Summer Breeze Brasil traz sábado de muito metal, pouco “breeze” e “summer” ao extremo
O Summer Breeze Brasil segunda edição iniciou o seu sábado com um sol já a pino e fritando a mente desde o começo das festividades.
A abertura ficou a cargo da Nervosa, que encarou adversidades como a corda da guitarra de Prika Amaral arrebentando e ela seguindo somente nos vocais, entregando um show animal.
E problemas pareciam que iriam percorrer os brasileiros. O Angra acabou tendo um pequeno problema com o take de sua introdução, o que gerou alguns pequenos atrasos na apresentação da banda, e acabou prejudicando o tempo do Lacuna Coil no palco.
Mas nem por isso, Cristina Scabbia e sua troope fizeram por menos. Ainda que em um set um pouco mais curto, a banda como sempre faz entregou um repertório de clássicos e carregados de peso. O bate cabeça foi insano para um Memorial já lotado as 15 horas da tarde. Passaram por ali pérolas como a mais recente versão de “Heaven’s a Lie“, “Our Truth“, com o seu início entoado a plenos pulmões pelo público. “Trip the Darkness” e o impecável cover do Depeche Mode para “Enjoy the Silence” foram recebidas em êxtase. Mesmo embaixo de um sol escaldante, Cristina entregou uma performance incrível, com a cara vermelha de estar bem de frente para o sol e coberta de roupa preta, ela não deixou isso abalar e fez bonito ao subir no palco do festival.
O power metal foi representado com um nome de peso pelo Gamma Ray de Kai Hansen, que deixou de lado o Helloween, focando somente em sua banda que entregou um show competente e para uma pista completamente abarratoda, sendo difícil até se locomover, o que talvez faça pensar que é hora da produção imaginar em um novo local para aportar a festa.
Outro grande destaque que não passou despercebido por muitos ali, foi o novato Dino Jelusick, que entrou com vontade e vigor para um show compacto, mas entregando tudo que precisava em uma poderosa apresentação. Trazendo na bagagem o seu disco lançado ano passado, “Follow the Blind Man“, que deu praticamente todo o tom do show, ele desfilou as poderosas “Acid Rain” e “Fly High Again“, dona de um refrão monstruoso e com uma banda afiada ao extremo. Também houve tempo para Dino estrear sua nova música, “Groove Central” que ele classificou como “um encontro entre Chris Cornell e o funk”, Escutem bem meu caros, esse menino ainda tem uma grande jornada de brilho pela frente.
(Fotos cedidas por Ian Dias em cobertura ao site Headbangers Brasil)
Também gigante do metal nacional, o Korzus subiu ao palco para um público grande e entusiasmado, ainda mais, visto que disputavam o horário com o Gamma Ray. Marcelo Pompeu se mostrou forte ao teste do tempo e é um vocalista impressionante com uma poderosa voz e uma grande presença de palco. Durante o show, foi anunciado que o guitarrista Antônio Araujo está deixando a banda após tantos anos de parceria. “Never Die“, “Correria” e “Truth”, foram só algumas das pedradas matadoras que a banda atirou no público que abria rodas insanas mesmo embaixo do sol escaldante.
Ainda naquele dia desfilaram pelo palco, o The Night Flight Orchestra com seu som inspirado na disco dos anos 80, misturando o rock ao pop dançante, os brasileiros do Sinistra e Emimence, além do Hammerfall que retorna ao país menos de dois anos após estar acompanhando o Helloween.
Caminhávamos para o final do segundo dia, mas não antes de estarmos diante de duas grandes potências aguardadas nesse sábado.
A primeira delas, o Epica. Regida por Simone Simmons, a banda foi esperada por um público que se acotovelava para tentar estar o mais próximo do palco. E em cima do horário, em meio a fogos e luzes a banda entrou em cena, criando uma ovação estrondosa para quem esperou o dia todo para ver o espetáculo. Passeando por diversas eras de sua estrada trazendo faixas como “Abyss of Time – Countdown to Singularity”, “Unleashed” e tendo tempo ainda para receber Cristina Scabbia em um encontro histórico que aconteceu no Brasil. O Epica consegue passear por momentos de mais calmaria com outros ao extremo, com direito a blast beat e guturais em diversos momentos. Com certeza aos que esperavam pela apresentação, não saíram dali decepcionados, pois foi entregue um grande espetáculo, com uma grande chuva de papel encerrando a noite, que ainda tinha o que nos brindar.
Muitos anos após sua última passagem pelo Brasil, era enfim chegada a hora do Within Temptation entrar em ação e ser responsável por fechar a noite de sábado do Summer Breeze. Com o último disco “Bleed Out” na bagagem, a banda com Sharon Den Adel, trajando um modelo com a bandeira do Brasil no corpo, a frente impôs respeito em meio a uma vasta diversidade sonora que havia passado por ali durante o dia.
Abrindo com “The Reckoning“, a poderosa música já coloca o público em frente a grade de olhos bem abertos, e a empolgante “Faster” não faz por menos, com seu refrão grudento e cheio de energia. A extremamente pesada “Bleed Out” chega como um tiro de bazuca nas guitarras com afinações baixas, em estilo djent metal, e tem um pode de fogo monstruoso e como é incrível a excelência que a faixa é executada ao vivo. “Angels”, “Stand My Ground“, “What Have You Done“, são icônicas e encantam o público. Sharon parou o show por um momento para pedir socorro a alguém que passava mal em meio ao público e ela só retomou a apresentação quando a equipe de atendimento conseguiu chegar até a pessoa.
E por falar na vocalista, é incrível ver como ela com 49 anos, faz um show se movimentando em todas as músicas e não perde o fôlego em um único momento.
Um momento icônico foi quando Sharon fez um pequeno discurso falando sobre as democracias dos países e inclusive parabenizando o Brasil por ter lutado pela sua própria e apareceu no palco com uma bandeira da Ucrânia, em apoio ao país que passa por um conflito com a Rússia! A apresentação é encerrada por “Mother Earth” e o Within Temptation sai do palco com o dever mais do que cumprido.
(Fotos cedidas por Ian Dias em cobertura para o Headbangers Brasil)
Mesmo com alguns contratempos e percalços, o Summer Breeze Brasil consegue entregar um segundo dia com excelência com mais acertos do que erros, e caminhou bem para o encerramento que aconteceria no domingo, vindo direto das profundezas da capirotagem…