Andre Matos Experience II celebra os 52 anos de nascimento do Maestro com participações especiais em SP

14 de setembro é a data de nascimento do saudoso maestro Andre Matos, que nos deixou precocemente em 8 de junho de 2019. Para manter seu legado, Anderson Bellini, diretor do documentário “Maestro do Rock“, está sempre à frente de eventos que busquem celebrar sua obra, e não foi diferente nessa última quinta feira.

O local escolhido para sediar o evento foi uma das mais tradicionais e antigas casas de rock da cidade, o Morrison Rock Bar, nesta noite em um layout diferenciado, com entrada limitada a 200 fãs, e área de exposição de merchandise e memorabília. Lu Beco Artes (@lubecoartes) trouxe itens decorativos como porta palhetas/ingressos e quadros decorativos, dos quais inclusive cedeu 3, com estampas de trabalhos solo de André, para serem sorteados a 3 participantes; canecas, camisetas e outros artigos da banda tributo oficial “Here I Am” e do próprio documentário estavam disponíveis para venda; e alguns objetos de acervo pessoal da família Matos, como um violino, roupas, fotos e muitas revistas e pôsteres podiam ser admirados pelos fãs.

Durante toda a noite, o telão do palco exibiu material cenográfico com curadoria de Anderson, mostrando diversas entrevistas, gravações caseiras, antigas, e não publicadas oficialmente, assim como o trailer do episódio 2 do documentário, atualmente em pré-venda apenas online.

A ideia desta edição, conta Bellini, veio após um encontro com Raphael Mendes (The Beast Experience, Icon of Sin) em Recife, ocasião na qual o diretor estava visitando a cidade para exibição do documentário, e o cantor estava se apresentando com o “Maiden Stars United”, super grupo formado por Marcelo Barbosa (guitarra, Angra), Antonio Araújo (guitarra, Korzus) e os irmãos Andria e Ivan Busic (baixo e bateria, Dr. Sin). Espantado com a semelhança da voz de Raphael com a de Bruce Dickinson, Bellini o procurou para conversar sobre a possibilidade de fazerem algo juntos, uma vez que André também tinha uma forte ligação com o músico inglês que foi sua maior influência para formar uma banda de rock, e diz que Raphael aceitou a proposta na hora, afinal, ele já tinha até feito uma homenagem a André em seu canal do YouTube cantando Nothing to Say.

Sendo assim, a banda tributo oficial “Here I Am”, composta por Eric Bruce (vocal), Renan Cardoso (baixo), Roney Araújo (guitarra), Diego Rocha (teclado, guitarra) e Alex Cristopher (bateria), que apresenta já há algum tempo repertório especial do Maestro, desde álbuns na íntegra até músicas solo pouco difundidas no Brasil, foi convocada para uma missão um tanto quanto diferente da usual – um setlist especial mesclando músicas do Iron Maiden, para que a brincadeira do “e se” fosse posta à prova: e se o Andre realmente tivesse entrado para o Iron após a saída de Bruce? E se o Bruce tivesse entrado para o Angra?

Após agradecimentos de Bellini a Paulinho (dono do Morrison), Eco Moliterno (primo de Andre), Thiago Rahal (produtor do documentário) e uma breve apresentação de Juliana, representante da ONG Projeto Quixote – beneficiária das doações de alimentos arrecadadas na entrada – tem início, por volta das 22h, a primeira parte do show. Devido à forte chuva na capital, oscilações na rede elétrica do bairro causaram algumas falhas e impediram momentaneamente a exibição do telão e impactaram a execução de uma das músicas, mas nada que não fosse resolvido brevemente para retomar o show com tudo.

Nas palavras de Eric Bruce, foram selecionadas algumas faixas não tão óbvias do Maiden, e, claro, não poderiam deixar de fora algo da era Blaze Bailey, pois afinal, a audição da qual André havia participado se deu na época em que a banda procurava um cantor para o álbum The X Factor.

É perceptível o misto de sentimentos do público sobre as performances de Eric Bruce, que tem trejeitos e timbre muito parecidos com Andre, e ao executar as músicas do Iron, deixa todos boquiabertos – a maioria quis prestar atenção em cada detalhe ao invés de apenas ‘bater cabeça’, para se certificar de que não estavam vendo uma miragem e nem ouvindo um playback ou faixa gerada por inteligência artificial (hoje em dia, vai saber…)

A mesma comoção ocorre quando Raphael sobe ao palco para executar com maestria algumas canções emblemáticas de Andre que provavelmente nunca seriam regravadas por Bruce Dickinson, como Turn Away, do Shaman. A semelhança de timbre é inegável e até mesmo nos improvisos, Raphael se inspira muito nas gravações ao vivo de Bruce, deixando a performance o mais fidedigna possível. E em várias faixas, os dois cantores fizeram impressionantes duetos, uma verdadeira ode a dois dos maiores cantores de heavy metal que o mundo já concebeu.

Dentre as participações especiais da noite, um colega de banda de Raphael e experiente músico da cena quando o assunto é reproduzir as linhas icônicas de Nicko McBrain e Clive Burr: Eric Claros assumiu as baquetas em algumas canções.

Durante o intervalo da banda, Daniel Matos, irmão de Andre, compartilhou com o público sua história com a ONG Projeto Quixote, da qual fora aluno e hoje é professor, e convidou a todos a conhecerem o trabalho da organização, que presta assistência a crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade, e conta com diversas atividades artísticas.

Na segunda metade do show, sobe ao palco o guitarrista Márcio Sanches, parceiro de Andreas Kisser (Sepultura) que já tocou com diversos artistas internacionais como Jeff Scott Soto, para tocar Fear of the Dark, e em seguida junta-se a ele Daniel Matos, no baixo, para um momento muito emocionante: a execução de Hallowed be Thy Name com o playback da voz isolada de André, já que esta faixa tem uma regravação oficial em estúdio junto com a banda italiana Clairvoyants, lançada em 2009.

Chegando perto do encerramento, vem a música que é praticamente o símbolo-mor de Andre quando se trata do reconhecimento internacional: Carry On, na qual os músicos intimaram a plateia a chegar mais perto do palco e cantar junto a plenos pulmões para que Andre pudesse escutar de onde estivesse, e Wasted Years, com o próprio Anderson Bellini no baixo, e segundo ele, música do Iron Maiden que o Andre mais gostava de cantar. Esteve presente ainda nos bastidores o roadie Rona, que trabalhou muitos anos com Andre.

Sem dúvidas, um espetáculo único – não há previsão de repeti-lo em outras cidades, por questões de logística e conflitos de agendas dos músicos – e memorável para todos que estiveram presentes e puderam ter um gostinho de como teria sido se a ideia de ter um dos maiores cantores brasileiros como integrante de uma das maiores bandas de metal do planeta tivesse se concretizado.

Confira abaixo o setlist completo, com as respectivas variações de músicos.

1. Be Quick or be Dead (EB)

2. The Wicker Man (EB)

3. Wasting Love (EB)

4. Man on the Edge (EB)

5. Run to the Hills (EB/RM)

6. Flight of Icarus (Eric Claros, EB/RM)

7. Angels Cry (RM)

8. Turn Away (RM)

9. Here I Am (RM)

10. Lisbon (Eric Claros, RM)

11. Tears of the Dragon (EB/RM)

12. Fear of the Dark (Márcio Sanches, EB/RM)

13. Hallowed be thy Name (Daniel Matos + playback Andre Matos)

14. Carry On (EB/RM)

15. Wasted Years (Bellini + todos os músicos)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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