelo menos os veteranos mostraram bastante disposição em um set vigoroso de apenas pouco mais de uma hora.
STONE TEMPLE PILOTS
Com os problemas do som completamente sanados, os headliners do Stone Temple Pilots entram em ação com a seminal “Wicked Garden” não dá para continuar nenhuma resenha de show da banda sem citar como o vocalista Jeff Gutt é parecido como saudoso Scott Weiland. Chega a ser bizarro, porque tanto como os trejeitos, voz e, PRINCIPALMENTE, a aparência são iguais mesmo as do falecido vocalista e não falo isso de maneira ruim. Eu gosto muito dessa situação, apesar de não ser muito fã de outras bandas que tentaram fazer a mesma coisa. Não me perguntem porque, por favor (rs).
O que vimos foi um show sem nenhuma música originalmente gravada por essa formação e bastante músicas lado-B do vasto repertório dos americanos. Faixas como “Piece Of Pie“, “Sin”, “Silvergun Superman” e a minha favorita e melhor momento do show “Still Remains” foram priorizadas em detrimento de vários hits. Falando em “Still Remains”, Jeff Gutt dedicou a música a Scott Weiland e sua interpretação emocionada comprovou a perfeita escolha dessa canção e sua colocação dentro do set-list.
Outra coisa que deve ser mencionada, é que o baixista Robert DeLeo comanda a banda magistralmente. Além da firmeza e uma postura de palco brilhante, Robert mostra que além de ser um excelente baixista, está sempre prestando atenção no restante da banda e o andamento das músicas.
O hit “Plush” emocionou bastante e me levou aos meus 20 anos de idade quando foi lançado o álbum “Core” (1993). Ao meio de uma catarse coletiva, preferi me destacar de um grupo de amigos que foram comigo ao show, para poder viajar no tempo e no meu canto lembrar de um tempo bom demais, mas ainda faltavam tocar umas favoritas do coroa aqui e vamos em frente.
Interstate Love Song” veio na sequência e mais uma vez ri sozinho quando o riff inicial de “Crackerman” foi tocado. Explico: por ser muito parecido com a parte inicial de um dos hits da banda, “Sex Type Thing“, a maioria dá aquela murchada quando percebe que não é a música que eles estão esperando, hehehehe. Nos outros shows que assisti do Stone Temple Pilots, sempre aconteceu isso e não seria diferente dessa vez.
O fim do set chegou com “Trippin On A Hole In A Paper Heart” e tive que fazer aquele air-guitar tradicional e cantar o refrão MARAVILHOSO:
“I am, I am I said I’m not myself
But I’m not dead, and I’m not for sale
Hold me closer, closer, let me go
Let me be, just let me be…”
Mais um momento emocionante, pelo menos para mim.
 
Um fato curioso é que o guitarrista Dean DeLeo ao voltar para o bis, falou que somente tinha uma palavra a dizer: “Jobim”, uma homenagem a um dos pais da Bossa-Nova, Tom Jobim, estilo sempre citado por ele em entrevistas como sua influência como músico, mas nada disso pode ser comprovada na última música do show. “Sex Type Thing” é uma traulitada e não poderia ter finalizado o evento de uma maneira melhor.
Em geral, senti muita falta de vários hits e principalmente algum material do meu disco preferido deles, “Shangri-la Dee Da” de 2001, tido por muitos como a sua maior obra-prima, mas ainda sim o show foi muito bom e agradou a maioria dos presentes.
Meu agradecimento a OnStage Agência e seus donos, Nathália Ferreira e Filipe Barcellos, pelo credenciamento, cortesia e pelo trabalho em prol do Rock no Rio de Janeiro.

Marcio Machado

Formado em História pela Universidade Estadual de Minas Gerais. Fundador e editor do Confere Só, que começou como um perfil do instagram em 2020, para em 2022 se expandir para um site. Ouvinte de rock/metal desde os 15 anos, nunca foi suficiente só ouvir aquela música, mas era preciso debater sobre, destrinchar a obra, daí surgiu a vontade de escrever que foi crescendo e chegando a lugares como o Whiplash, Headbangers Brasil, Headbangers News, 80 Minutos, Gaveta de Bagunças e outros, até ter sua própria casa!

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