The Toy Dolls e Zumbis Do Espaço – O Punk Rock não morreu, pelo menos na Lapa…
Texto: Tarcísio Chagas
FOTOS: Patty Sigiliano
Quente, muito quente, assim começou mais uma noite no underground carioca, dessa vez na casa Agyto no bairro da Lapa e com os shows do Zumbis do Mato e do lendário trio inglês The Toy Dolls.
Tivemos surpreendentemente (mais uma vez) a casa cheia, o que me deixou ainda mais ansioso para assistir as duas bandas.
ZUMBIS DO ESPAÇO
Com seu punk rock tosco, no melhor sentido, os Zumbis tocaram em um espaço mínimo no palco, mas nem assim deixaram de entregar uma grande apresentação. Se o som da Agyto em nenhum momento ajudou, muito pelo contrário, o quarteto despejou doses de adrenalina em doses cavalares e foram imediatamente recebidos por um público fiel e que cantou diversas músicas ao longo de 40 minutos, mas isso especificamente começou na clássica “A Marca Dos Três Noves Invertidos” (QUE TÍTULO, SRAS E SRS). Daí para frente, o jogo estava realmente ganho.
No meio desse atropelo, percebi que conhecia o baterista, aliás, principal destaque da banda, e não é que era o baterista também do Viper, o intenso Guilherme Martin? O cara nasceu para tocar Punk/Hardcore! Músicas como “O Lobisomen Que Sou” e “Banho De Sangue” ficaram incríveis ao vivo, muito pela pegada do baterista.
Os constantes “Ô Ô Ô” que fazem parte de 11 em cada 10 shows de Punk/Hardcore apareceram constantemente ao longo do set, incentivadas ou não pelo vocalista Tor e me impressionou a quantidade de fãs do Zumbis Do Espaço presentes. Erro meu ter subestimado uma banda tão cultuada como os caras e faço por aqui a minha mea culpa.
Grande show e que me deixou com mais expectativa ainda para assistir os headliners da noite.
THE TOY DOLLS
Nos anos 80, o videoclipe de “Nellie The Elephant” passava constantemente nos poucos programas musicais da televisão brasileira, mas isso serviu para o trio inglês The Toy Dolls ostentar o status de cult em terras brasilis.
Os pais do Green Day encontraram uma casa cheia e com “Fiery Jack” o couro começou a comer bonito, com direito a várias rodas punk que foi a tônica ao longo de 90 minutos da apresentação.
Com uma movimentação de palco SENSACIONAL, mesmo no pequenino palco da Agyto, a energia absurda demonstrada por Olga (único integrante original), Tommy Goober no baixo e o exímio baterista Mr Duncan cativou aos 400 (!!!) presentes com um debulho que muitas bandas de jovens seriam incapazes de ter e olha que foi o último show da tour de seis datas em, pasmem, DEZ DIAS! Preciso falar mais?
Dessa vez o som da Agyto estava tinindo e após a segunda música, Olga e Tommy tiraram seus blazers devido ao intenso calor do inverno carioca e atacaram de “Bitten By A Bed Bug” e “Fisticuffs In Frederick Street” colocando ainda mais fogo na pista.
A interação do trio demonstrava a felicidade deles estarem ali com um público muito interessado e correspondendo a performance deles e quando isso acontece, temos um show de verdade e inesquecível.
“I’ve Got Asthma” continuou com o bom humor dos caras e, a propósito, eu também tenho asma, Olga (sempre quis fazer esse trocadilho), bom humor que antecedeu “The Lambrusco Kid“, onde Olga perguntou se tinha alguém com sede na plateia para receber um “garçom” uma minúscula garrafa de Lambrusco e reclamar, sendo trocada por mais duas “garrafas” de plástico imensas que foram devidamente lançadas para o público que devolveu ao término da música. Um momento hilário e deu sequência ao momento mais esperad o da noite.
Para quem não sabe, “Nellie The Elephant” é originalmente uma música infantil inglesa e que o The Toy Dolls fea a sua versão em 1982. Julgando pela reação dos presentes, a maior da noite, eu digo sem medo que valeu muito a pena. Assistindo do mezzanino da Agyto, minha visão deu ainda mais cores a esse hit do underground mundial.
Alguns moshs foram dados e percebi os gringos um pouco tensos quando isso acontecia, natural devido ao incidente acontecido ainda nos anos 80 em São Paulo, onde Olga levou um soco do nada de um skinhead que subiu ao palco, mas nada atrapalhou o desempenho deles.
Tivemos ainda a instrumental “El Cumbachero“, “Alec’s Gone” “e “Harry Cross“, essa última que para quem não sabia, percebeu de onde o “Dropkick Murphy” tirou parte de seu estilo musical. No primeiro bis a irresistível “Dig That Groove Baby” que colocou todo mundo para dançar até o gran finale em “Idle Gossip” mostrando que o The Toy Dolls ainda continua com vitalidade e disposição para muitos anos de carreira ainda por vir.
Meu agradecimento a Powerline e a Tedesco Comunicações pelo credenciamento e cortesia.